sigismund schiomo freud igismund Schlomo Freud (Freiberg in Mähren, 6 de maio de 1856 — Londres, 23 de setembro de 1939[3] ), mais conhecido como Sigmund Freud, foi um médico neurologista e criador da Psicanálise.[2] Freud nasceu em uma família judaica, em Freiberg in Mähren, na época pertencente ao Império Austríaco. Atualmente a localidade é denominada Příbor, na República Tcheca. Freud iniciou seus estudos pela utilização da técnica da hipnose como forma de acesso aos conteúdos mentais no tratamento de pacientes com histeria. Ao observar a melhora de pacientes de Charcot, elaborou a hipótese de que a causa da doença era psicológica, não orgânica. Essa hipótese serviu de base para seus outros conceitos , como o do inconsciente. Freud também é conhecido por suas teorias dos mecanismos de defesa, repressão psicológica e por criar a utilização clínica da psicanálise como tratamento da psicopatologia, através do diálogo entre o paciente e o psicanalista. Freud acreditava que o desejo sexual era a energia motivacional primária da vida humana, conhecida como libido, assim como suas técnicas terapêuticas. Sua obra fez surgir uma nova compreensão do ser humano: um animal dotado de razão imperfeita influenciado por seus desejos e sentimentos que cria na mente destes um tormento pela contradição entre esses impulsos e a vida em sociedade tinha uma visão biopsicossocial do ser humano. Fatos como a descrição de pacientes curados através do diálogo por Josef Breuer e a morte do colega Ernst von Fleischl-Marxow por overdose do antidepressivo da época, a cocaína, levou-o ao abandono das técnicas de hipnose e drogas para utilizar uma nova metodologia: a cura pela fala, a Psicanálise, em favor da interpretação de sonhos e da livre associação, como vias de acesso ao inconsciente.Suas teorias e seu tratamento com seus pacientes foram controversos na Viena do século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje. Suas ideias são frequentemente discutidas e analisadas como obras de literatura e cultura geral em adição ao contínuo debate ao redor delas no uso como tratamento científico e médico. No entanto sua teoria é de grande influência para psicologia atual. Biografia
Nascido Sigmund Schlomo Freud, em 1856. Aos quatro anos de idade sua família transferiu-se para Viena por problemas financeiros e problemas de saúde. Morou em Viena até 1938 quando, após o Anschluss (em razão de sua etnia judaica), refugia-se na Inglaterra, onde já se encontrava parte de sua família.
Freud ingressou na Universidade de Viena aos 17 anos. Ele planejava estudar direito mas, ao invés disso, entrou para a faculdade de medicina, onde seus estudos incluíram filosofia, com o professor Franz Brentano, fisiologia, com o professor Ernst Brücke e zoologia, com o professor Darwinista Carl Friedrich Claus. Em 1876, Freud passou quatro semanas na estação zoológica de Claus em Trieste, dissecando o sistema reprodutor masculino de centenas de enguias, num estudo que se revelou inconclusivo. Graduou-se em medicina em 1881.
Sigmund Freud é filho de Jacob Freud e de sua terceira mulher Amalie Nathanson (1835-1930). Jacob, um judeu proveniente da Galícia e comerciante de lã, muda-se para Viena em 1860.
Os
primeiros anos de Freud são pouco conhecidos, já que ele
destruiu seus escritos pessoais em duas ocasiões: a primeira em 1885 e novamente em 1894.
Além disso, seus escritos posteriores foram protegidos
cuidadosamente nos Arquivos de Sigmund Freud, aos quais só
tinham acesso Ernest Jones (seu biógrafo oficial) e uns poucos membros do círculo dapsicanálise. O trabalho de Jeffrey Moussaieff Masson pôs alguma luz sobre a natureza do material oculto.
Em 14 de Setembro de 1886, em Hamburgo, Freud casou-se com Martha Bernays.
Freud e Martha tiveram seis filhos: Mathilde, nascida em 1887, Jean-Martin, nascido em 1889, Olivier, nascido em 1891, Ernst, nascido em 1892, Sophie, nascida em 1893 e Anna, nascida em 1895. Um deles, Martin Freud, escreveu uma memória intitulada Freud: Homem e Pai,
na qual descreve o pai como um homem que trabalhava extremamente, por
longas horas, mas que adorava ficar com suas crianças durante as
férias de verão.
