O CHORO
O
choro, popularmente chamado de chorinho, é um gênero de música popular
e instrumental brasileira, que surgiu no Rio de Janeiro em meados do
século XIX.
O
O
choro pode ser considerado como a primeira música urbana tipicamente
brasileira e ao longo dos anos se transformou em um dos gêneros mais
prestigiados da música popular nacional, reconhecido em excelência e
requinte. Tem como origens estilísticas o lundu, ritmo de inspiração
africana à base de percussão, com gêneros europeus. A composição
instrumental dos primeiros grupos de choro era baseada na trinca
flauta, violão e cavaquinho - a esse núcleo inicial do choro também se
chamava pau e corda, por serem de ébano as flautas usadas -, mas com o
desenvolvimento do gênero, outros instrumentos de corda e sopro foram
incorporados.
O
choro é visto como o recurso do qual se utilizou o músico popular para
executar, ao seu estilo, a música importada e consumida nos salões e
bailes da alta sociedade do Império a partir da metade do século XIX.
Sob o impulso criador e improvisado dos chorões, logo a música
resultante perdeu as características dos seus países originários e
adquiriu feições genuinamente brasileiras. A improvisação é condição
básica do bom chorão, termo ao qual passou a ser conhecido ao músico
integrante do choro, bem como requer uma alta virtuosidade de seus
intérpretes, cuja técnica de composição não deve dispensar o uso de
modulações imprevistas e armadas com o propósito de desafiar e a
capacidade ou o senso polifônico dos acompanhantes. Além disso, admite
uma grande variedade na composição instrumental de cada conjunto e
comporta a participação de um grande número de participantes, sem
prefixar seu número.
HistóriaNome
Como
ocorre com outros gêneros musicais, existem inúmeras discussões entre
os pesquisadores sobre a gênese da palavra "choro". Dentre as versões
conhecidas, uma diz respeito que o termo surgiu de uma fusão entre
"choro", do verbo chorar, e "chorus", que em latim significa "coro". Para Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão, a expressão choro pode derivar da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século XIX e
os que a apreciavam passaram a chamá-la de música de fazer chorar. Por
extensão, próprio conjunto de choro passou a ser denominado pelo termo,
por exemplo, "Choro do Calado". Já Ari Vasconcelos vê a palavra choro
seria uma corruptela de choromeleiros, corporações de músicos que
tiveram atuação importante no período colonial brasileiro. Os
choromeleiros não executavam apenas a charamela, mas outros instrumentos de sopro. O termo passou a designar, popularmente qualquer conjunto instrumental. Câmara Cascudo arrisca que o termo pode também derivar de "xolo", um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas,
expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser
conhecida como "xoro" e finalmente, na cidade, a expressão começou a
ser grafada com "ch".
No princípio, a palavra designava o conjunto musical e as festas onde esses conjuntos se apresentavam, mas já na década de 1910 se usava o termo para denominar um gênero musical consolidado. Atualmente,
o termo "choro" tanto pode ser usado nessa acepção como para nomear um
repertório de músicas que inclui vários ritmos. A despeito de algumas
opiniões depreciativas sobre a palavra "chorinho",
essa também se popularizou como referência ao gênero, designando um
tipo de choro em duas partes, ligeiro, brejeiro, muito comunicativo.
Origens
Tido como a primeira música popular urbana típica do Brasil, a história está ligada com a chegada, em 1808, da Família Real portuguesa ao Brasil. Promulgada capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1815, o Rio de Janeiro passou,
então, por uma reforma urbana e cultural, quando foram criados cargos
públicos. Com a corte portuguesa vieram instrumentos de origem européia
como o piano, clarinete, violão, flauta, bandolim e cavaquinho, bem como seus instrumentistas.Com esses viajantes, chegou ao Brasil a música de dança de salão européia, como a valsa, a quadrilha, a mazurca, a modinha, a schottish e principalmente a polca, que viraram moda nos bailes daquela época.
A reforma urbana, os instrumentos e as músicas estrangeiras, juntamente com a abolição do tráfico de escravos no Brasil em 1850,
foram condições históricas para o surgimento do choro, já que
possibilitou a emergência de novos ofícios para as camadas populares . Nesse contexto, tendo como origens estilísticas o lundu, ritmo de inspiração africana à base de percussão, com gêneros europeus, nasceu o choro no Rio de Janeiro, por volta de 1870. Esses grupos de instrumentistas populares, a quem se daria mais tarde o nome de chorões, eram oriundos de segmentos da classe média baixa da sociedade carioca, sendo em sua grande maioria modestos funcionários de repartições públicas - como da Alfândega, dos Correios e Telégrafos e da Estrada de Ferro Central do Brasil - cujo trabalho lhes permitiam uma boemia regular, e geralmente moradores da Cidade Nova. Sem
muito compromisso e sem precisar tocar por dinheiro, essas pessoas
passaram a formar conjuntos para tocar de "ouvido" essas músicas, que
juntamente com alguns ritmos africanos já enraizados na cultura
brasileira, como o batuque e o lundu,
passaram a ser tocadas de maneira abrasileirada pelos músicos que foram
então batizados de chorões. Inicialmente, eles se reuniam aos domingos
nos chamados pagodes no fundo dos quintais dos subúrbios cariocas ou
nas residências da Cidade Nova. Com isso, se tornaram os principais canais de divulgação do estilo para o povo. Um dos preceitos desses pagodes ou tocatas domingueiras era uma mesa farta em alimentos e bebidas.
