O QUE É Espírito?
A palavra espírito apresenta diferentes significados e
conotações diferentes, a maioria deles relativos a uma
substância não-corpórea em contraste com o corpo
material. A palavra espírito é muitas vezes usada
metafisicamente para se referir à consciência ou
personalidade. As noções de espírito e alma de uma
pessoa muitas vezes também se sobrepõem, como tanto
contraste com o corpo e ambos são entendidos como sobreviver
à morte do corpo na religião e ocultismo, e
"espírito" também pode ter o sentido de "fantasma", ou
seja, uma manifestação do espírito de uma pessoa
falecida.
O termo também pode se referir a qualquer incorpóreo ou
ser imaterial, tais como demônios ou divindades, no cristianismo
especificamente do Espírito Santo (embora com um "S") vivido
pelos discípulos no Pentecostes. |
Etimologia
A palavra
espírito tem sua raiz etimológica do Latim "spiritus",
significando "respiração" ou "sopro", mas também
pode estar se referindo a "coragem", "vigor" e finalmente, fazer
referência a sua raiz no idioma PIE *(s)peis-
(“soprar”). Na Vulgata, a palavra em Latim é
traduzida a partir do grego "pneuma"
(πνευμα), (em Hebreu (רוח) ruah), e
está em oposição ao termo anima, traduzido por
"psykhē".
A
distinção entre a alma e o espírito somente
ocorreu com a atual terminologia judaico-cristã (ex. Grego.
"psykhe" vs. "pneuma", Latim "anima" vs. "spiritus", Hebreu "ruach" vs.
"neshama", "nephesh" ou ainda "neshama" da raíz "NSHM",
respiração.) |
A
declaração do apóstolo Paulo nas Escrituras de que
`o espírito, alma e corpo´ devem ser `conservados
íntegros´, expressa claramente que alma e espírito
são coisas distintas. 1 Tessalonicenses 5:23.
A palavra espírito costuma ser usada em dois contextos, um metafísico e outro metafórico. |
Cristianismo
Não há uma
única opinião sobre a natureza do homem entre os
cristãos. Enquanto certos ramos do cristianismo defendem que
`corpo´ e `espírito´ são partes integrantes
do homem, e que este último, separa-se em caso de morte para
receber sua recompensa (Céu ou Inferno) segundo as obras
praticadas em vida; outros defendem que o homem é uma unidade
indivisível de corpo, mente (alma) e espírito, e que este
último, é somente um `vento´ ou `folego de
vida´ soprado por Deus nas narinas do homem na
Criação (Gênesis 2:7) e que não possui, em
si, qualquer inteligência ou emoção após a
morte (Eclesiastes 9:5,6 e 10), alcançando, o ser, sua
recompensa (vida eterna ou morte eterna) em carne e osso. |
Filosofia
Espírito é
definido pelo conjunto total das faculdades intelectuais. Ele é
frequentemente considerado como um princípio ou essência
da vida incorpórea (religião e tradição
espiritualista da filosofia), mas pode também concebido como um
princípio material (conjunto de leis da física que geram
nosso sistema nervoso). |
Na Antiguidade,
o sopro e o que ele portava (o som, a voz, a palavra, o nome) continha
a vida, seja em protótipo, em essência ou em
potência (mítica). No tronco judaico-cristão das
religiões diz-se que Deus soprou o barro para gerar o (ser no)
homem. Dar um nome aos seres vivos ou não, emitir o som do nome
(i.e, chamar por um nome, imitar as vozes animais, mimetizá-los,
fazer do nome onomatopeia, apresentar-lhes na língua, dar-lhes
uma palavra que lhes chame etc), fazer soar pela emissão do
sopro vocal, significava possuir (ter o que é deles, a carne, a
voz, i.e., ser-lhes o proprietário). Assim, diz-se também
que ao dar nomes aos animais, o Homem ancestral, tomou deles a posse,
tomou deles algo, deu-lhes a representação, o
espírito. Nos contos míticos, emitir um som significa
chamar pelo ser que atente a tal som. Assim, o génio da
lâmpada de Aladino das (Mil e Uma Noites) aparecia quando Aladino
esfregava a lâmpada maravilhosa, assim emitindo um ruído
ou som que era exactamente o nome do génio encarcerado.