Anna Freud,
filha de Freud, foi também uma psicanalista destacada,
particularmente no campo do tratamento de crianças e do
desenvolvimento psicológico. Sigmund Freud foi avô do
pintor Lucian Freud e do ator e escritor Clement Freud, e bisavô da jornalista Emma Freud, da desenhista de moda Bella Freud e do relacionador público Matthew Freud.
Por sua vida inteira Freud teve uma posição financeira modesta. Josef Breuer foi no início um aliado de Freud em suas ideias e também um aliado financeiro.
Freud
criou o termo "psicanálise" para designar um método para
investigar os processos inconscientes e de outro modo
inacessíveis do psiquismo.
Nos tempos do nazismo, Freud perdeu quatro das cinco irmãs nos campos de concentração: Regine (Rosa) em Auschwitz, Mitzi (Marie) em Theresienstadt,
Dolfi (Esther Adolfine) e Paula (Pauline) em Treblinka. Embora Marie
Bonaparte tenha tentado tirá-las do país, elas foram
impedidas de sair de Viena pelas autoridades nazistas
Maturidade
Freud
iniciou os estudos na universidade aos 17 anos, os quais tomam-lhe
inesperadamente bastante tempo até a graduação, em
1881. Registros de amigos que o conheciam naquela época, assim
como informações nas próprias cartas escritas por
Freud, sugerem que ele foi menos diligente nos estudos de medicina do
que devia ter sido. ] Em
lugar dos estudos, ele atinha-se à pesquisa científica,
inicialmente pelos estudos dos órgãos sexuais de enguias
— um estranho, mas interessante presságio das teorias
psicanalíticas que estariam por vir vinte anos mais tarde. De
acordo com os registros, Freud completa tal estudo satisfatoriamente,
mas sem distinção especial. Em 1877, desapontado com os
resultados e talvez menos excitado em enfrentar mais
dissecações de enguias, Freud vai ao laboratório de Ernst Brücke, que torna-se seu principal modelo de ciência.
Com Brücke, Freud entra em contato com a linha fisicalista da Fisiologia. O interesse de Brücke não era apenas descobrir as estruturas de órgãos ou células particulares, mas sim, suas funções.
Dentre as atribuições de Freud, nesta época,
estavam o estudo da anatomia e da histologia do cérebro humano.
Durante os estudos, identifica várias semelhanças entre a
estrutura cerebral humana e a de répteis, o que o remete ao
então recente estudo de Charles Darwin sobre
a evolução das espécies e à
discussão da "superioridade" dos seres humanos sobre outras
espécies.
Freud, então, conhece Martha Bernays,
e parece ter sido amor à primeira vista. O seu desejo de
desposar Martha, o baixo salário e as poucas perspectivas de
carreira na pesquisa científica fazem-no abandonar o
laboratório e a começar a trabalhar no Hospital Geral, o
principal hospital de Viena, passando por vários departamentos
do mesmo. O próprio Brücke aconselha-o a mudar, apesar de
seu bom desempenho e com razão, já que Freud precisava
ganhar dinheiro.
No hospital, depois de algumas desilusões com o estudo dos efeitos terapêuticos da cocaína —
com inclusive um episódio de morte por overdose de um amigo da
época do laboratório de Brücke —, Freud recebe
uma licença e viaja para a França, onde trabalha com Charcot, um respeitável psiquiatra do hospital psiquiátrico Saltpêtrière que estudava a histeria.
De
volta ao Hospital Geral e entusiasmado pelos estudos de Charcot, Freud
passa a atender, na maior parte, jovens senhoras judias que sofriam de
um conjunto de sintomas aparentemente neurológicos que
compreendiam paralisia, cegueira parcial, alucinações,
perda de controle motor e que não podiam ser diagnosticados com
exames. O tratamento mais eficaz para tal doença incluía,
na época, massagem, terapia de repouso e hipnose.
Apenas
em Setembro de 1886 Freud casa-se com Martha Bernays, com a ajuda
financeira de alguns amigos mais abastados, dentre eles Josef Breuer,
um colega mais velho da faculdade de medicina. Foi com as
discussões de casos clínicos com Breuer que surgiram as
ideias que culminaram com a publicação dos primeiros
artigos sobre a psicanálise.
O
primeiro caso clínico relatado deve-se a Breuer e descreve o
tratamento dado a uma paciente (Bertha Pappenheim, chamada de "Anna O."
no livro), que demonstrava vários sintomas clássicos de histeria.