As formações pioneiras adotavam como terno de instrumentos a flauta, o violão e o cavaquinho. A flauta como "solista", o violão na "baixaria" e o cavaquinho como "centro". Aos poucos, os chorões passaram a se apresentar constantemente em saraus da elite imperial,
executando os gêneros europeus mais em voga imprimindo uma genuína
cultura afro-carioca, sempre com improvisações e desafios entre os
instrumentistas solistas e de acompanhamento, que foram consolidando o
estilo.
As mais antigas referências a esses grupos de músicos mencionam o flautista Calado como
o iniciador e organizador desses primeiros conjuntos. Como era
professor da cadeira de flauta do Conservatório Imperial, Calado teve
grande conhecimento musical e reuniu em torno de si os melhores músicos
da época, que tocavam por simples prazer e descompromisso de fazer
música. O conjunto instrumental "O Choro de Calado" costumava se reunir
sem ideia prévia quanto a composição instrumental ou quanto ao número
de figurantes de cada grupo. ] Foi também ele o pioneiro em grafar a palavra choro no local destinado ao gênero em uma de suas partituras - a da polca "Flor Amorosa" -,
até então, os compositores se limitavam a indicar, como gênero, os
ritmos tradicionais. A polca "Flor Amorosa", composta por Calado em 1867 é considerada a primeira composição do gênero. Desse conjunto fez parteViriato Figueira, seu aluno e amigo e também sua amiga, a maestrina Chiquinha Gonzaga, uma pioneira como a primeira chorona, compositora e pianista do gênero.
Em 1877, Chiquinha Gonzaga compôs "Atraente", e em 1897,
"Gaúcho" ou "Corta-Jaca", grandes contribuições ao repertório do
gênero, entre outras composições, como "Lua Branca". O choro era
considerado apenas uma maneira mais sincopada (pela influência do lundu
e do batuque) de se interpretar aquelas músicas, portanto recebeu
fortes influências, porém aos poucos a música gerada sob o improviso
dos chorões foi perdendo as características dos seus países de origem e
os conjuntos de choro proliferaram na cidade, estendendo-se ao
Brasil.fazendo-o presente na música erudita. A série é composta de 14
choros para diversas formações, um Choro Bis e uma Introdução aos
Choros. Se a série tem o título "Choros", individualmente o nome de
cada composição vem sempre no singular. O Choro nº 1 foi composto para
violão solo.
Existem também choros para conjuntos de câmara e orquestra. A peça Choro nº 13, de Heitor Villa-Lobos, foi composta para duas orquestras e banda. Já o Choro nº 14 é para orquestra, coro e banda. Uma das composição mais conhecida e executada dentre os choros orquestrais de Villa-Lobos é o Choro nº 10, para coro e orquestra, que inclui o tema "Rasga o Coração" de Catulo da Paixão Cearense. Devido à grande complexidade e à abrangência dos temas regionais utilizados pelo compositor, a série é considerada por muitos como uma das suas obras mais significativas.
Ocorreu uma revitalização do gênero na década de 1970. Em 1973, uniram-se o Conjunto Época de Ouro e Paulinho da Viola no show Sarau. Foram criados osClubes do Choro em Brasília, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Goiânia e São Paulo, dentre outras cidades. Surgiram grupos jovens dedicados ao gênero, como Galo Preto e Os Carioquinhas. O novo público e o novo interesse pelo gênero propiciou também a redescoberta de veteranos chorões, como Altamiro Carrilho, Copinha e Abel Ferreira, além de revelar novos talentos, como os bandolinistas Joel Nascimento e Déo Rian e o violonista Rafael Rabello.
Festivais do gênero ocorreram no ano de 1977. A TV Bandeirantes de São Paulo promoveu duas edições do Festival Nacional do Choro e a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro promoveu o Concurso de Conjuntos de Choro.
Em 1979 com o LP "Clássicos em Choro", o flautista Altamiro Carrilho fez sucesso tocando músicas eruditas em
ritmo de choro. Também naquele ano, por ocasião do evento intitulado
"Tributo a Jacob do Bandolim", em homenagem aos dez anos do falecimento
do bandolinista, é criado o grupo Camerata Carioca, formado por Radamés Gnatalli, Joel Nascimento e Raphael Rabello, dentre outros músicos.
