O tempo e a Gravidade
A pedra fundamental para o desenvolvimento de uma teoria relativística de abrangência geral é certamente o princípio da equivalência segundo o qual os resultados de qualquer experiência, quando inferidos por um observador em umreferencial acelerado, em uma região onde não haja influências de origem gravitacional, serão idênticos aos inferidos por um observador em um referencial estático em relação ao experimento, quando realizado em uma região sob influência de um campo gravitacional de valor igual à aceleração do referencial no primeiro caso e com sentido oposto àquela. Nestes termos a Relatividade Geral surge como uma extensão à Relatividade Restrita ao considerar explicitamente uma das forças fundamentais nitidamente negligenciadas nesta última: a gravidade.
A relação entre gravidade e tempo decorre da aplicação do princípio da equivalência ao comportamento da luz Nota 5 , que leva entre outros ao fenômeno de lente gravitacional. Particularmente a frequência e a energia das ondas eletromagnéticas, e em consequência os processos de medida do tempo - e o próprio tempo em si, visto que as ondas eletromagnéticas constituem a base de tempo padrão para a definição de tempo no Sistema Internacional de Unidades (vide próxima seção: Unidades de Tempo) - são afetados de forma significativa por campos gravitacionais.
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Excluídos os efeitos da rotação do planeta Nota 6 , a relação entre o tempo e a gravidade mostra-se evidente ao considerem-se dois relógios atômicos idênticos, um posicionado no subsolo e outro no andar cobertura do edifício mais alto do mundo, e o fato de um laser, quando disparado a partir da superfície do planeta em direção ao espaço, ter sua frequência e sua energia - através de um fenômeno conhecido comodesvio para o vermelho, ou, em inglês, red shift Nota 7 - gradualmente diminuídos à medida que este se afasta do planeta. O sistema é construído de forma que as ondas eletromagnéticas que funcionam como base de tempo para cada um dos relógios também sejam direcionadas a um observador situado junto ao outro relógio gêmeo.
Para o observador situado no alto do edifício, as ondas eletromagnéticas oriundas do relógio do subsolo serão detectas com frequência um pouco menor do que as oriundas do relógio a este justaposto, e por tal o relógio no subsolo, cujas indicações de tempo acompanham os pulsos das ondas eletromagnéticas daquele, estará constantemente se atrasando em relação ao relógio no andar da cobertura. Para o observador no subsolo as ondas eletromagnéticas oriundas do relógio na cobertura apresentarão frequência ligeiramente maior do que as observadas diretamente do relógio no subsolo, e por tal este infere e observa que o relógio no alto do edifício adianta-se constantemente em relação ao seu relógio no subsolo.
Conclui-se que os relógios - e o próprio tempo em si - quando inferidos por um observador distante, bate mais lento nas proximidades de corpos densamente massivos. Este fenômeno é particularmente relevante ao considerarem-se os buracos negros: admitindo-se certo abuso de linguagem, para observadores a razoável distância destes o tempo nas proximidades de seus horizontes de eventos literalmente pára. A dependência entre tempo e densidade de massa traz também à tona discussões importantes e calorosas ao considerar-se o paradigma válido atualmente para a origem do universo: o Big Bang. O leitor é remetido a leituras específicas sobre o assunto para maiores detalhes Nota 8 .
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Particularmente quanto à origem, Stephen Hawking estabelece uma conexão entre o tempo e o Big Bang. Em "Uma Breve História do Tempo" e em outras obras, Hawking diz que caso o tempo não tenha surgido juntamente com o Big Bang e, portanto, caso haja outro sistema de coordenada de tempo viável antes do Big Bang, ainda assim nenhuma informação oriunda de eventos anteriores ao Big Bang seriam acessíveis no universo posterior ao Big Bang, e assim nenhuma relação de causa e efeito entre aqueles e os eventos no presente universo seriam possíveis. Em certa ocasião Hawking afirmou que otempo surge juntamente com o Big Bang, e que perguntas como "O que ocorreu antes do Big Bang?" são perguntas sem sentido físico, portanto. Este ponto de vista, entretanto, é alvo frequente de críticas por parte de filósofos e religiosos, principalmente sobre enfoques relativos à causalidade.
Embora os cientistas concordem de maneira geral quanto à natureza dos fenômenos que se sucederam a partir do tempo de Planck - a partir de ~ 10-44 segundos após o início da expansão de energia e matéria associada ao Big Bang - fatos científicos que permitam estabelecer um cenário para o que ocorreu antes deste instante são extremamente raros, e qualquer proposta que vise a explicar o que ocorreu antes deste instante reside no campo da mera especulação, não se caracterizando, portanto, como ideia ou tão pouco teoria científicas. Até o momento a melhor resposta fornecida pela ciência à pergunta sobre o que ocorreu antes deste tempo limite é um literal "não sei". Contudo, a busca pelo conhecimento persiste, e espera-se que os resultados dos experimentos sendo realizados atualmente no Grande Colisor de Hádrons (LHC) venham a fornecer os dados necessários para reduzir-se este tempo limite de forma significativa, caminhando cada vez mais em direção à explicação do que por ventura ocorreu no instante zero.
A dependência do tempo com a densidade espacial de massa e energia reforça mais uma vez o princípio de que o tempo é algo estritamente local e necessariamente associado a um referencial em particular.
