Naftalina
O naftaleno, é um
hidrocarboneto aromático cuja molécula é
constituída por dois anéis benzénicos condensados.
Apresenta a fórmula molecular C10H8. Possui uma Constante de
Henry = 4,89.10-2 e Log Kow = 3,4. É uma substância
cristalina branca, em forma de lâminas, volátil, com um
odor degradante. e que arde com chama luminosa. Uma das suas formas
químicas, o 2-metilnaftaleno pode ser utilizado para a
produção de vitamina K.
As Fontes
As possíveis fontes de
Naftaleno encontra-se através de usinas petrolíferas
petróleo - apenas em pequenas quantidades, razão pela
qual se obtém por destilação do alcatrão da
hulha, no qual está presente numa proporção de
aproximadamente 7% - indústrias de tintas e resinas, pesticidas
provenientes de indústrias e/ou áreas agrícolas,
centros urbanos situados nas proximidades, queimadas, depósitos
de resíduos tóxicos e outros . Também se
obtém naftalina a partir do reforming
(modificação) catalítico de hidrocarbonetos
alifáticos.
Riscos
O Naftaleno não acumula
na carne de animais e peixes, não prejudicando a
alimentação dessas carnes, quando exposto aos animais que
produzem leite, o composto acaba passando para o leite (leva-se em
consideração também a produção de
leite materno), o mesmo ocorre na produção de ovos.
Pequenas porcentagens foram encontradas em amostras de peixes,
crustáceos e moluscos quando a água apresenta alto
nível de poluição . A
exposição a uma grande quantidade de Naftaleno pode
danificar a produção de glóbulos vermelhos, com a
diminuição da produção ocorre à
queda de células vermelhas na corrente sanguínea,
acarretando em anemia hemolítica. Essa anemia acaba por gerar
outros problemas como: fadiga; falta de apetite; palidez ou
coloração amarelada, inquietação,
diarréia, sangue na urina e etc. . A Agência
Internacional para Pesquisas sobre o Câncer (IARC) concluiu que o
Naftaleno é possivelmente um agente cancerígeno para os
seres humanos, visto que existam poucas provas, mas existentes, que o
Naftaleno provoque câncer em cobaias. Segundo a Agência de
Proteção Ambiental (EPA) dos Estado Unidos, em 1986 o
Naftaleno foi atribuido ao Grupo C: Carcinógeno –
poderá causar câncer - Humano Possível.
Destino no Meio Ambiente
Após o
lançamento (derramamento) do naftaleno, o composto em um solo
arenoso, terá facilidade em infiltrar-se chegando às
águas subterrâneas. Mas vale ressaltar que o naftaleno nos
solos e sedimentos não possui grande afinidade (não se
liga ao mesmo), exceto no arenoso. No solo, alguns microorganismos
quebram naftaleno. Com isso, em contato com as águas
subterrâneas tenderá dirigir-se a rios ou lagos,
desaparecendo dentro de 2 semanas. Caso o produto permaneça na
superfície, será destruído por bactérias ou
evaporará no ar . Por causa de sua pequena massa molecular
podem ser volatilizados a partir da água dos sistemas naturais,
como indicam as meias-vidas de volatilização da naftaleno
de 0,4 a 3,2 h . Pelo fato do naftaleno não se ligar ao solo, o
mesmo possui dificuldade no processo de infiltração.
Além disso, os valores da meia-vida resultantes da
biodegradação dos HPAs ligados a sedimentos dependem das
condições de oxi-redução, mas estão
compreendidos entre 0,3 e 129 dias para a naftaleno . Transporte no Meio Ambiente
O naftaleno é transportado
através da dissolução em água com uma
solubilidade de 3,17.104 ug/L. No solo será apenas um
intermédio, já que se torna fracamente ligado ao mesmo,
sendo o tipo de solo independente nesse caso.