A década de 1980 foi
marcada por inúmeras oficinas e seminários de choro. Importantes
instrumentistas se reuniram para discutir e ensinar o gênero às novas
gerações. Em 1986, realizou-se o primeiro Seminário Brasileiro de Música Instrumental, em Ouro Preto, uma proposta ampla que ocasionou uma redescoberta do choro.
A partir de 1995 o gênero foi reforçado por grupos que se dedicaram à sua divulgação e modernização e pelo lançamento de CDs.
Século XXI
O
choro entra no terceiro século da sua existência, com uma bagagem de
mais de 130 anos, completamente firmado como um dos principais gêneros
musicais do Brasil. São milhares de discos gravados e centenas de
chorões que marcaram presença. O choro além de ser um gênero musical
rico e complexo, é também um fenômeno artístico, histórico e social.
Em 4 de setembro de 2000, foi sancionada lei que criava o dia nacional do choro, a ser comemorado no dia 23 de abril, em homenagem ao nascimento de Pixinguinha. No Estado de São Paulo, existe o Dia Estadual do choro, comemorado no dia 28 de junho, dia em que nasceu Garoto, um dos principais expoentes paulistas do choro.
Elementos característicosRítmica
O
choro não se caracteriza por um ritmo específico, mas pela maneira de
se tocar solta e sincopada, repleta de ornamentos e improvisações.
Assim, é muito vasta a gama de ritmos nos quais se baseiam os
compositores de choro. Dentre os principais ritmos utilizados, pode-se
citar o maxixe, o samba, a polca e a valsa,
dando origem, assim, ao ‘’samba-choro’’, à ‘’polca-choro’’ e à
‘’valsa-choro’’ (com relação ao maxixe, não é utilizada a expressão
“maxixe-choro”, mas apenas ‘’maxixe’’). Além disso, há choros de
andamento rápido e choros mais lentos (apelidados "varandões").
Forma
O choro tradicional é caracterizado por três partes. É comum que cada parte esteja em uma tonalidade, geralmente com modulações para tons vizinhos como o relativo ou o quarto grau.
A partir de meados do século XX tornou-se muito popular o choro com apenas duas partes. Grande parte dos choros de Jacob Bittencourtapresentam apenas duas partes. Um grande defensor do choro em duas partes foi o compositor K-Ximbinho.[9]
Além
disso, observa-se uma quadratura regular em cada uma das partes. Em
geral, cada parte tem 16 ou, mais recentemente, 32 compassos (sobretudo
nos choros com apenas duas partes), subdivididas em frases de
compassos, por sua vez compostas de dois incisos de 4 compassos.
Letra
Uma
das principais discussões sobre o Choro é se deve ou não ter letra.
Essa polêmica sempre foi discutida entre os chorões, que têm opiniões
diversas. Originalmente, o gênero é puramente instrumental, mas,
principalmente a partir dos anos 1930 com a influência dorádio, começou-se a colocar letras em choros. Um exemplo famoso é o do choro "Carinhoso", de Pixinguinha, que recebeu letra de João de Barro e foi gravado com sucesso por Orlando Silva. As interpretações de Ademilde Fonseca a
consagraram como grande intérprete do choro cantado, sendo considerada
"A Rainha do choro". Outra controvérsia levantada é a respeito da
inserção de letras em choros de compositores já falecidos, como fez,
dentre outros, Hermínio Bello de Carvalho.
Isso, para muitos chorões, constitui um desrespeito à obra dos
compositores, além de resultar em parcerias fictícias, gerando brigas
em torno de direitos autorais.
Instrumentos e conjuntos típicos
Os chorões muitas vezes se reúnem em grupos, geralmente rodas de choro ou conjuntos regionais. O nome regional provavelmente surgiu na década de 1920, a partir de grupos que se dedicavam à música regional. O conjunto regional é geralmente formado por um ou mais instrumentos melódicos, como flauta, bandolim e cavaquinho, que executam a melodia; o cavaquinho tem um importante papel rítmico e também assume parte da harmonia; um ou mais violões e o violão de 7 cordas formam a base harmônica do conjunto e opandeiro atua na marcação do ritmo base.
Grandes músicos ligados ao choro
Conjuntos Regionais em ordem cronológica
Influências
O choro serviu de inspiração a diversos compositores eruditos brasileiros e estrangeiros. Dentre as composições de Heitor Villa-Lobos, o ciclo dos Choros é considerado um conjunto de obras importantes. O compositor francês Darius Milhaud,
que foi adido cultural da França no Brasil, inseriu em sua peça
‘’Scaramouche’’ algumas ideias de choro, inclusive com uma citação de
‘’Brejeiro’’, de Nazareth.
Filmes sobre choro
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A HISTORIA DO CHORO-CHORINHO,RITIMO MUSICAL
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abril 23, 2016