AIDSSíndrome da imunodeficiência adquirida
Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA — em inglês: acquired immunodeficiency syndrome - AIDS) é uma doença do sistema imunológicohumano causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH — em inglês:human immunodeficiency virus - HIV). Durante
a infecção inicial, uma pessoa pode passar por um breve
período doente, com sintomas semelhantes aos dagripe.
Normalmente isto é seguido por um período prolongado sem
qualquer outro sintoma. À medida que a doença progride,
ela interfere mais e mais no sistema imunológico, tornando a
pessoa muito mais propensa a ter outros tipos de doenças, como infecções oportunistas e câncer, que geralmente não afetam as pessoas com um sistema imunológico saudável.
O HIV é transmitido principalmente através de relações sexuais sem o uso depreservativo (incluindo sexo anal e, até mesmo, oral), transfusões de sanguecontaminado, agulhas hipodérmicas e de mãe para filho, durante a gravidez, oparto ou amamentação. Alguns fluidos corporais, como saliva e lágrimas, não transmitem o vírus A prevenção da contaminação pelo HIV, principalmente através de programas de sexo seguro e
de troca de agulhas, é uma estratégia fundamental para
controlar a propagação da doença. Apesar de ainda
não existir uma cura ou uma vacina, o tratamento antirretroviral pode
retardar o desenvolvimento da doença e elevar a expectativa de
vida do portador do vírus. Enquanto o tratamento antirretroviral
reduz o risco de morte e de complicações da
doença, estes medicamentos são caros e podem estar
associados a efeitos colaterais.
A pesquisa genética indica que o HIV surgiu no centro-oeste da África durante o início do século XX.6 A AIDS foi reconhecida pela primeira vez em 1981, peloCentro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, e a sua causa — o HIV — foi identificada na primeira metade da década. Desde a sua descoberta, a AIDS causou a morte de aproximadamente 30 milhões de pessoas (até 2009). Em 2010, cerca de 34 milhões de pessoas eram portadoras do vírus no mundo. A AIDS é considerada uma pandemia, um surto de doença que está presente em uma grande área e que está se espalhando ativamente.
HIV/AIDS
têm tido um grande impacto na sociedade contemporânea,
tanto como uma doença quanto como uma fonte dediscriminação.
A doença também tem impactos econômicos
significativos. Há muitos equívocos sobre o HIV/AIDS,
tais como a crença de que ela pode ser transmitida pelo contato
casual não-sexual. A doença também se tornou
sujeita a muitas controvérsias envolvendo as religiões,
além de ter atraído a atenção médica
e política internacional (e um financiamento de larga escala)
desde que foi identificada em 1980.
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HistóriaDescoberta
A AIDS foi observada clinicamente pela primeira vez em 1981, nos Estados Unidos. Os casos iniciais ocorreram em um grupo de usuários de drogas injetáveis e de homens homossexuais que estavam com a imunidade comprometida sem motivo aparente. Eles apresentavam sintomas de pneumonia pelo fungo Pneumocystis carinii (PCP), uma infecção oportunista incomum até então, conhecida por ocorrer em pessoas com o sistema imunológico muito debilitado. Pouco depois, um número inesperado de homens gays desenvolveu um tipo de câncer de pele raro chamado sarcoma de Kaposi. Muitos mais casos de PCP e de sarcoma de Kaposi surgiram, quando um alerta foi dado ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que enviou uma força-tarefa para acompanhar o surto.
Nos
primeiros dias o CDC não tinha um nome oficial para a
doença e referia-se a ela por meio das condições
clínicas associadas como, por exemplo, alinfadenopatia, chamando-a de "linfadenopatia generalizada persistente". Eles
também usavam "Sarcoma de Kaposi e infecções
oportunistas", nome pelo qual uma força-tarefa foi criada em
1981. Em determinado momento, o CDC cunhou a frase "a doença dos 4 H's", uma vez que a síndrome parecia afetar haitianos,homossexuais, hemofílicos e usuários de heroína. Na imprensa geral, o termo "GRID", de gay-related immune deficiency (em português: deficiência imunológica relacionada aos gays - tradução livre), tinha sido inventado. No entanto, depois de determinar que a AIDS não estava restrita à comunidade homossexual, percebeu-se que o termo GRID estava errado e a sigla AIDS, de acquired immunodeficiency syndrome (em
português: síndrome da imunodeficiência adquirida,
SIDA), foi introduzida em uma reunião em julho de 1982. Em setembro daquele mesmo ano, o CDC começou a se referir à doença como AIDS.
Em 1983, dois grupos de pesquisa independentes liderados por Robert Gallo e Luc Montagnier declararam que um novoretrovírus poderia ter infectado os pacientes com AIDS e publicaram suas descobertas na mesma edição da revistaScience. Gallo
afirmou que o vírus que seu grupo de pesquisa isolou de um
paciente com AIDS tinha uma forma muito semelhante a de outros
vírus T-linfotrópicos, que sua equipe tinha sido a
primeira a isolar. O grupo de Gallo chamou o vírus recém
isolado de HTLV-III. Ao mesmo tempo, o grupo de Montagnier isolou um
vírus a partir de um paciente que apresentava inchaço dos nódulos linfáticos do
pescoço e fraqueza física, dois sintomas
característicos da AIDS. Contradizendo o relatório do
grupo de Gallo, Montagnier e seus colegas mostraram que as proteínas do núcleo do vírus eram imunologicamente diferentes das do HTLV-I. O grupo de Montagnier chamou o vírus que isolaram delymphadenopathy-associated virus, LAV (em português: "vírus associado à linfadenopatia"). Quando,
em 1986, descobriu-se que estes dois vírus eram o mesmo, LAV e
HTLV-III foram renomeados para HIV, sigla em inglês de vírus da imunodeficiência humana.
Origem
Acredita-se que os vírus HIV-1 e HIV-2 tenham se originado em primatas no centro-oeste africano e foram transferidos para os seres humanos no início do século XX.6 O HIV-1 parece ter se originado no sul de Camarões através da evolução do SIV (cpz), o vírus da imunodeficiência símia (SIV), que infecta os chimpanzés selvagens (o HIV-1 descende do SIVcpz endêmico nas subespécies de chimpanzés Pan troglodytes troglodytes). O parente mais próximo do HIV-2 é o SIV (smm), um vírus do Cercocebus atys atys, um macaco do Velho Mundo que vive no litoral da África Ocidental (do sul doSenegal ao oeste da Costa do Marfim).29 Os macacos do Novo Mundo, como o macaco-da-noite,
são resistentes à infecção pelo HIV-1,
possivelmente devido a uma fusão genômica de dois genes com resistência viral.30 Acredita-se
que o HIV-1 tenha ultrapassado a barreira das espécies pelo
menos em três ocasiões diferentes, dando origem a
três grupos de vírus (M, N e O).
Há evidência de que humanos que participavam de atividades com animais selvagens, como caçadores ou vendedores de animais silvestres, se infectaram com o SIV. No
entanto, o SIV é um vírus fraco que, normalmente,
é suprimido pelo sistema imunológico humano dentro de
poucas semanas após a infecção. Acredita-se que
várias transmissões de pessoa para pessoa desse
vírus em rápida sucessão são
necessárias para dar-lhe tempo suficiente para se transformar no HIV.
Além disso, devido a sua taxa de transmissão
pessoa-a-pessoa relativamente baixa, o SIV só pode se espalhar
por toda a população na presença de um ou mais
canais de transmissão de alto risco, que eram ausentes na
África antes do século XX.