O método de tratamento consistia na chamada "cura pela fala" ou
"cura catártica", na qual o ou a paciente discute sobre as suas
associações com cada sintoma e, com isso, os faz
desaparecer.[10] Esta
técnica tornou-se o centro das técnicas de Freud, que
também acreditava que as memórias ocultas ou "reprimidas"
nas quais baseavam-se os sintomas de histeria eram sempre de natureza
sexual. Breuer não concordava com Freud neste último
ponto, o que levou à separação entre eles logo
após a publicação dos casos clínicos.
Na
verdade, inicialmente, a classe médica em geral acaba por
marginalizar as ideias de Freud; seu único confidente durante
esta época é o médico Wilhelm Fliess. Depois que o
pai de Freud falece, em outubro de 1896, segundo as cartas recebidas
por Fliess, Freud, naquele período, dedica-se a anotar e
analisar seus próprios sonhos, remetendo-os à sua
própria infância e, no processo, determinando as
raízes de suas próprias neuroses. Tais
anotações tornam-se a fonte para a obra A Interpretação dos Sonhos.
Durante o curso desta autoanálise, Freud chega à
conclusão de que seus próprios problemas eram devidos a
uma atração por sua mãe e a uma hostilidade ao seu
pai. É o famoso "complexo de Édipo", que se torna o coração da teoria de Freud sobre a origem da neurose em todos os seus pacientes.
Essa
concepção de que a base do pensamento Freudiano
está no complexo de Édipo, é contestada por Bruno Bettelheim. Este foi um profundo conhecedor de Freud e informa, baseado nas Metamorfoses de Apuléio, a base do pensamento de Freud está na paixão desenvolvida por Amor, filho de Júpiter por Psique, filho de Vênus (Afrodite) (estas eram as filha dos Rei Lear do Mercador de Veneza, participantes do julgamento de Páris,
do qual Psique era a mais bela. (no mito original grego Eros é
filho de Afrodite e Psiquê, uma princesa mortal. O mito é
uma alegoria do encontro da Alma com o Amor. Em versões mais
antigas Eros é uma divindade primordial saída do Caos e
não é filho de ninguém. Páris aparece em
outro mito, no qual ele deve escolher a mais bela entre três
deusas, desencadeando a guerra de Tróia.) Mesmo tendo sido
corrompido por Vênus e tendo Páris a feito vencedora, a
formosura de Psique a tornou mais venerada do que Vênus.
Vénus
beijou longamente e ardorosamente Amor para que este destruísse
Psique, mas este se apaixonou por ela e pediu ajuda a Júpiter, o
qual a aceita como noiva do seu filho. (Originalmente Afrodite,
enciumada da mortal, envia o filho para fazê-la apaixonar-se por
um indivíduo vil, mas ele se fere acidentalmente com uma de suas
setas. No decorrer do mito eles se unem e se separam, mas por seu
próprio mérito, Psiqué recupera seu Amor, que
obtém de Zeus o direito de fazê-la imortal.) Conforme
ensina Bruno Bettelheim "Em alguns aspectos, a história de Amor
e Psique é uma réplica de Édipo, mas existem
importantes diferenças" ("in" Freud e a alma humana, 14. ed. 2008, p. 27). Ocorre que o controle dos instintos faz o final de Amor e Psique feliz, enquanto o do Rei Édipo terminou em tragédia.
O
exposto evidencia que a base do pensamento de Freud não
está no complexo de Édipo porque este não soube
controlar seus sentimentos e agiu contra a natureza, mas em Amor e
Psique ou Alma.
Últimos anos e morte
Nos primeiros anos do século XX, são publicadas suas obras A Interpretação dos Sonhos e A psicopatologia da vida cotidiana.
Nesta época, Freud já não mantinha mais contato
nem com Josef Breuer, nem com Wilhelm Fliess. No início, as
tiragens das obras não animavam Freud, mas logo médicos
de vários lugares — Eugen Bleuler, Carl Jung,
Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi — mostram respaldo
às suas ideias e passam a compor o Movimento
Psicanalítico.
Freud morre de cancro no palato aos 83 anos de idade (passou por trinta e três cirurgias). Supõe-se que tenha morrido de uma overdose de morfina. Freud
sentia muita dor, e segundo a história contada, ele teria dito
ao médico que lhe aplicasse uma dose excessiva de morfina para
terminar com o sofrimento, o que seria eutanásia.
