Cantiga na Seara
Alma querida escuta!
Na gleba que o Senhor te concede lavrar,
Não procure descanso... Olha o serviço à espera,
Esquece-te no bem, semeia, persevera,
A colheita futura exige trabalhar...
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Não te prendas à teias de amargura,
Do passado a lição é a dádiva que fica
Ajudando a pensar na existência mais rica
De alegria, bondade, entendimento, altura...
Olvida o que te doa ou perturbe a lembrança,
Fita a árvore antiga despojada,
Recompondo em si mesma o fulgor da ramada
Para depois cobrir-se em garbos de esperança...
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Folhas mortas na leira em sentido profundo
São apenas adubo para o chão,
Enquanto o vegetal servindo ao mundo,
Sobe em franca ascenção.
A terra que o Senhor te entregou a zelar
É formada de espíritos em prova,
E o teu amor é a força que os renova,
Porque o amor em si é um gênio tutelar.
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Sigamos, tempo afora, enquanto é dia...
Quanto trabalho em tudo a exigir-nos presença
E ação que rompa a treva que se amplia
Onde a revolta espalha a tristeza e a doença.
Aqui, a dor é um charco esperando o carinho
Das mãos de um lavrador que o socorra e suporte
Quase rente à penúria em pedras do caminho
Rogando um braço irmão que o liberte da morte.
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Além, a ignorância lembra praga
Tentando carcomer a fé recém-nascida,
Nos cérebros em fogo a loucura divaga,
Pregando a negação e conturbando a vida!...
Não te detenhas... Vem! Não temas
sombra ou lama,
O amor de Deus em ti é um dom vivo e perfeito...
Nada perguntes, serve... E nem critiques, ama!
O Céu te falará na acústica do peito...
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Toda a Terra de agora é um campo sem limite
Onde o Cristo nos chama ao labor renascente...
Bendito o servidor ante o novo convite
Que responda a Jesus: “Senhor estou presente!”
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