Os
canais de transmissão de alto risco específicos, que
permitiram que o vírus se adaptasse aos seres humanos e se
espalhasse por toda a sociedade, dependem do calendário proposto
para a travessia de animais para humanos. Estudos genéticos do
vírus sugerem que o ancestral comum mais recente do grupo M do
HIV-1 remonta ao ano de 1910..3 Os defensores dessa data ligam a epidemia do HIV ao surgimento do colonialismo e do crescimento das grandes cidades africanas coloniais, o que levou a diversas mudanças sociais, como um maior grau de promiscuidade sexual, disseminação da prostituição e alta frequência de casos de doenças genitais (como a sífilis) nas cidades coloniais nascentes.35 Embora
as taxas de transmissão do HIV durante a relação
sexual vaginal sejam baixas em circunstâncias normais, elas
são muitas vezes aumentadas se um dos parceiros sofre de uma
doença sexualmente transmissível que cause úlceras genitais.
No início do anos 1900, as cidades coloniais eram
notáveis por sua alta prevalência de
prostituição e de casos de úlceras genitais. Em
1928, por exemplo, acredita-se que em torno de 45% das mulheres
residentes no leste de Kinshasa, no Congo, eram prostitutas, e, em 1933, cerca de 15% de todos os moradores da mesma cidade tinham sífilis.
Uma visão alternativa defende que práticas médicas inseguras na África após a Segunda Guerra Mundial, como a reutilização de seringas não esterilizadas durante programas de vacinação em massa, uso de antibióticos e de campanhas de tratamento anti-malária, foram os vetores iniciais que permitiram que o vírus se espalhasse e se adaptasse aos seres humanos.
O caso mais antigo e bem documentado de HIV em humanos remonta a 1959, na República Democrática do Congo. O vírus pode ter estado presente nos Estados Unidos desde 1966, mas a grande maioria das infecções que ocorrem fora da África subsaariana (incluindo
nos Estados Unidos) podem ser rastreadas até um único
indivíduo desconhecido que se infectou com o HIV no Haiti e, em seguida, trouxe a infecção para os Estados Unidos por volta de 1969. A
epidemia se espalhou rapidamente entre os grupos de alto risco
(inicialmente em homens que faziam sexo frequente com outros homens).
Em 1978, a prevalência de HIV-1 entre homossexuais masculinos
residentes de Nova Iorque e São Franciscoera estimada em 5%, sugerindo que vários milhares de pessoas no país estavam infectadas.
Progressão e sintomas
Existem três fases principais da infecção pelo HIV: infecção aguda, latência clínica e AIDS.
Infecção aguda
O
período inicial após a contaminação pelo
HIV é chamado de infecção aguda ou síndrome
retroviral aguda. Muitos indivíduos desenvolvem uma doença semelhante à gripe ou à mononucleose entre
duas e quatro semanas após a exposição ao
vírus, enquanto outras pessoas não têm sintomas
significativos.44 45Os sintomas ocorrem entre 40% e 90% dos casos e geralmente incluem febre,inchaço dos gânglios linfáticos, inflamação de garganta (laringite ou faringite), erupção cutânea, dor de cabeça e/ou feridas na boca e genitais. A
erupção da pele, que ocorre entre 20% e 50% dos casos,
apresenta-se no tronco e é maculopapular, um tipo de exantema.46 Algumas pessoas também desenvolvem infecções oportunistas nesta fase. Sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos ou diarreia podem ocorrer, assim como sintomas neurológicos deneuropatia periférica ou de síndrome de Guillain-Barré. A duração dos sintomas varia, mas geralmente persistem por uma ou duas semanas.
Devido
ao seu carácter não-específico, estes sintomas
frequentemente não são reconhecidos como sinais de
infecção por HIV. Mesmo os casos que são avaliados
por um médico da família ou por um hospital são
muitas vezes diagnosticados como uma das muitas doenças
infecciosas comuns. Assim, recomenda-se que o HIV seja considerado em
pacientes que apresentem febre sem explicação aparente e
que podem ter fatores de risco para a contaminação.
Latência clínica
Os sintomas iniciais são seguidos por uma fase de latência clínica chamada de HIV assintomático ou crônico. Sem tratamento, esta segunda fase da infecção por HIV pode durar de três anos a mais de 20 anos (em média, cerca de oito anos). Embora
geralmente não apareçam sintomas no início, perto
do final desta fase muitas pessoas sofrem com febre, perda de peso,
problemas gastrointestinais e dores musculares. Entre 50 e 70% das pessoas também desenvolvem linfadenopatia generalizada persistente, caracterizada por um inchaço inexplicado e indolor de mais de um grupo de gânglios linfáticos (exceto na virilha) por um período de três a seis meses.
Embora a maioria dos indivíduos infectados com HIV-1 tenham
uma carga viral detectável e, na ausência de tratamento,
eventualmente acabam por desenvolver a AIDS, uma pequena percentagem
(cerca de 5%) mantêm níveis elevados de células T
CD4+ (linfócito T auxiliar) sem terapia antirretroviral por mais de 5 anos. Estes indivíduos são classificados como "pacientes assintomáticos de longo prazo". Outro
grupo é daqueles que mantêm uma carga viral baixa ou
indetectável sem tratamento antirretroviral, que são
conhecidos como "controladores de elite" ou "supressores de elite".
Eles são uma de cada 300 pessoas infectadas.
Síndrome da imunodeficiência adquirida
A
síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS -
sigla em inglês) é definida quando a contagem de
células T CD4+ está abaixo de 200 células por μLde sangue ou
pela ocorrência de doenças específicas, em
associação com uma infecção por HIV. Na
ausência de tratamento específico, cerca de metade das
pessoas infectadas com HIV desenvolvem AIDS cerca de dez anos
após a contaminação. As condições
iniciais mais comuns que alertam sobre a presença de AIDS
são a pneumocistose (40%), caquexia (20%) e candidíase esofágica. Outros sinais comuns incluem infecções respiratórias recorrentes.45
As infecções oportunistas podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos eparasitas que normalmente seriam controlados pelo sistema imunológico. Cada
infecção ocorre, em parte, em relação aos
organismos que são comuns no ambiente que a pessoa vive. Estas doenças podem afetar quase todos os órgãos do organismo.
As pessoas com AIDS têm um risco maior de desenvolver vários tipos de câncer, como sarcoma de Kaposi, linfoma de Burkitt, linfoma do sistema nervoso central primário e câncer cervical. O
sarcoma de Kaposi é o tipo de câncer mais comum e ocorre
entre 10% a 20% das pessoas com HIV. O segundo tipo de câncer
mais comum é o linfoma,
que é a causa da morte de quase 16% das pessoas com AIDS e
é o sinal inicial de AIDS em 3% a 4% delas. Esses tipos de
câncer estão associados com o herpesvírus humano 8.
O câncer cervical ocorre com mais frequência em pacientes
com AIDS devido à sua associação com o vírus do papiloma humano (HPV).
Além
disso, as pessoas com AIDS frequentemente têm sintomas
sistêmicos, como febre prolongada, suores (especialmente à
noite), inchaço dos gânglios linfáticos, calafrios,
fraqueza e perda de peso. A diarreia é um sintoma comum presente em cerca de 90% das pessoas com AIDS. Pacientes
com AIDS também podem ser afetados por diversos sintomas
psiquiátricos e neurológicos independentes de
infecções oportunistas e cânceres.
Transmissão
O HIV é
transmitido por três vias principais: contato sexual,
exposição a fluidos ou tecidos corporais infectados e de
mãe para filho durante a gravidez, o parto ou a
amamentação (conhecida como infecção perinatal).4 Não
há nenhum risco de contrair o HIV através de
exposição a fezes, secreções nasais,
saliva, escarro, suor, lágrimas, urina ou vômito de
pessoas infectadas, a menos que estes estejam contaminados com sangue. É
possível se infectar por mais de uma cepa do HIV, uma
condição conhecida como superinfecção pelo
HIV.
