Meu Lasneau, não é bilhete, Não é ofício, nem ata. É o coração que desata Meus pesares num lembrete. 1 Lasneau amigo, esta choça, Onde a carne, breve, passa, Cheia de lama e fumaça, É minúscula palhoça. A Terra, ante o sol da Graça, É feio talhão de roça, Detendo por balda nossa Descrença, guerra e cachaça. Agora é que entendo isso, Mas é triste a fé sem viço Que o sepulcro impõe à pressa... Espere sem alvoroço, Além da prisão de osso, A vida real começa. 2 Oh! meu caro, se eu pudesse Dizer tudo o que não disse, Sem a velha esquisitice Que inda agora me entontece! Entretanto, é clara a messe Da sementeira de asnice. Perdi tempo em maluquice E o tempo me desconhece. É natural que padeça A minha pobre cabeça Perante a Luz, face a face. Não me olvide em sua prece, Desejo que a luta cesse, Que a coisa melhore e... passe. |
PARNASO DE ALEM TUMULO-Do último dia-Alfredo Nora
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abril 02, 2020