Reações químicas, biológicas e
fotoquímicas
O naftaleno ao sofrer uma
oxidação energética produz a ruptura de um dos
anéis aromáticos, formando novos componentes mais
perigosos, podendo causar óbito. O composto sofre
biorremediação aeróbia sob condições
específicas com forte adsorção em
subsuperfície . A biorremediação pode
ocorrer “on site” ou “ex situ”, quando o solo
e/ou a água subterrânea são removidos e tratados em
um sistema em separado (tanques de reação contínua
ou reatores de fluidificação, por exemplo);
respectivamente na própria área ou em uma
instalação situada em um outro local. Interferem no
processo as características do material a ser tratado, as
características e concentrações dos contaminantes
presentes e as condições do meio (temperatura, umidade,
estrutura, pH, teor de oxigênio, teor de nutrientes) . Os
principais mecanismos de biotransformação de
contaminantes orgânicos em água subterrânea
são efetuados nos biofilmes, que são bactérias e
polímeros extracelulares aderidos à subsuperfície
e que obtém energia e nutrientes durante o fluxo da água
subterrânea. A estrutura química dos poluentes
orgânicos tem uma profunda influência na habilidade dos
microrganismos metabolizarem estas moléculas, especialmente com
respeito às taxas e extensão da
biodegradação. Alguns compostos orgânicos
são rapidamente biodegradados enquanto outros são
recalcitrantes (não biodegradáveis)
Considera-se a naftalina como
um híbrido de ressonância de três estruturas
canónicas.
Esta sofre facilmente
reacções de substituição
eletrofílica, principalmente na posição alfa que
é a mais reactiva, nomeadamente reações de
nitrificação, bromação,
sulfonação e acidificação.
Por hidrogenação
catalítica com níquel a 140-160 °C e a 30 atmosferas
origina o 1,2,3,4-tetra-hidronaftaleno ou tetralina, cuja
reacção em condições mais fortes conduz
à formação de per-hidronaftaleno ou decalina.
A oxidação
catalítica da naftalina com pentóxido de vanádio
transforma-o em anidrido ftálico, importante
matéria-prima na síntese de poliésteres.
Outros produtos
A naftalina usada antigamente
como agente antitraça, é um composto de partida para a
produção de muitos produtos químicos, como por
exemplo o ácido ftálico, corantes, plásticos,
solventes e derivados halogenados da naftalina (insecticidas,
fungicidas e impregnantes para madeira).
Casos de
Contaminação
Na manhã do dia 16 de
março de 1978, a máquina que dirigia o petroleiro Amoco
Cadiz sofreu um dano na entrada sul do canal da Mancha. Depois de
diversas tentativas de reboque, o petroleiro gigante encalhou em um
banco de areia diante de Portsall, na região francesa da
Finisterra. E foi assim que 227 mil toneladas de petróleo
acabaram ficando imobilizadas a menos de 3,6 km da costa. A partir das
primeiras horas do dia 17 de março, o petróleo vazou,
formando uma mancha de 6,5 km de raio. No dia 20 de março, a
mancha principal media 16 km de largura por 72 km de comprimento,
enquanto a poluição costeira se estendia de Aber Ildut,
um estuário, até a ilha Vierge, chegando à comuna
de Roscoff no dia 21 e depois se estendendo da ilha de Batz à
ilha de Bréhat no dia 23 . Vinte e um anos mais tarde, em 12 de
dezembro de 1999, o petroleiro Erika, em rota na baía de
Biscaya, enviava um sinal de emergência em meio a uma tormenta,
porque estava se rompendo. Depois de a parte frontal já ter
afundado, o navio rebocador de alto-mar Abeille Flandre tenta puxar sua
parte de trás, mas esta começa a vazar no início
da tarde do dia 13. Fracionado a uma infinidade de pequenas manchas, o
óleo levou diversos dias para atingir a costa, que acabou
poluída da Finisterra à Vendéia. Na Bretanha e em
toda a França, milhares de voluntários se mobilizaram
durante meses para limpar as praias. E mesmo após o trabalho ser
finalizado, o impacto ecológico profundo dessas
catástrofes sobre o litoral, sua fauna e sua flora permaneceu
uma questão em aberto. Hoje, porém, o programa de estudos
sobre a maré negra do Erika se encerrou: o óleo pesado e
tóxico desse pequeno petroleiro perturbou muito o ecossistema
litoral, mas pouco o ecossistema submarino, enquanto aconteceu em
grande medida o contrário com o óleo leve do gigante
Amoco Cadiz. Um balanço ecológico dessas duas
catástrofes pode esclarecer a causa dessas diferenças. A
poluição causada por uma maré negra evolui em
três fases.