Relação sexual
O modo mais comum de transmissão do HIV é através do contato sexual com uma pessoa infectada. A maior parte de todas as contaminações por HIV no mundo ocorrem através de contatos heterossexuais (ou seja, relações sexuais entre pessoas do sexo oposto); no entanto, o padrão de transmissão varia significativamente entre os países. Nos Estados Unidos, em 2009, a maior parte das transmissões ocorreram em homens que fazem sexo com homens, sendo 64% de todos os novos casos.
No
que diz respeito aos contatos heterossexuais não protegidos, as
estimativas de risco de transmissão do HIV por ato sexual
parecem ser de quatro a dez vezes maiores em países de baixa
renda do que nos países de alta renda. Em
países pobres, o risco de transmissão de mulheres para
homens é estimado em 0,38% por relação sexual e a
transmissão de homens para mulheres em 0,30%. Estimativas
equivalentes em países mais ricos são de uma taxa de
transmissão de 0,04% por relação sexual de
mulheres para homens e de 0,08% de homens para mulheres. O risco de transmissão durante o sexo anal é especialmente alto, estimado em 1,4% a 1,7% por contato sexual, heterossexual ou homossexual. Embora o risco de transmissão através do sexo oral seja relativamente baixo, ele existe. O risco de se infectar através do sexo oral tem sido descrito como "praticamente nulo", no entanto alguns casos têm sido relatados. O risco de transmissão por relação sexual oral receptiva é de 0% a 0,04%. Em
contextos que envolvem a prostituição em países de
baixa renda, o risco de transmissão da mulher para o homem foi
estimado em 2,4% por relação e de homem para mulher em
0,05%.
O risco de transmissão aumenta com a presença de muitas doenças sexualmente transmissíveis e úlceras genitais. As úlceras genitais parecem aumentar o risco de infecção em cerca de cinco vezes. Outras doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia, clamídia, tricomoníase e vaginose bacteriana, estão associadas com aumentos ligeiramente menores nos riscos de transmissão.
A carga viral de
uma pessoa infectada é um importante fator de risco para a
transmissão tanto sexual quanto de mãe para filho. Durante
os primeiros 2,5 meses de uma transmissão de HIV, o poder de
contágio de uma pessoa infectada é doze vezes maior
devido a alta carga viral. Se
a pessoa está nos estágios finais da
infecção, as taxas de transmissão são cerca
de oito vezes maiores.
Profissionais do sexo (incluindo os da indústria pornográfica) têm um aumento na taxa de HIV. O sexo sem proteção pode ser um fator associado com aumento do risco de transmissão. Agressões sexuais também
aumentam o risco de transmissão do HIV, visto que preservativos
raramente são usados e traumas físicos na vagina ou no
reto são frequentes, além de poder haver um maior risco
de infecção simultânea de doenças
sexualmente transmissíveis diferentes .
Fluidos corporais
O segundo modo mais frequente de transmissão do HIV é através de sangue e dehemoderivados. Pelo
sangue a transmissão pode ocorrer através da partilha de
seringas durante o uso de drogas injetáveis, picada de agulha
acidentais, transfusão de sangue (ou de hemoderivados)
contaminado ou injeções médicas com equipamento
não esterilizado. O risco de transmissão ao compartilhar
uma seringa durante o uso de drogas é de entre 0,63 e 2,4% por
ato, com uma média de 0,8%. O
risco de contrair o HIV de uma picada de agulha a partir de uma pessoa
infectada pelo vírus é estimado em 0,3% (cerca de 1 em
333) por ato e o risco por exposição a membrana ou mucosa
com sangue infectado é de 0,09% (cerca de 1 em 1000 ) por ato.65 Nos Estados Unidos, usuários de drogas intravenosas responderam por 12% de todos os novos casos de HIV em 2009,67 e, em algumas áreas mais de 80% das pessoas que usam drogas injetáveis são portadoras do HIV.
O HIV é transmitido em cerca de 93% das transfusões de sangue que envolvem sangue infectado. Nos países desenvolvidos,
o risco de contrair HIV de uma transfusão de sangue é
extremamente baixo (menos de um em meio milhão), visto que
há uma melhor seleção de doadores e uma triagem de
HIV é realizada;4 por exemplo, no Reino Unido, o risco é relatado em um em cinco milhões.81 Nos países de baixa renda, apenas metade das transfusões são adequadamente selecionadas (em 2008) e
estima-se que até 15% das infecções por HIV nestas
áreas vêm de transfusão de sangue e de
hemoderivados contaminados, o que representa entre 5% e 10% das
infecções globais.
O uso de equipamento médico sem esterilização desempenha um papel significativo na propagação do HIV na África subsaariana.
Em 2007, entre 12 e 17% das infecções nesta região
foram atribuídos ao uso de seringas médicas. AOrganização Mundial de Saúde (OMS)
estima que o risco de transmissão como resultado de uma
injeção médica na África seja de 1,2%. Riscos
significativos também estão associados a procedimentos
invasivos, assistência ginecológica e atendimentos
odontológico nesta área do mundo.84
Pessoas com tatuagens, piercings e escarificações estão, teoricamente, em risco de infecção, mas nenhum caso confirmado foi documentado. Não é possível para mosquitos ou outros tipos de insetos transmitir o HIV.
Mãe-filho
O HIV pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez, durante o parto ou através do leite materno. Esta é a terceira forma mais comum de transmissão do HIV no mundo. Na
ausência de tratamento, o risco de transmissão antes ou
durante o nascimento é de cerca de 20%, enquanto na amamentação é de 35%. Em 2008, a transmissão perinatal foi responsável por cerca de 90% dos casos de HIV em crianças. Com o tratamento adequado, o risco de infecção entre mãe e filho pode ser reduzido para cerca de 1%. O tratamento preventivo envolve a mãe iniciar a terapia antirretroviraldurante a gravidez, fazer o parto através de uma cesariana, evitar a amamentação e administrar medicamentos antirretrovirais para o recém-nascido. Muitas destas medidas não estão, porém, disponíveis no mundo em desenvolvimento. Se o sangue contaminar alimentos durante a pré-mastigação, pode haver risco de transmissão.
Virologia
O HIV é a causa da doença conhecida como AIDS/SIDA. O HIV é um retrovírus que infecta primariamente os componentes do sistema imunológico humano, tais como as células T CD4+, macrófagos e células dendríticas. Ele direta e indiretamente destrói as células T CD4+.
O HIV é um membro do gênero Lentivirus, parte da família Retroviridae. Os lentivírus compartilham muitas características morfológicas e biológicas. Muitas espécies de mamíferos são
infectadas pelos lentivírus, que são tipicamente
responsáveis por doenças de longa
duração, com um longo período de incubação. Os lentivírus são transmitidos como um vírus de RNA em sentido positivo. Após a entrada na célula-alvo, o genoma do RNA viral é convertido emDNA de cadeia dupla através de uma transcriptase reversa codificada
pelo vírus, que é transportada juntamente com o genoma
viral na partícula do vírus. O DNA viral resultante
é depois importado para o núcleo da célula e
integrado ao DNA celular por uma integrase codificada pelo vírus.94 Uma vez integrado, o vírus pode tornar-se latente, permitindo que ele e sua célula hospedeira não sejam detectados pelo sistema imunológico. Alternativamente, o vírus pode ser transcrito,
produzindo novos genomas de RNA e proteínas virais que
são "empacotados" e liberados a partir da célula como
novas partículas virais, que então começam o ciclo
de replicação de novo.
Dois
tipos de HIV foram caracterizados: HIV-1 e HIV-2. O HIV-1 é o
vírus que foi originalmente descoberto (e também
inicialmente referido como LAV ou HTLV-III). É mais virulento, infeccioso,97 e
é a causa da maior parte das infecções de HIV no
mundo. O HIV-2 é menos infeccioso em comparação ao
HIV-1, o que indica que menos pessoas serão infectadas por
exposição ao HIV-2. Devido à sua capacidade de
transmissão relativamente fraca, o HIV-2 está amplamente
confinado à África ocidental.