Encontra-se sepultado no Golders Green Crematório, Golders Green, Grande Londres na Inglaterra.
Pensamento e Linguagem
Em
suas teorias, Freud afirma que os pensamentos humanos são
desenvolvidos, obtendo acesso à consciência, por processos
diferenciados, relacionando tal ideia à de que a
sistemática do nosso cérebro trabalha essencialmente com
o campo da semântica, isto é, a mente desenvolve os
pensamentos num sistema intrincado de linguagem baseados em imagens, as
quais são meras representações de significados
latentes.
Teoria da Representação
O fenômeno representacional psíquico está relacionado ao sistema nervoso humano.
As representações, segundo Freud, são
analógicas e imagéticas. Estas se inter-relacionam
através de redes associativas. As redes associativas das
representações são provenientes do processo
fisiológico cerebral, que se baseia em uma rede de
neurônios Esse processo ocorre através de um mecanismo reflexo: a informação parte por uma rede associativa de neurônios até
chegar à região motora e sensorial. Ela provoca
então, modificações nas células centrais,
causando a formação das representações.
Enquanto
elementos, as representações são originadas da
percepção sensorial do indivíduo. São
unidades mentais tanto de objetos, como de situações,
sensações, relações.
A
representação de objeto, também chamada de
representação da "coisa", é “... um complexo
de associações, formado por uma grande variedade de
apresentações visuais, acústicas, táteis,
cenestésicas e outras", de acordo com Freud.
As
emoções, por exemplo, são processos de descarga de
energia, que são percebidos como os sentimentos. São as
chamadas representações imagéticas, que não
formam imagens psíquicas, e sim traços mnésicos de
sensações.
É
preciso destacar que as relações entre as
representações não são a
demonstração e a manifestação dos
sentimentos, dos afetos, das emoções. A
relação entre os tipos de representação
formam as ideias, ou seja, as relações associativas
contidas nas representações de objeto (captadas pelos
processos perceptivos) formam os complexos de sensações
associados dando origem a uma representação completa.
Portanto, um único objeto representado na mente é
constituído por seus vários aspectos sensoriais da
realidade externa: cor, gosto, textura, cheiro e coisas do gênero.
Teoria do processo de pensamento
Segundo
Freud, o processo de pensamento é a ativação ou
inibição dos complexos de sensações
associadas que tornam possível o fenômeno representacional
psíquico, o que se dá através da energia que flui
no sistema nervoso pelos sistemas de neurônios. Podemos
distinguir, neste processamento, um nível primário e um
secundário.
Processo Primário
Associado
ao inconsciente, o processamento primário do pensamento é
aquele que dirige ações imediatas ou reflexas, sendo
associado, assim, ao prazer, ao emocional do indivíduo e ao
fenômeno de arco reflexo.
Nele, a energia presente no aparelho mental flui livremente pelas
representações, do pólo do estímulo ao da
resposta.
Processo Secundário
O
processo de pensamento secundário, por outro lado, está
associado ao pré-consciente, também chamado de
"ação interiorizada" ou, ainda, de "processo racional do
pensamento". Nele, o escoamento de energia mental fica retido,
só acontecendo após uma série de
associações, as quais se refletem no aparelho
psíquico. As ações decorrentes dessa forma de
processamento devem ser tomadas com base no mundo externo, no contexto
em que a pessoa se encontra e em seus objetivos. Assim, ao
contrário da energia do processo primário, que é
livre, a energia do secundário é condicional, ou seja,
está sujeita a quaisquer ações.[4]
Linguagem e Psicanálise
Em diversas obras, como "A Interpretação dos Sonhos",
"A Psicopatologia da Vida Cotidiana" e "Os Chistes e suas
Relações com o Inconsciente", Freud não só
desenvolve sua teoria sobre o inconsciente da mente humana, como
articula o conteúdo do inconsciente ao ato da fala,
especialmente aos atos falhos.
Para
Freud, a consciência humana subdivide-se em três
níveis, Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente –
o primeiro contém o material perceptível; o segundo o
material latente, mas passível de emergir à
consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o
material de difícil acesso, isto é, o conteúdo
mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos
do homem.