Em política,
diz-se do espírito das leis, expresso na
constituição. O termo espírito das leis vem de
Montesquieu, que escreveu um livro sobre com este título, no
qual ele descreve o sistema triparte de repartição dos
estados. |
Corpo e espírito
Em diferentes culturas,
o espírito vivifica o ser no mundo. O espírito
também permitiria ao ser perceber o elo entre o corpo e a alma.
Entretanto, muitas vezes espírito é identificado com alma
e vice-versa, sendo utilizados de forma equivalente para expressar a
mesma coisa.
Segundo a teoria
dualista de Descartes, o corpo e o espírito são duas
substâncias imiscíveis, cada qual com uma natureza
diferente: o espírito pertenceria ao mundo da racionalidade (res
cogitans), enquanto o corpo às coisas do mundo com
extensão (res extensa), i.e., ao mundo das coisas
mensuráveis. Descartes acreditava que a função da
glândula pineal seria unir a alma/espírito ao corpo. Sua
visão do ser humano era mecanicista. O corpo era tratado como
uma máquina de grande complexidade. Pensava em partes separadas,
no que ligaria o que com o que, qual seria a função de
cada parte, em suas relações etc.
Para algumas
tradições religiosas, a morte separa o espírito do
corpo físico, e a partir daí, o espírito passa a
ser somente da esfera espiritual. Para estas, a morte parece não
encerrar a existência de cada ser particular. |
Psicologia
Em psicologia, o espírito designa a atitude mental dominante de
uma pessoa ou de um grupo, que motiva-o a fazer ou a dizer coisas de um
determinado modo. |
Espiritologia
De acordo com a
espiritologia (ou "psicologia espiritual"), o espírito é
o corpo psíquico, que entra em contato com a quarta
dimensão (ou Mundo Astral), local onde não existem
problemas de espaço (distâncias) ou de tempo. Segundo esta
corrente, o ser humano pode entrar em contacto com outros lugares ou
até outras épocas, sendo que, alguns pesquisadores, como
o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, acreditavam que os
problemas do mundo contemporâneo, não eram regidos apenas
pelas pessoas fisicamente, mas também psiquicamente, utilizando
o mundo astral como meio de intervir no Mundo Terrestre. |
Outros Espíritos na Bíblia
Na Bíblia, a
expressão "espíritos" também se refere aos anjos
que se rebelaram contra Deus (Apocalipse 12:7-9). Na
tradição judaico cristã, são também
chamados de "anjos decaidos" ou "demônios". Eles subordinaram-se
à liderança de um anjo rebelde que foi proeminente na
hierarquia angélica, comummente denominado por Satanás e
Diabo.
Segundo a Bíblia,
estes "anjos decaidos" teriam grande força e influência
sobre a mente e o modo de viver dos humanos (2 Corínthios 11:14
e 15). Operam grandes sinais, de maneira que até fogo do
céu faz descer à terra diante dos homens (Apocalipse
13:13). Teriam capacidade de se incorporar em humanos e em animais e
possuí-los (possessão).
No Novo Testamento, o uso
do termo "demónio", em gr. daimoníon, é limitado e
específico em comparação com as
noções dos antigos filósofos e o modo em que esta
palavra era usada no grego clássico. Originalmente, o termo
daimoníon designava as divindades, que podiam ser boas ou ruins
- para um estudo mais acurado do termo, veja SPINELLI. Miguel.
"Sócrates e o seu daimónion". In: Questões
Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo: Loyola, 2006, pp.
108-128. |
Espiritismo
Segundo a Doutrina
espírita, o espírito é a
individualização do princípio inteligente do
Universo. Quando encarnado - ou seja, vestido de um corpo humano -
é chamado de alma, nesta situação alma e
espírito são as mesmas coisas. A
reencarnação, segundo o espiritismo, é o processo
de auto-aperfeiçoamento por que passam todos os espíritos.
Para os espíritas,
o estado natural do espírito seria o de liberdade em
relação à matéria, ou seja, a
condição de desencarnado. Nesta situação, o
espírito mantém a sua personalidade e suas
características individuais.
Também segundo a
doutrina espírita, a interação do espírito
com o cérebro se dá através do perispírito.
Este conecta a vontade que nasce no espírito com o
estímulo que direciona o cérebro.
Para designar um
espírito específico, os espíritas utilizam a
inicial em maiúsculo, como por exemplo: "O Espírito
Emmanuel".
Teosofia
Na Teosofia, o
espírito é associado aos dois princípios mais
elevados do Homem, a díade Atman-Budhi, a essência imortal
do Homem. |
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