Fisiopatologia
Depois que o vírus entra no organismo, há um período de rápida replicação viral,
levando a uma grande quantidade de vírus no sangue
periférico. Durante a infecção primária, o
nível de HIV pode chegar a vários milhões de
partículas de vírus por microlitro de sangue. Esta resposta é acompanhada por uma diminuição acentuada do número de células T CD4+circulantes. A viremia aguda é quase invariavelmente associada com a ativação das células T CD8+, que matam células infectadas com HIV e, subsequentemente, com a produção de anticorpos ou de seroconversão. A resposta de células T CD8+ é
considerada importante no controle dos níveis de vírus,
que chega a um pico e depois entra em declínio, conforme as
contagens de células T CD4+ se recuperarem. Uma boa resposta das células T CD8+ tem sido associada a uma progressão mais lenta da doença e a um prognóstico melhor, apesar de não eliminar o vírus.
Em suma, o HIV causa a AIDS ao esgotar as células T CD4+. Isto enfraquece osistema imunológico e permite infecções oportunistas.
As células T são essenciais para a resposta
imunológica e, sem elas, o organismo não consegue
combater infecções ou matar células cancerígenas. O mecanismo de depleção das T CD4+difere nas fases aguda e crônica da doença. Durante a fase aguda, a liseinduzida pelo HIV resulta na morte das células infectadas pela contagem delinfócitos T citotóxicos no declínio de células T CD4+, embora a apoptose também
possa ser um fator. Durante a fase crônica, as
consequências da ativação imunitária
generalizada juntamente com a perda gradual da capacidade do sistema
imunológico de gerar novas células T parecem representar
o lento declínio do número de células T CD4+.
Embora
os sintomas característicos da deficiência
imunológica causada pela AIDS/SIDA não apareçam
durante anos depois que uma pessoa está infectada, a
diminuição do volume de células T CD4+ ocorre
durante as primeiras semanas de infecção, especialmente
na mucosa intestinal, que alberga a maior parte dos linfócitos
encontrados no corpo. A razão para a perda preferencial de células T CD4+ em mucosas é que a maioria dessas células expressam a proteínaCCR5 que
o HIV utiliza como um co-receptor para ter acesso às
células, ao passo que apenas uma pequena fracção
de células T CD4+ presentes no sangue fazem isso.
Durante a infecção aguda, o HIV procura e destrói as células T CD4+ que expressam a CCR5. Eventualmente, uma resposta imune vigorosa pode controlar a infecção e iniciar a fase de latência clinica. As células T CD4+ nos tecidos da mucosa permanecem particularmente afetadas.104 A
replicação contínua do HIV provoca um estado de
ativação imunológica generalizada persistindo
durante toda a fase crônica.105 A
ativação imunológica, que é refletida pelo
aumento de células imunológicas ativadas e pela
liberação de citocinas pró-inflamatórias, resulta da atividade de vários produtos gênicos do
HIV e da resposta imune à replicação do HIV. Ela
está também relacionada com a composição do
sistema da barreira mucosa gastrointestinal causada pelo esgotamento de
células T CD4+ nas mucosas durante a fase aguda da doença.
Diagnóstico
O
diagnóstico de AIDS em uma pessoa infectada com o HIV é
baseado na presença de certos sinais ou sintomas. Desde 5 de
junho de 1981, muitas definições têm sido
desenvolvidas para a vigilância epidemiológica.
No entanto, o estadiamento clínico dos pacientes não era
um destino para esses sistemas, pois eles não são
sensíveis nem específicos. Nos países em desenvolvimento é usado o sistema de estadiamento da Organização Mundial da Saúde para infecção pelo HIV e para a doença, através de dados clínicos e de laboratório. Em países desenvolvidos, o sistema de classificação do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) é usado.
Classificação da OMS
Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
agrupou essas infecções e condições em
conjunto através da introdução de um sistema de
estadiamento para pacientes infectados com HIV-1. Uma
atualização ocorreu em setembro de 2005. A maioria dessas
condições são infecções oportunistas que são facilmente tratáveis em pessoas saudáveis.
Sistema de classificação do CDC
Existem duas principais definições para a AIDS, ambos produzidos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
A velha definição é a referência para a AIDS
usando doenças que eram associados a ela, como por exemplo alinfadenopatia, condição clínica pela qual os cientistas descobridores do HIV originalmente nomearam o vírus. Em
1993, o CDC expandiu a sua definição para a AIDS
incluindo todas as pessoas HIV positivas com contagens de
células T CD4 + abaixo de 200 por l de sangue ou 14% do total de linfócitos.
A maioria dos novos casos de aids nos países desenvolvidos usam
essa definição ou a definição
pré-1993 do CDC. O diagnóstico de AIDS ainda está
de pé, mesmo que, após o tratamento, a contagem de
células T CD4 + sobe para acima de 200 por l de sangue ou outras
doenças definidoras da AIDS são curados.
Teste de HIV
Muitas pessoas desconhecem que estão infectadas com o HIV.109 Menos
de 1% da população sexualmente ativa urbana na
África foi testada e esta proporção é ainda
menor em populações rurais. Além disso, apenas
0,5% das mulheres grávidas que frequentam as unidades de
saúde urbana são aconselhadas, testadas ou recebem os
seus resultados. Mais uma vez, essa proporção é
ainda menor nas unidades de saúde rurais. Assim, os produtos de
doadores de sangue e do sangue utilizado em medicina e pesquisa
médica são rastreados para o HIV.
Testes de HIV são geralmente realizados no sangue venoso.
Muitos laboratórios utilizam testes de quarta
geração de triagem que detectam anticorpos anti-HIV (IgG
e IgM) e do antígeno p24 do HIV. A detecção de
anticorpos anti-HIV ou antígeno em um paciente previamente
conhecido como negativo, é evidência de
infecção pelo HIV. Indivíduos cuja primeira
amostra indica evidências de infecção pelo HIV
terão uma repetição do teste em uma segunda
amostra de sangue para confirmar os resultados.
O período de janela imunológica (tempo
entre a infecção inicial e o desenvolvimento de
anticorpos detectáveis contra a infecção) pode
variar, uma vez que pode levar 3-6 meses para soroconversão e
teste positivo. A detecção do vírus usando a reação em cadeia da polimerase (PCR)
durante o período de janela é possível e as
evidências sugerem que uma infecção pode ser
detectada mais cedo do que quando se utiliza um teste de despistagem de
quarta geração de AIA.
Os resultados positivos obtidos por PCR são confirmados por testes de anticorpos. Testes
de HIV rotineiramente utilizados para a infecção em
recém-nascidos e lactentes (isto é, pacientes com menos
de 2 anos), nascidos
de mães HIV-positivas, não têm valor por causa da
presença de anticorpos maternos para o HIV no sangue da
criança. A infecção pelo HIV só pode ser
diagnosticada por PCR, o teste para HIV DNA pró-viral em
linfócitos de crianças.
PrevençãoContato sexual
O uso de preservativos reduz o risco de transmissão de HIV em cerca de 80% a longo prazo. Quando
os preservativos são utilizados de forma consistente por um
casal em que uma das pessoas está infectada, a taxa de
contaminação por HIV é inferior a 1% por ano. Há
algumas evidências que sugerem que o preservativo feminino pode
oferecer um nível de proteção equivalente. A aplicação de um gel vaginal contendo tenofovir (um inibidor da transcriptase reversa) imediatamente antes do sexo reduziu as taxas de infecção em aproximadamente 40% entre as mulheres africanas. Por outro lado, o uso do espermicida nonoxinol-9
pode aumentar o risco de transmissão, devido à sua
tendência de causar irritação vaginal e retal. A circuncisão na
África subsaariana "reduziu a contaminação de HIV
por homens heterossexuais entre 38% e 66% em 24 meses." Com base nesses estudos, a Organização Mundial de Saúde e a UNAIDS recomendaram
em 2007 a circuncisão como um método válido de
prevenção da transmissão de HIV da mulher para o
homem. A
eficácia desse método na proteção contra a
transmissão de homem para mulher ainda é contestada e os benefícios da circuncisão nos países desenvolvidos e entre homens que fazem sexo com homens ainda são indeterminados. Alguns
especialistas temem que a menor percepção de
vulnerabilidade entre homens circuncidados pode causar um comportamento
sexual de maior risco, negando assim os métodos preventivos.