Os
níveis de consciência estão distribuídos
entre as três entidades que formam a mente humana, ou seja, o Id, o Ego e o Superego.
Segundo
Freud, o conteúdo do inconsciente é, muitas vezes,
reprimido pelo Ego. Para driblar a repressão, as ideias
inconscientes apelam aos mecanismos definidos por Freud em sua obra
“A Interpretação dos Sonhos”, como
deslocamento e condensação. Estes dois, mais tarde,
seriam relacionados por Jacobson à metonímia e
metáfora, respectivamente.
Portanto,
as representações de ideias inconscientes manifestam-se
nos sonhos como símbolos imagéticos, tanto
metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito
à fala, o inconsciente consegue expelir ideias recalcadas
através dos chistes ou atos falhos.
Freud propõe que as piadas ou as “trocas de palavras por
acidente” nem sempre são inócuas. Antes, são
mecanismos da fala que articulam ideias aparentes com ideias
reprimidas, são meios pelos quais é possível
exprimir os instintos primitivos.
Semelhante
à análise dos sonhos, a análise da fala seria um
caminho psicanalítico para investigar os desejos ocultos do
homem e as causas das psicopatologias.
“É na palavra e pela palavra que o inconsciente encontra sua articulação essencial.”
Deste
modo, Freud cria uma inter-relação entre os campos da
linguística e da psicanálise, que será retomada
por estudiosos posteriores, como Jacques-Marie Émile Lacan.
Inovações de Freud
Freud
foi inovador. Simultaneamente, desenvolveu uma teoria da mente e da
conduta humana, e uma técnica terapêutica para ajudar
pessoas afetadas psiquicamente. Alguns de seus seguidores afirmam estar
influenciados por um, mas não pelo outro campo.
Provavelmente
a contribuição mais significativa que Freud fez ao
pensamento moderno é a de tentar dar ao conceito de inconsciente um status científico (não compartilhado por várias áreas da ciência e da psicologia). Seus conceitos de inconsciente, desejos inconscientes e repressão foram
revolucionários; propõem uma mente dividida em camadas ou
níveis, dominada em certa medida por vontades primitivas que
estão escondidas sob a consciência e que se manifestam nos
lapsos e nos sonhos.
Em sua obra mais conhecida, A Interpretação dos Sonhos,
Freud explica o argumento para postular o novo modelo do inconsciente e
desenvolve um método para conseguir o acesso ao mesmo, tomando
elementos de suas experiências prévias com as
técnicas de hipnose.
Como parte de sua teoria, Freud postula também a existência de um pré-consciente, que descreve como a camada entre o consciente e o inconsciente (o termo subconsciente é
utilizado popularmente, mas não é parte da terminologia
psicanalítica). A repressão em si tem grande
importância no conhecimento do inconsciente. De acordo com Freud,
as pessoas experimentam repetidamente pensamentos e sentimentos que
são tão dolorosos que não podem
suportá-los. Tais pensamentos e sentimentos (assim como as
recordações associadas a eles) não podem ser
expulsos da mente, mas, em troca, são expulsos do consciente,
para formar parte do inconsciente.
Embora
ao longo de sua carreira Freud tenha tentado encontrar padrões
de repressão entre seus pacientes que derivassem em um modelo
geral para a mente, ele observou que pacientes diferentes reprimiam
fatos diferentes. Observou ainda que o processo da repressão
é em si mesmo um ato não-consciente (isto é,
não ocorreria através da intenção dos
pensamentos ou sentimentos conscientes). Em outras palavras, o
inconsciente era tanto causa como efeito da repressão.
Cocaína
Como um pesquisador da área médica e da Psicanalise, Freud foi um dos primeiros a usar e a propor o uso da cocaína como um estimulante, bem como analgésico. Ele escreveu vários artigos sobre as qualidades antidepressivas do medicamento e ele foi influenciado por seu amigo e confidente Wilhelm Fliess,
que recomendou a cocaína para o tratamento da "neurose nasal reflexa".
Fliess operou Freud e o nariz de vários pacientes de Freud que ele
acreditava estarem sofrendo do transtorno, incluindo Emma Eckstein, cuja cirurgia foi desastrosa. ]
Freud
achava que a cocaína iria funcionar como uma panaceia para muitos
transtornos e escreveu um artigo científico bem recebido, "Sobre Coca"
(Über Coca, em alemão), explicando as suas virtudes. Prescreveu-o para
seu amigo Ernst von Fleischl-Marxow para ajudá-lo a superar o vício da morfina que tinha adquirido ao tratar uma doença do sistema nervoso.
