José Mauro de Vasconcelos
(Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 1920 — São Paulo, 24 de julho de 1984) foi um escritor brasileiro.
José
Mauro nasceu de família portuguesa, que havia migrado para
São Paulo. Os pais tinham tão poucos recursos que ele,
ainda criança, teve de se transferir para o Rio Grande do Norte,
onde foi criado pelos tios em Natal.
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Ingressou na Faculdade de Medicina da capital potiguar, abandonando o curso no segundo ano, retornando ao Rio de Janeiro a fim de conseguir melhores oportunidades. Ali, trabalhou como carregador de bananas numa fazenda do litoral do estado. Foi instrutor de boxe e devido ao belo porte físico, também como modelo pictórico. Há uma estátua sua, do escultor Bruno Giorgi, no Monumento à Juventude, na antiga sede do Ministério da Educação. Em São Paulo, foi garçom de boate. Obteve uma bolsa de estudos na Espanha, mas não suportou a vida acadêmica. Abandonou os estudos depois de uma semana, preferindo percorrer a Europa. Dentre as atividades que desempenhou uma das mais importante que exerceu foi junto aos irmãos Villas-Bôas pelos rios da região do Araguaia, conhecendo o ambiente inóspito e lutando pelos índios . |
Estava amadurecido o homem José Mauro, e o resultado disso foi seu livro de estreia, o romance Banana Brava, de 1942, onde reflete o mundo dos homens do garimpo. Mas a obra não alcançou bons resultados na época, apesar de algumas críticas favoráveis. Rosinha, Minha Canoa, de 1962, marca seu primeiro sucesso. No livro Meu Pé de Laranja Lima, de 1968, seu maior sucesso editorial, serve-se de sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida. Foi escrito em apenas doze dias. |
Biografia
José Mauro de Vasconcelos tinha nas veias sangue de índio e de português. Nasceu em Bangu, bairro do Rio de Janeiro, e passou a infância em Natal,
onde foi criado com muito sol e muita água. Aos nove anos de
idade aprendeu a nadar, e com prazer relembrava os dias de
contentamento, quando se atirava às águas do Potengi,
quase na boca do mar, a fim de treinar para as provas de grande
distância. Com frequência ia mar adentro, protegido por uma
canoa, porque a barra de Natal estava sempre infestada de
tubarões. Ganhou vários campeonatos de
natação e como todo garoto, gostava de futebol e de subir
em árvores.
Mas
o esporte não constituía sua única
preocupação. Depois do primário, aos 10 anos de
idade já cursava o primeiro ano do curso ginasial, que terminou
cinco anos mais tarde. Nessa época, já conhecia os romances de Graciliano Ramos, Paulo Setúbal e José Lins do Rego.
Depois do ginásio, os estudos de José Mauro como autodidata foram
sempre feitos à base de trabalho. Seu primeiro emprego, dos
dezesseis aos dezessete anos, era treinador de lutadores peso-pluma;
recebia 100 cruzeiros (velhos) por luta no Rio de Janeiro. Aos 18 anos
saíra de Natal para ganhar o mundo: no Rio de Janeiro, trabalhou
numa fazenda emMazomba, perto de Itaguaí,
carregando banana. Depois, foi viver como pescador no litoral
fluminense, onde não ficou por muito tempo, partindo em seguida
para o Recife.
Ali, exerceu o cargo de professor primário num núcleo de
pescadores. Da capital pernambucana, José Mauro saiu para
começar um incessante vai-vem, de Norte ao Sul e vice-versa,
permanecendo um pouco em cada lugar, para em seguida se enveredar pelo
sertão e viver entre os índios.
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Dotado
de prodigiosa capacidade inata de contar histórias, possuidor de
fabulosa memória, candente imaginação e volumosa
experiência humana, José Mauro não quis ser escritor,
foi obrigado a sê-lo. Os seus romances, como lavas de um
vulcão, foram lançados como que para fora, porque
transbordava de emoções. Ele tinha de escrever e de
contar coisas.