Programas de incentivo a abstinência sexual não parecem afetar o risco de contaminação por HIV. Evidências de benefícios em educação de casais também são igualmente pobres. No entanto, uma educação sexual abrangente, desde a escola, pode diminuir o comportamentos de alto risco. Uma
minoria significativa de jovens continua a se envolver em
práticas de alto risco, apesar de saberem sobre a
existência e as consequências da AIDS, subestimando seu
próprio risco de se infectar com o HIV. Não
se sabe se o tratamento de outras doenças sexualmente
transmissíveis é eficaz na prevenção do HIV.
Pré-exposição
O tratamento de pessoas infectadas com HIV, cuja contagem de células CD4 for igual ou maior que 350 celulas/μL, com antirretrovirais protege 96% dos seus parceiros sexuais contra a infecção. Trata-se de uma redução de 10 a 20 vezes no risco de transmissão. A profilaxia pré-exposição com uma dose diária detenofovir, com ou sem emtricitabina,
é eficaz em uma série de grupos, incluindo homens que
fazem sexo com homens, casais heterossexuais em que um dos membros
está infectado pelo HIV e jovens africanos. Ela
também pode ser eficaz em usuários de drogas
injetáveis, sendo que um estudo determinou uma
diminuição no risco entre 0,7 e 0,4 por 100 pessoas ao
ano.
Algumas
precauções universais dentro do ambiente de
assistência de saúde são consideradas eficazes na
redução do risco de contaminação por HIV.133 O uso de drogas injetáveis é um importante fator de risco e estratégias de redução de danos, como programas de troca de agulhas e de terapia de substituição de opiáceos, parecem ser eficazes em diminuir este risco.
Pós-exposição
A
administração de antirretrovirais dentro de 48 a 72 horas
após a exposição ao sangue ou
secreções genitais de uma pessoa infectada pelo HIV
é o período referido como profilaxia pós-exposição (PPE) A utilização de um único antirretroviral, a zidovudina, reduz o risco de uma infecção por HIV em cinco vezes após um ferimento por picada de agulha. Em 2013, o regime de prevenção recomendado nos Estados Unidos consistia em três medicamentos: tenofovir,emtricitabina e raltegravir, alcançando uma redução ainda maior do risco.
O tratamento PPE é recomendado após uma agressão sexual quando
sabe-se que o agressor seja HIV positivo, mas é controverso
quando o seu estado sorológico é desconhecido. Geralmente, a duração do esquema profilático é de quatro semanas e
é frequentemente associado com efeitos colaterais quando a
zidovudina é usada; cerca de 70% dos casos resultam em sintomas
adversos, como náuseas (24%), fadiga (22%), angústia
emocional (13%) e dores de cabeça (9%).
Mãe-filho
Programas de prevenção da infecção perinatal pelo HIV (de mãe para filho) podem reduzir as taxas de transmissão de 92 a 99%. A
prevenção é principalmente usar uma
combinação de medicamentos antivirais durante a gravidez
e após o nascimento do bebê, além de usar mamadeiras ao invés de amamentar a criança. Se
a substituição da alimentação é
aceitável, factível, acessível, sustentável
e segura, as mães devem evitar amamentar seus bebês; a
amamentação exclusiva porém é recomendada
durante os primeiros meses de vida, se este não for o caso. Se a amamentação exclusiva é realizada, o fornecimento de profilaxia antirretroviral prolongada ao lactente diminui o risco de transmissão do vírus.
Vacinação e cura
Em 2012 ainda não existia uma vacina eficaz para o HIV/AIDS. Um
único teste da vacina RV 144, publicado em 2009, encontrou uma
redução parcial do risco de transmissão de cerca
de 30%, estimulando alguma esperança na comunidade
científica que pesquisa o desenvolvimento de uma vacina
realmente eficaz. Mais estudos da vacina RV 144 estão em andamento.
Em 2007, médicos de uma clínica na Alemanha conseguiram curar um paciente com AIDS/SIDA e leucemia.
Os médicos escolheram um doador que tivesse uma
mutação no seu DNA capaz de defender o sistema contra o
HIV. Após isso, fizeram o transplante de medula óssea no
portador de SIDA e leucemia. A surpresa veio ao fazer novos testes,
quado descobriu-se que o vírus HIV tinha sumido do organismo do
paciente. Atualmente o paciente já está há mais de
dois anos sem o vírus HIV e sem a leucemia,
contudo, a doença ainda pode estar escondida em seu corpo. O
médico que realizou a operação, no entanto, quis
"minimizar falsas esperanças" geradas pelo sucesso da
operação, que já foi retratada nas principais
revistas especializadas, já que ele foi obtido em um caso "muito
específico" e durante o tratamento de outra doença grave.
Espera-se que este caso abra caminho para curar outros infectados.Em
2011, o Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha (CSIC -
sigla em espanhol) anunciou ter criado uma vacina que
foi capaz de criar uma resposta imunológica contra o
vírus HIV em 90% dos voluntários, mantendo seu efeito
após um ano em 85% deles.
Tratamento
Não existe atualmente nenhuma vacina disponível
para o HIV ou um tratamento que cure o HIV/AIDS. Os únicos
métodos conhecidos de prevenção baseiam-se evitar
a exposição ao vírus ou, na falta disto, um
tratamento antirretroviraldiretamente após a exposição, chamado profilaxia pós-exposição (PEP). A
PEP tem um calendário muito exigente de quatro semanas de
dosagem, além de também ter efeitos secundários
muito desagradáveis, como diarreia, mal estar,náuseas e fadiga. Em
2010 havia mais de 6,6 milhões de pessoas que mantinham esse
tipo de tratamento em países de baixa e média renda.
Antirretroviral
As opções de terapias antirretrovirais atuais
são combinações (ou "coquetéis") que
são compostas por pelo menos três medicamentos
pertencentes a, no mínimo, dois tipos (ou "classes") de agentes
antirretrovirais diferentes. Inicialmente, o tratamento é dado tipicamente através de um inibidor da transcriptase reversa não-nucleósido (NNRTI — sigla em inglês),
além de dois inibidores da transcriptase reversa análogos
de nucleósidos (NRTI — sigla em inglês).151 Os NRTIs típicos incluem: zidovudina(AZT) ou tenofovir (TDF) e lamivudina (3TC) ou emtricitabina (FTC). As
combinações de agentes, que incluem inibidores de
protease, são usados se o regime acima perder eficácia.