Divisão do Inconsciente
Freud
procurou uma explicação à forma de operar do inconsciente, propondo uma
estrutura particular. No primeiro tópico recorre à imagem do "iceberg"
em que o consciente corresponde à parte clara, e o inconsciente
corresponde à parte não visível, ou seja, a parte submersa do
"iceberg". De sua teoria ele estava preocupado em estudar o que levava
à formação dos sintomas psicossomáticos (principalmente a histeria,
por isso apenas os conceitos de inconsciente, pré-consciente e
consciente eram suficientes). Quando sua preocupação se virou para a
forma como se dava o processo da repressão, passou a adotar os
conceitos de id, ego e superego.
Freud
estava especialmente interessado na dinâmica destas três partes da
mente. Argumentou que essa relação é influenciada por fatores ou
energias inatas, que chamou de pulsões. Descreveu duas pulsões
antagónicas: Eros, uma pulsão sexual com tendência à preservação da vida, e Tânato, a pulsão da morte,
que levaria à segregação de tudo o que é vivo, à destruição. Ambas as
pulsões não agem de forma isolada, estão sempre trabalhando em
conjunto. Como no exemplo de se alimentar, embora haja pulsão de vida
presente, afinal a finalidade de se alimentar é a manutenção da vida,
existe também a pulsão de morte presente, pois é necessário que se
destrua o alimento antes de ingeri-lo, e aí está presente um elemento
agressivo, de segregação.
Libido
Freud também acreditava que a libido amadurecia
nos indivíduos por meio da troca de seu objeto (ou objetivo).
Argumentava que os humanos nascem "polimorficamente perversos", no
sentido de que uma grande variedade de objetos possam ser uma fonte de
prazer, sem ter a pretensão de se chegar à finalidade última, ou seja,
o ato sexual. O desenvolvimento psicossexual ocorreria em etapas, de
acordo com a área na qual a libido está mais concentrada: a etapa oral
(exemplificada pelo prazer dos bebês ao chupar a chupeta, que não tem
nenhuma função vital, mas apenas de proporcionar prazer); a etapa anal
(exemplificada pelo prazer das crianças ao controlar sua defecação); e
logo a etapa fálica (que é demonstrada pela manipulação dos órgãos
genitais). Até então percebe-se que a libido é voltada para o próprio
ego, ou seja, a criança sente prazer consigo mesma. O primeiro
investimento objetal da libido, segundo Freud, ocorreria no progenitor
do sexo oposto, esta fase caracterizada pelo investimento libidinal em
um dos progenitores (se chama complexo de Édipo).
A criança percebe então que entre ela e a mãe (no caso de um menino)
existe o pai, impedindo a comunhão por ele desejada. A criança passa
então a amar a mãe e a experienciar um sentimento antagônico de amor e
ódio com relação ao pai. Ela percebe então que tanto o amor vivido com
a mãe como o ódio vivido com o pai são proibidos e o complexo de Édipo
é então finalizado com o surgimento do superego, com a desistência da
criança com relação à mãe e com a identificação do menino com o pai.
Crítica ao modelo psicossexual
O
modelo psicossexual que desenvolveu tem sido criticado por diferentes
frentes. Alguns têm atacado a afirmação de Freud sobre a existência de
uma sexualidade infantil (e, implicitamente, a expansão que se fez na
noção de sexualidade). Outros autores, porém, consideram que Freud não ampliou os conhecimentos sobre sexualidade (que tinham antecedentes na psiquiatria e na filosofia, em autores como Schopenhauer); senão que Freud "neurotizou" a sexualidade ao relacioná-la com conceitos como incesto, perversão e transtornos mentais. Ciências como a antropologia e a sociologia argumentam que o padrão de desenvolvimento proposto por Freud não é universal nem necessário no desenvolvimento da saúde mental, qualificando-o de etnocêntrico por omitir determinantes socioculturais.