Autor
de belos romances, tinha método originalíssimo. De
início, escolhia os cenários onde se movimentariam seus
personagens. Transportava-se então para o local, onde realizava
estudos minuciosos. Para escrever Arara Vermelha, percorreu cerca de 450 léguas no sertão bruto.
Em
seguida, José Mauro dava asas à sua fantasia e na
imaginação construía todo o romance, determinando
até mesmo as frases da dialogação. Tinha uma
memória que durante longo tempo, lhe permitira lembrar dos
mínimos detalhes do cenário estudado. "Quando a
história está inteiramente feita na
imaginação", revelava o escritor, "é que
começo a escrever. Só trabalho quando tenho a
impressão de que o romance está saindo por todos os poros
do corpo. Então vai tudo a jato".
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Com
o seu sistema de ficar dormindo na pontaria até que o livro todo
estivesse "escrito" na imaginação, contava José
Mauro que ao pôr-se em ação, na fase material de
bater à máquina, tanto fazia escrever os
capítulos, um após outro, como dar saltos. "Isso",
explicava o escritor, "porque todos os capítulos estão
já produzidos cerebralmente. Pouco importa escrever a
seqüência, como alterar a ordem. No fim dá tudo
certinho".
Artista de cinema e de televisão, José Mauro trabalhou em diversos filmes, como Modelo 19, que lhe valeu o prêmio Saci como melhor ator coadjuvante, Fronteiras do Inferno, Floradas na Serra, Canto do Mar, do qual escreveu o roteiro, Na Garganta do Diabo, obtendo o prêmio Governador do Estado como melhor ator, A Ilha, conseguindo o prêmio de melhor ator pela Prefeitura, e culminando com Mulheres & Milhões, sendo laureado com o Saci de melhor ator do ano. Dos seus livros, Meu Pé de Laranja Lima, Vazante e Arara Vermelha foram filmados, assim como Rua Descalça.
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Crítica
Conquanto
dono de uma literatura leve e agradável, tendo feito grande
sucesso junto ao público, a importância do trabalho de
José Mauro não é devidamente reconhecida no Brasil.
A crítica francesa Claire Baudewyns afirma que há algo "qui
confère aux œuvres de José Mauro de Vasconcelos une
poésie particulière née de l’alchimie entre
monde réel et monde imaginaire." ("que confere às
obras de José Mauro de Vasconcelos uma poesia particular,
nascida da alquimia entre o mundo real e o mundo imaginário"3 , numa tradução livre)
Morte
José Mauro de Vasconcelos morreu de broncopneumonia , em 24 de julho de 1984, aos 64 anos, em São Paulo.
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obra
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Enredo Este livro retrata a história de um menino de cinco anos chamado Zezé, que pertencia a uma família muito pobre e muito numerosa. Zezé tinha muitos irmãos, a sua mãe trabalhava numa fábrica, o pai estava desempregado, e como tal passavam por muitas dificuldades, pelo que eram as irmãs mais velhas que tomavam conta dos mais novos; por sua vez, Zezé tomava conta do seu irmãozinho mais novo, Luiz. Nesse ele tem um pé de laranja lima onde tem as maiores aventuras de sempre. |
Adaptações O livro foi adaptado pela primeira vez em 1970, quando um filme dirigido por Aurélio Teixeira foi lançado;4 Três novelas baseadas na obra foram criadas: em 1970, exibida pela TV Tupi;5 em 1980, exibida pela Rede Bandeirantes; e em 1998, de novo exibida pela Rede Bandeirantes.6 Em 2003, Meu Pé de Laranja Lima foi publicado na Coreia do Sul, em forma de quadrinhos, numa edição com 224 páginas ilustradas. Em 2012, uma nova versão cinematográfica dirigida por Marcos Bernstein foi produzida e exibida durante o Festival do Rio;7 a estreia foi em 19 de abril de 2013. |