O momento de iniciar a terapia antirretroviral ainda é uma questão em debate. AOrganização Mundial da Saúde (OMS), governos europeus e os Estados Unidosrecomendam
que os antirretrovirais sejam administrados em todos os adolescentes,
adultos e mulheres grávidas com uma contagem de CD4 inferior a 350/μl ou aqueles com apresentação de sintomas, independentemente da contagem de CD4. Isto é apoiado pelo fato de que, se o tratamento for iniciado neste nível, o risco de morte é reduzido. Em
adição, os Estados Unidos recomendam o tratamento para
todas as pessoas infectadas com HIV, independentemente da contagem de
CD4 ou da apresentação de sintomas, no entanto, faz esta
recomendação com menos convicção para
aqueles com contagens mais elevadas. A OMS também recomenda o tratamento para aqueles que
estão co-infectados com tuberculose ou comhepatite B crônica e ativa. Uma
vez iniciado o tratamento, recomenda-se que a
administração dos medicamentos continue sem
interrupções ou "pausas". Muitas pessoas são diagnosticadas apenas após o momento de quando o tratamento ideal deveria ter começado. O resultado de longo prazo esperado da terapia é uma contagem de plasma HIV-RNA abaixo das 50 cópias/μL. Níveis
para determinar se o tratamento é eficaz são inicialmente
recomendados depois de quatro semanas do seu início e, quando os
níveis caem abaixo de 50 cópias/μL, são
recomendados exames médicos a cada três a seis meses. O controle é considerado inadequado quando a taxa for maior do que 400 cópias/μL. Com base nestes critérios, o tratamento é eficaz em mais de 95% dos pacientes durante o primeiro ano.
Entre
os benefícios da terapia antirretroviral estão a
diminuição do risco de desenvolver a AIDS e a
diminuição do risco de morte. No mundo em desenvolvimento, os antirretrovirais também melhoram a saúde física e mental do portador do vírus. Com o tratamento, o risco de contrair tuberculose cai em cerca de 70%. Entre
os benefícios adicionais estão a diminuição
do risco de transmissão da doença aos parceiros sexuais e
uma diminuição da chance de transmissão da
mãe para o filho. A eficácia da terapia depende, em grande parte, da manutenção correta do tratamento. Entre
as razões para a não-adesão aos antirretrovirais
por portadores do HIV estão a falta de acesso a
assistência médica, apoio social inadequado, doenças mentais e abuso de drogas. A
complexidade dos regimes de tratamento (devido ao número de
comprimidos e à frequência de administração)
e os efeitos adversos podem reduzir a adesão dos pacientes
à terapia. Mesmo que o custo seja uma questão importante para alguns medicamento, 47% das pessoas que precisavam deles receberam os antirretrovirais em países de baixa e média renda em 2010. A taxa de adesão é semelhante em países de baixa renda e alta renda.
Efeitos adversos específicos estão relacionados com o medicamento usado. Alguns relativamente comuns incluem:lipodistrofia, dislipidemia e diabetes mellitus, especialmente com os inibidores de protease.41 Outros sintomas comuns incluem diarreia e um aumento no risco de doença cardiovascular. Tratamentos recomendados mais recentes estão associados com menos efeitos adversos e certos medicamentos podem estar associados com defeitos congênitose, portanto, podem ser inadequados para mulheres que queiram ter filhos.
As
recomendações de tratamento para crianças
são um pouco diferentes daquelas direcionadas aos adultos. No
mundo em desenvolvimento, em 2010, 23% das crianças que
precisavam de tratamento tinham acesso a ele. A OMS e os Estados Unidos recomendam o tratamento para todas as crianças com menos de 12 meses de idade. Para
os pacientes entre um e cinco anos de idade, os Estados Unidos
recomendam o tratamento para aqueles com contagens de HIV-RNA
superiores a 100 000 cópias/μL. Naqueles com mais de cinco
anos, a terapia é indicada quando a contagem de CD4 for menor
que 500/μl.
Infecções oportunistas
Medidas
para prevenir infecções oportunistas são eficazes
em muitas pessoas com HIV/AIDS. Além de melhorar a doença
daquele momento, o tratamento com antirretrovirais reduz o risco de
desenvolver infecções oportunistas adicionais.
Avacinação contra hepatite A e
B é recomendada para todas as pessoas em risco de se infectarem
pelo HIV; no entanto, a vacina também pode ser dada após
a infecção. A profilaxia de
trimetoprim/sulfametoxazol em bebês entre quatro e seis semanas
de idade e a interrupção da amamentação em
crianças nascidas de mães portadoras do HIV são
recomendadas em ambientes com recursos limitados. Também
é recomendado evitar PCP quando a contagem de CD4 de uma pessoa
for inferior a 200 células/uL e em quem tem ou já teve
PCP. Pessoas com imunossupressão substancial também são aconselhadas a receber terapia profilática para toxoplasmose e meningite cryptococcus. Medidas preventivas adequadas reduziram a taxa dessas infecções em 50% entre 1992 e 1997.
Medicina alternativa
Nos Estados Unidos, aproximadamente 60% das pessoas com HIV utilizam várias formas de medicina alternativa ou complementar, embora a eficácia da maior parte destes tratamentos terapêuticos seja questionada. No
que diz respeito ao aconselhamento nutricional, existe algumas
evidências que mostram benefícios através do uso de
suplementos de micronutrientes. As provas da eficácia da suplementação com selênio são mistas, com alguma evidência experimental de benefício. Há alguma evidência de que suplementos de vitamina A em crianças reduzem a mortalidade e melhoram o crescimento. Na África,
mulheres grávidas e lactantes nutricionalmente comprometidas
receberam uma suplementação multivitamínica que
apresentou bons resultados para as mães e as crianças. A
ingestão dietética de micronutrientes por adultos
infectados pelo HIV é recomendada pela Organização
Mundial da Saúde. A OMS afirma ainda que vários estudos indicam que a suplementação de vitamina A, zinco e ferro pode produzir efeitos adversos em adultos HIV positivos. Não há evidência suficiente para apoiar o uso de medicamentos à base de plantas.
Prognóstico
A AIDS tornou-se uma doença crônica em muitas áreas do mundo, ao invés de uma doença aguda e fatal. O prognóstico varia
entre as pessoas e tanto a contagem de células CD4 quanto a taxa
de carga viral são úteis para resultados
previsíveis. Sem
tratamento, o tempo médio de sobrevivência após a
infecção pelo HIV é estimado entre 9 e 11 anos,
dependendo do subtipo do vírus. Após
o diagnóstico de AIDS, se o tratamento não estiver
disponível, o período de sobrevivência é de
entre 6 e 19 meses. A
terapia antirretroviral e a prevenção apropriada de
infecções oportunistas reduzem a taxa de mortalidade em
80% e aumentam a expectativa de vida para um jovem adulto
recém-diagnosticado entre 20 e 50 anos. Isto é quase dois terços da população geral.46 185 Se o tratamento for iniciado no final da infecção, o prognóstico não é tão bom:46 por
exemplo, se o tratamento for iniciado após o diagnóstico
de AIDS, a expectativa de vida é de cerca de 10 a 40 anos. Metade dos bebês nascidos com HIV morrem antes dos dois anos de idade, sem tratamento.
As principais causas de morte por HIV/AIDS são as infecções oportunistas e alguns tipos de câncer, os quais são muitas vezes resultado de uma falha progressiva do sistema imunológico. O risco de câncer parece aumentar conforme a contagem de CD4 for inferior a 500/μL de sangue. A
taxa de progressão clínica da doença é
muito variável entre os indivíduos e é afetada por
uma série de fatores, como a suscetibilidade da pessoa e sua
função imunológica, como acesso a assistência médica, presença de doenças oportunistas e a cepa (ou estirpe) em particular do vírus envolvido na infecção.
A co-infecção por tuberculose é
uma das principais causas de doença e morte em pacientes com
HIV/AIDS, presente em um terço de todas as pessoas infectadas
pelo HIV e que causa 25% das mortes relacionadas com esse vírus. O HIV é também um dos mais importantes fatores de risco para a tuberculose. A hepatite C é outra infecção oportunista muito comum em que cada doença aumenta a progressão da outra. Os dois tipos de câncer mais comuns associados ao HIV/AIDS são o sarcoma de Kaposi e o linfoma não Hodgkin.
Mesmo com o tratamento antirretroviral, a longo prazo, as pessoas infectadas pelo HIV podem desenvolver perturbações neurocognitivas, osteoporose, neuropatia periférica, diversos tipos de câncer, nefropatia e doença cardiovascular. Ainda
não está claro se estas condições
são resultado da infecção pelo HIV ou de efeitos
adversos do tratamento.