Durante a fase de extensão, ela
se espalha tanto superficialmente como em profundidade. É nessa
fase, que dura cerca do dobro do tempo de derramamento, que os
organismos marinhos são envenenados ou mortos. Vem em seguida a
fase de estabilização, na qual a toxicidade dos
diferentes elementos atingidos (água do mar, sedimentos, leitos,
organismos vivos etc.) desaparece. Essa fase dura de alguns meses a
mais de um ano, de acordo com a composição física
e química do bioma. Por fim, na fase de
recolonização, as populações
destruídas se reconstroem progressivamente. Marcada por diversos
episódios, essa última etapa se estende por cerca de dez
anos nas latitudes européias. A amplitude da
devastação acompanhou a quantidade e a natureza do
petróleo bruto derramado: 227 mil toneladas de petróleo
das variedades Arabian light e Iranian light foram encontradas no mar.
Esses dois óleos brutos leves e voláteis continham 34% de
hidrocarbonetos de um, dois ou três núcleos
aromáticos (benzeno, fenantreno, dibenzotiofeno e naftaleno,
este último o principal) e, portanto, uma grande
proporção de hidrocarbonetos solúveis e
tóxicos. Enfim, cerca de 360 km de costa foram poluídos,
de modo descontínuo, entre a falha de Talbert, a leste, e a
baía de Audierne, a oeste . As operações de
limpeza, entre abril e setembro de 1978, extraíram mais de 100
mil toneladas de detritos sólidos e emulsões, uma mass.
com mais 20 mil a 25 mil
toneladas de petróleo puro. A limpeza, sobretudo a passagem das
máquinas, degradou os solos e a vegetação dos
sítios litorâneos. De 1974 a 1978, os biólogos
acompanharam as populações em zonas específicas de
observação, uma em zona intermareal (sobre praias de
areia fina e em areias da embocadura dos estuários de Aber
Wrac'h e Aber Benoît) e outra em zona submareal (a 17 metros de
profundidade nas areias finas da baía de Morlaix). Todos os
resultados indicam que, nas praias, onde o teor residual de
hidrocarbonetos atingia ainda 1.000 ppm (partes por milhão) um
ano após o naufrágio, a fauna de
substituição constituída de espécies
oportunistas regressou a partir da primavera de 1979. Para obter esses
resultados, três indicadores globais foram definidos e
acompanhados regularmente: o número total de espécies,
sua abundância (o número de indivíduos por metro
quadrado) e a biomassa total. Ao longo dos anos de 1978, 1979 e 1980, o
número total de espécies da macrofauna aumentou
regularmente (passando de 0 a 22), o que correspondeu à primeira
fase da recolonização. Esse número diminuiu ao
longo do inverno europeu de 1980-1981 (ficou em 16), e depois cresceu
novamente por três anos, para atingir uma quantidade alta
(até 36) e reencontrar, a partir de 1984-1985, em média
20 espécies, com uma leve variabilidade sazonal. A
abundância passou pelas mesmas fases: após o
período de recolonização de 1978 a 1980, o
mínimo que sobreveio durante o inverno de 1980-1981 foi seguido
de uma nova fase de colonização.