Freud esperava provar que seu modelo, baseado em observações da classe média austríaca, fosse universalmente válido. Utilizou a mitologia grega e a etnografia contemporânea como modelos comparativos. Recorreu ao "Édipo Rei" de Sófocles para indicar que o ser humano deseja o incesto de forma natural e como é reprimido este desejo. O complexo de Édipo foi descrito como uma fase do desenvolvimento psicossexual e de amadurecimento. Também fixou-se nos estudos antropológicos de totemismo, argumentando que reflete um costume ritualizado do complexo de Édipo (Totem e Tabu). Incorporou também em sua teoria conceitos da religião católica e da judaica; assim como princípios da Sociedade Vitoriana sobrerepressão, sexualidade e moral; e outros da biologia e da hidráulica.
Esperava
que sua investigação proporcionasse uma sólida base científica para seu
método terapêutico. O objetivo da terapia freudiana ou psicanálise é,
relacionando conceitos da mente cartesiana e da hidráulica, mover
(mediante a associação livre e da interpretação dos sonhos) os
pensamentos e sentimentos reprimidos (explicados como uma forma de
energia) através do consciente para permitir ao sujeito a catarse que provocaria a cura automática.
Outro
elemento importante da psicanálise é a pouca intervenção do
psicanalista para que o paciente possa projetar seus pensamentos e
sentimentos no psicanalista. Através deste processo, chamado de transferência,
o paciente pode reconstruir e resolver conflitos reprimidos (causadores
de sua doença), especialmente conflitos da infância com seus pais.
É menos conhecido o interesse de Freud pela neurologia. No início de sua carreira investigou a paralisia cerebral.
Publicou numerosos artigos médicos neste campo. Também mostrou que a
doença existia muito antes de outros pesquisadores de seu tempo terem
notícia dela e de a estudarem. Também sugeriu que era errado que esta
doença, segundo descrito por William Little (cirurgião ortopédico britânico), tivesse como causa uma falta de oxigênio durante
o nascimento. Ao invés disso, Freud afirmou que as complicações no
parto eram somente um sintoma do problema. Somente na década de 1980 suas especulações foram confirmadas por pesquisadores modernos.
Críticas a Freud
Atualmente,
muitas críticas tem sido feitas ao método psicanalítico, porém, por
mais que a ciência moderna avance, muitos dos conceitos estruturadores
da psiquê humana e os resultados obtidos pela aplicação do método
continuam melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas. Nota-se que
a revolução promovida por Freud abriu caminhos para estudos que
antigamente se encontravam em um plano imaginário. A criação de um
método clínico a serviço do diagnóstico e tratamento de doenças da psiquê é um fato sem igual em toda a história da ciência. Porém é de se constatar certamente que em muitos escritos de Montaigne e de Pascal a ideia da autoanálise já era usada para explicar problemas subjetivos usando a lógicavigente,
transformando os problemas do ser e de seu inconsciente em desafios
universais, com os quais todos os homens se deparam.
Uma das mais severas críticas sofridas pelo método psicanalítico foi feita pelo filósofo da ciência Karl Popper. Segundo ele, a psicanálise é pseudociência, pois uma teoria seria científica apenas se pudesse ser falseável pelos fatos.
Um exemplo é a teoria freudiana do "Complexo de Édipo". Freud afirmava que esse complexo era universal, mas com que base de dados chegou a essa conclusão? Na época da formulação da psicanálise,
a sua "amostra" era bastante limitada; parte dela vinha de sua
experiência subjetiva (a sua "autoanálise" precedendo a publicação de A Interpretação dos Sonhos) e da sua prática clínica, feita na maioria das vezes com pacientes burgueses de uma Áustria vitoriana.
Ou seja: uma amostra retirada de contextos bem específicos e que não
podem fundamentar a universalidade pretendida pelo autor.
Outra
crítica robusta foi feita pelo psiquiatra inglês Willian Sargant no
livro "A possessão da mente". O autor relata suas experiências com
pacientes com traumas de guerra, em que ele se deparou com situações
nas quais estes se tornavam altamente sugestionáveis. O método
psicanalítico, segundo Sargant atuaria de forma semelhante a estes
fenômenos, o que tornava não críveis os relato dos pacientes que
supostamente confirmavam o pensamento freudiano. Como a relação
psicanalista-paciente pode provocar estados de alta sugestionabilidade,
estes estariam, na verdade, expressando as crenças do próprio
psicanalista.
ALGUNS Pacientes de Freud
Esta é uma lista parcial de pacientes cujos estudos de caso foram publicados por Freud.
Obras
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BIOGRAFIA DE SIGMUND FREUD
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maio 06, 2016