Epidemiologia
A pandemia da AIDS também pode ser vista como várias epidemias de
subtipos distintos, cujos principais fatores na sua
propagação são a transmissão sexual e a
transmissão vertical de mãe para filho, no nascimento ou
através do leite materno. Apesar
da recente melhora do acesso ao tratamento antirretroviral e os
cuidados de prevenção em muitas regiões do mundo,
a pandemia da AIDS custou cerca 2,1 milhões de vidas
(variação de 1,9-2,4 milhões) em 2007, sendo que
330 mil pessoas eram menores de 15 anos.180 Globalmente, cerca de 33,2 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2007, incluindo 2,5 milhões de crianças.
Estima-se que 2,5 milhões (variação de 1,8-4,1
milhões) pessoas foram infectadas em 2007, incluindo 420 mil
crianças.
A África subsariana continua
sendo, majoritariamente, a região mais afetada pela
doença. Estima-se que em 2007, a região continha 68% de
todas as pessoas vivendo com AIDS e 76% de todos os óbitos por
AIDS do mundo. Com 1,7 milhões de novas infecções,
número de pessoas vivendo com HIV foi para 22,5 milhões,
sendo que 11,4 milhões de órfãos da AIDS vivendo
na região vivem nessa área do continente africano. Ao
contrário de outras regiões, a maioria das pessoas
vivendo com o HIV na África subsaariana em 2007 (61%) eram
mulheres. A prevalência em adultos em 2007 foi estimada em 5% e a
AIDS continua a ser a maior causa de mortalidade nesta região do
planeta.
A África do Sul tem a maior população de portadores do HIV no mundo, seguida pela Nigéria e pela Índia. O sul e o sudeste da Ásiasão
a região afetada da pior forma e, em 2007, estima-se que esta
região continha 18% de pessoas vivendo com a AIDS e cerca de 300
mil dos óbitos devido a doença no mundo. A Índia tem cerca de 2,5 milhões de infecções e uma prevalência estimada em adultos de 0,36%. A expectativa de vida da população caiu drasticamente nospaíses mais afetados pelo vírus; em 2006, por exemplo, estima-se que a expectativa de vida ao nascer caiu de 65 para 35 anos emBotswana.
Nos Estados Unidos, jovens mulheres afro-americanas também estão em risco invulgarmente elevado de infecção pelo HIV. Os
afro-americanos formam 10% da população, mas respondem
por cerca de metade dos casos de HIV/AIDS em todos os Estados Unidos. Isto
acontece devido, em parte, à falta de informações
sobre a AIDS e a uma percepção de que não
são vulneráveis ao vírus, além do acesso
limitado a recursos médicos e uma maior probabilidade de manter
contato sexual sem o uso de preservativo.
Mundo lusófono
Nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) a doença também é presente. Cerca de 2,1% da população adulta de Angola está
infectada pelo vírus HIV, o que totaliza cerca de 180 mil
pessoas convivendo com a doença no país. Em Cabo Verde,
a taxa de prevalência estimada por infecção do HIV
é de 0,5% e 1,5% e, até 2006, 1 940 casos
confirmados haviam sido registrados no país. Guiné-Bissau tem
uma prevalência de HIV estimada entre 7,3% da
população, o que caracteriza uma situação
de epidemia de HIV generalizada. Em Moçambique,
a taxa de prevalência do HIV é de cerca de 16% da
população, ou cerca de 1,6 milhão de pessoas que
convivem com a epidemia do vírus no país.São Tomé e Príncipe apresenta uma taxa de infecção pelo HIV de 1%.204 No Timor-Leste não há dados precisos sobre o número de infectados pelo vírus.
No Brasil,
estima-se que existam 630 mil pessoas vivendo com o HIV, ou 0,6% da
população adulta. De 1980 (o início da epidemia)
até junho de 2009, foram registrados 217.091 óbitos em
decorrência da doença. Cerca de 33 mil a 35 mil novos
casos da doença são registrados todos os anos no
país. A região sudeste tem
o maior percentual (59%) do total de notificações por ser
a mais populosa do país, com 323.069 registros da doença.
O sul concentra 19% dos casos; onordeste, 12%; o centro-oeste, 6%; e a região norte, 3,9%. Dos 5.564 municípios brasileiros, 87,5% (4.867) registraram pelo menos um caso da doença. Um
estudo publicado em 2014 no Brasil mostrou que a maior parte dos novos
casos de infecção por HIV no país acometem os
heterossexuais (principalmente mulheres), que respondem por 67,5% dos
casos registrados em 2012.
Em Portugal,
no ano de 2013 foram diagnosticados quase três casos por dia de
infeção por VIH/Sida, o que equivale a um total de 1.093
situações e a uma taxa de 10,5 novas
infeções por 100 000 habitantes. Desde 1983, quando o primeiro caso da doença foi registrado em Portugal, e até 2013, o governo do país diagnosticou cerca de 47.390 casos de infeção por VIH/Sida e
a percentagem de pessoas que tomam conhecimento do seu estado
seropositivo para o VIH quando vão doar sangue é o mais
elevado da Europa Ocidental, numa estimativa de 100 por cada milhão de habitantes. O
relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo
Jorge (INSA) relativo à situação da doença
a 31 de dezembro de 2013 refere que 20,7% das situações
diagnosticadas nesse ano já se encontravam no estado de sida. O
número de novos diagnósticos em homens foi 2,4 vezes
superior ao das mulheres, com a idade mediana à
deteção da infeção a ser de 40 anos. O
modo de transmissão mais frequente do VIH foi o contacto
heterossexual, referido em 61% dos casos, com a transmissão por
relações sexuais entre homens a surgir em 43% dos novos
casos. Os homossexuais tendem a ser mais jovens que os heterossexuais à data do diagnóstico, com metade a terem menos de 32 anos. A
transmissão por consumo de droga representou sete por cento dos
diagnósticos, segundo o documento revelado hoje pelo INSA. No
que se refere à infeção nas crianças, desde
o diagnóstico do primeiro caso pediátrico, em 1984, foram
notificados 479 casos até 2013 com igual
distribuição entre sexos e com o modo de
transmissão mais frequente a ser o contágio
mãe-filho.
Cultura e sociedadeEstigma
Não
se desenvolve AIDS apenas ao conviver socialmente com um soropositivo.
Apertar a mão, abraçar ou compartilhar o uso de
utensílios domésticos não traz nenhum risco de
contágio.
No entanto, o estigma da AIDS persiste no mundo em uma variedade de maneiras, como através do ostracismo, da rejeição e da discriminação de pessoas portadoras do HIV;
da aplicação de testes de HIV de forma
obrigatória, sem o consentimento prévio ou a
proteção da confidencialidade das
pessoas; violentar indivíduos infectados pelo HIV ou pessoas que
são consideradas como infectadas pelo HIV e colocar pessoas HIV
positivo emquarentena. O medo da violência e do preconceito impede que muitas pessoas que procuram fazer o teste clínico, retornem para ver o resultado ou iniciem o tratamento, transformando o que poderia ser uma doença crônica tratável em uma sentença de morte, além de perpetuar a propagação do vírus.
O estigma pode ser dividido em três categorias:
Muitas vezes, o estigma da AIDS é expresso em conjunto com um ou mais estigmas, particularmente aqueles associados com homossexualidade, bissexualidade, promiscuidade, prostituição e uso de drogas intravenosas. Em muitos países desenvolvidos,
há uma associação entre AIDS e homossexualidade ou
bissexualidade e esta associação está relacionada
com níveis mais elevados de preconceito sexual, tais como atitudes homofóbicas. Existe
também uma associação preconceituosa entre a
doença e todo tipo de comportamento sexual entre dois homens,
incluindo o sexo entre homens saudáveis e sem qualquer
infecção.
Impacto econômico
O HIV e a AIDS afetam o crescimento econômico de países, ao reduzir a disponibilidade de capital humano.219 Sem alimentação e assistência médica adequadas, o que geralmente está disponível em países desenvolvidos,
uma grande quantidade de pessoas sofrem e morrem de
complicações relacionadas à AIDS no mundo. Elas
não só são incapazes de trabalhar, mas
também necessitam de assitência médica frequente. A
previsão é de que isto provavelmente irá causar um
colapso das economias e das sociedades em países com uma
população portadora da AIDS significativa. Em algumas
áreas altamente infectadas, a epidemia deixou para trás
muitos órfãos que passaram a serem cuidados por avós idosos.
O aumento da mortalidade tem resultados em uma população qualificada e umaforça de trabalho menor.
Esta força de trabalho menor é constituída por
pessoas cada vez mais jovens, com conhecimentos e experiências de trabalho reduzidas, levando à redução da produtividade do
país todo. Um aumento no tempo de folga dos trabalhadores para
cuidar de familiares doentes ou de licenças por doença
também reduzem a produtividade. O aumento da mortalidade reduz
os mecanismos de capital humano e de investimento nas pessoas,
através da perda da renda e da morte dos pais.
Por afetar principalmente jovens adultos, a AIDS reduz a população tributável de uma nação, por sua vez, reduzindo os recursos disponíveis para gastos públicos como educação e
serviços de saúde não relacionados à AIDS,
resultando em um aumento da pressão sobre as finanças do governo e em um crescimento mais lento da economia. Isso resulta em um menor crescimento da base de cálculo,
um efeito que é reforçado se houver gastos crescentes
para tratar os doentes, em treinamento (para substituir trabalhadores
doentes), subsídios de
doença e para cuidar dos órfãos da AIDS. Isto
é especialmente verdadeiro se o aumento acentuado da mortalidade
adulta deslocar a responsabilidade da família para o governo em
cuidar desses órfãos.
No
nível familiar, os resultados da AIDS são a perda de
renda e o aumento dos gastos com saúde pelo responsável
da família. Um estudo realizado na Costa do Marfim mostrou
que famílias com um paciente HIV/AIDS gastam duas vezes mais em
despesas médicas do que outras famílias.
Mídia
Um dos primeiros casos de AIDS entre famosos aconteceu com o estadunidense Rock Hudson,
um ator homossexual que tinha sido casado e se divorciou, que morreu em
2 de outubro de 1985 após ter anunciado que era portador do
vírus em 25 de julho daquele mesmo ano. Ele havia sido
diagnosticado em 1984.222 Em 24 de novembro de 1991, o vírus ceifou a vida de roqueiro britânico Freddie Mercury, vocalista da banda Queen,
que morreu de uma doença relacionada à AIDS, sendo que o
diagnóstico da doença só foi revelado no dia
anterior. No entanto, ele tinha sido diagnosticado como HIV positivo em 1987.224
Um dos primeiros casos famosos de heterossexuais portadores do vírus foi o de Arthur Ashe,
um tenista estadunidense. Ele foi diagnosticado como HIV positivo em 31
de agosto de 1988, tendo contraído o vírus detransfusões de sangue durante
uma cirurgia cardíaca no início da década de 1980.
Outros testes dentro de 24 horas após o diagnóstico
inicial revelaram que Ashe tinha AIDS, mas ele não comunicou o
público sobre o seu diagnóstico até abril de 1992. Ele morreu aos 49 anos, em 6 de fevereiro de 1993. O ex-basquetebolista estadunidenseMagic Johnson, que atuou como armador pelo Los Angeles Lakers naNational Basketball Association (NBA),
aposentou-se abruptamente em 1991 após anunciar que havia
contraído o HIV, mas depois retornou à carreira
até se aposentar definitivamente. No Brasil, entre os casos de
AIDS mais famosos estão o do cantor Cazuza,
que assumiu em rede nacional que estava com AIDS em 1988 e que veio a
falecer em decorrência da doença no dia 7 de julho de
1990, e do cantor Renato Russo, ex-integrante da banda Legião Urbana, que morreu aos 36 anos vítima da doença.
A
fotografia de Therese Frare do ativista gay estadunidense David Kirby,
enquanto ele morria em um leito de hospital em decorrência da
doença rodeado por seus familiares, foi registrada em abril de
1990. A revista estadunidense LIFE disse
que a foto se tornou a imagem "mais fortemente identificada com a
epidemia de HIV/AIDS." A imagem foi exibida na revista, foi a vencedora
do World Press Photo e adquiriu notoriedade mundial depois de ter sido usada em uma campanha publicitária da United Colors of Benetton, em 1992. Em 1996, Johnson Aziga, um canadense nascido em Uganda,
foi diagnosticado com o HIV, mas posteriormente teve
relações sexuais desprotegidas com 11 mulheres sem
revelar seu diagnóstico à elas. Em 2003, sete haviam
contraído o HIV e duas morreram por complicações
relacionadas à AIDS. Aziga foi condenado por assassinato em primeiro grau e está sujeito a uma pena de prisão perpétua.
Religião
O
debate sobre a religião e a AIDS tornou-se altamente controverso
nos últimos vinte anos, principalmente porque algumas
autoridades religiosas declararam publicamente sua
oposição ao uso de preservativos. A
abordagem religiosa para impedir a propagação da AIDS, de
acordo com um relatório feito pelo especialista estadunidense em
saúde Matthew Hanley intitulado The Catholic Church and the Global AIDS Crisis,
argumenta que são necessárias mudanças culturais,
incluindo uma volta à ênfase na fidelidade dentro do casamento e à abstinência sexual fora dele.
Algumas organizações religiosas chegam a afirmar que a oração pode curar os pacientes com HIV/AIDS. Em 2011, a BBCinformou que algumas igrejas em Londres estavam reivindicando que orações poderiam curar a AIDS e o Centro de Estudo de Saúde Sexual e HIV, em Hackney,
informou que várias pessoas pararam de tomar a
medicação por conta disso, às vezes por conselho
direto de seu pastor, o que levou a uma série de mortes. A Synagogue Church Of All Nations fez
um anúncio de uma "unção na água" para
promover a cura por Deus, embora o grupo negue que aconselhe as pessoas
a parar de tomar a medicação.
Negação, conspirações e equívocos
Um pequeno grupo de pessoas continua a questionar a conexão entre o vírus HIV e a doença AIDS, além
da existência do próprio HIV ou a validade dos testes e
métodos de tratamento da síndrome. Estas
alegações, conhecidas como negacionismo da AIDS, foram
examinadas e rejeitadas pela comunidade científica internacional. No entanto, elas tiveram um impacto político significativo, particularmente na África do Sul,
onde o governo adotou oficialmente o negacionismo da AIDS entre 1999 e
2005 e foi o responsável pela resposta ineficaz do país
à epidemia e pelas centenas de milhares de mortes e
contaminações que poderiam ter sido evitadas. A Operação INFEKTION foi uma das medidas adotadas pela União Soviética em todo o mundo para divulgar informações de que os Estados Unidos haviam
criado o HIV/AIDS. Pesquisas mostram que um número significativo
de pessoas acreditavam — e continuam a acreditar — em tais
alegações.
Há
muitos equívocos sobre o HIV e a AIDS. Três dos erros mais
comuns sobre a doença são os de que a AIDS pode se
espalhar através do contato casual, que a relação
sexual com uma virgem curará a AIDS e que o HIV pode infectar apenas homens homossexuais e usuários de drogas. Outros equívocos são de que qualquer ato de coito analentre
dois homens homossexuais não infectados pode levar a
infecção pelo HIV e que a discussão aberta da
homossexualidade e do HIV nas escolas irá levar a um aumento das
taxas de homossexualidade e AIDS.
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