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Unidade padrão de tempo
Ao longo da história da humanidade, acompanhando as necessidades e a evolução tecnológica, a definição de uma unidade padrão para a medida do tempo evoluiu consideravelmente. A definição de uma unidade de tempo tem em princípio dois aspectos: ser condizente com a sua aplicação ao cotidiano; ser precisa o suficiente para permitir seu uso em eventos situados, em escala de tempo, nos limites do conhecimento científico à época de sua validade.
Estabelecer o padrão unitário para a media do tempo significa basicamente escolher um fenômeno que se repita de forma constante e regular, sendo a contagem das repetições ou frações desta a representação direta da medida do tempo. Dos vários fenômenos naturais que podem ser utilizados como fenômeno periódico destaca-se certamente a rotação da Terra, sendo a sucessões dos dias e noites uma de suas consequências diretas, perceptíveis e influentes não só ao homem como a todos os demais integrantes da fauna e flora no planeta.
O segundo, unidade padrão de medida do tempo, foi inicialmente definido como o intervalo correspondente a 1/86400 do dia (24 horas), ou mais especificamente, como "a fração correspondente a 1/31,556,925.9747 do ano tropical". Há poucos séculos atrás esta definição se fazia perfeitamente aceitável, contudo nos dias de hoje a ciência delimita-se com tempos tais como a medida da vida média de um próton, superior a 1040 segundos, ou, em extremo oposto, a vida média das partículas menos estáveis, inferiores a 10-23 segundos. Nestas escalas a definição apresentada mostra-se inadequada, certamente, e os requisitos tecnológicos nos levaram à era dos relógios atômicos.
Atualmente o segundo é definido da seguinte forma:
"Um segundo é o tempo de duração de 9.192.631.770 vibrações da radiação emitida pela transição eletrônica entre os níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133".
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O padrão de tempo atual conforme estabelecido pelo Sistema Internacional de Unidades (S. I.) tem por base os princípios da relatividade, tendo por padrão periódico as oscilações da radiação eletromagnética. Nos séculos sob domínio da física clássica apenas, a unidade de tempo e a unidade de comprimento em vigor eram pré-estabelecidas por conceitos independentes, e a velocidade da luz era medida experimentalmente, sendo especificados, portanto, seu valor e o valor da incerteza experimental. Com o princípio da constância da velocidade da luz, tal valor, abreviado em Física pela letra C, passou a ser definido de forma exata; no S.I: C = 299.792.458 metros por segundo. Esta definição estabelece uma relação precisa entre a unidade de tempo, o segundo, e a unidade de comprimento, o metro:
"O metro é a distância percorrida pela luz, no vácuo, no intervalo de tempo de 1/299.792.458 do segundo".
No contexto, outra unidade de tempo, esta pertencente ao Sistema Natural de Unidades e frequentemente usada ao se trabalhar com física moderna, merece menção particular: o tempo de Planck. O Sistema Natural de Unidades é definido de forma que as principais constantes naturais, a saber a velocidade da luz C, a constante de gravitação G, a constante elétricaK na equação de Coulomb, a constante de Boltzmann k e a constante reduzida de Planck
Percebe-se facilmente que embora muito útil ao lidar-se com problemas científicos, as unidades encontradas no Sistema Natural de Unidades não são adequadas à aplicação ao cotidiano: a exemplo o tempo de Planck é uma fração ínfima do segundo, conforme visto.
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Tempo universal
O correto registro do tempo mostra-se tão importante à sociedade globalizada moderna que sistemas altamente precisos foram desenvolvidos em escala internacional a fim de fornecer um padrão global para a medida de tempo.
O padrão de tempo para fins científicos é uma contagem contínua de segundos determinada não através de um mas sim através de vários relógios atômicos espalhados ao redor do globo, sendo este conhecido como Tempo Atômico Internacional (TAI).
O Tempo Universal Coordenado (UTC) é a base de tempo para fins de natureza cívil. Desde janeiro de 1972 este foi definido de forma síncrona ao Tempo Atômico Internacional, diferindo deste sempre por um exato número de segundos, valor este regularmente ajustado - via de regra uma vez ao ano, em 30 de junho ou 31 de dezembro - em função do acréscimo dos chamados segundos bissextos. Os segundos de salto têm por objetivo manter o tempo UTC também coordenado de forma mais próxima possível com o tempo solar médio, este último definido em função dos movimentos de rotação e translação da Terra. Ambos os sistemas TAI e UTC usam a definição de segundo baseada na radiação do césio 133, sendo dois intervalos de tempo de 1 segundo, quando mensurados cada qual com base em um dos sistemas, idênticos.
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O Tempo Médio de Greenwich (GMT) é um padrão o padrão antecessor do tempo UTC,remontando suas origens ao ano de 1847. Usando telescópios ao invés de relógios atômicos, o tempo GMT é calibrado através do tempo solar médio conforme determinado no Observatório Real de Greenwich, no Reino unido, local pelo qual passa o meridiano com longitude zero - origem do eixo de longitudes no sistema de coordenadas geográficas. Tempo Universal (UT) é o nome do sistema de tempo moderno baseado em telescópios, adotado em 1928 pela União Astronômica Internacional como substituto ao GMT. As observações no Observatório de Greenwich cessaram em 1954, embora o local ainda seja utilizado como ponto de referência para o sistema de coordenadas geográficas. O segundo conforme definido pelos sistemas UT e GMT podem, por razões técnicas quanto à definição, apresentarem ligeira discrepância em relação ao Tempo Universal Coordenado.
A Hora Legal Brasileira (HLB) é gerada pela Divisão Serviço da Hora (DSHO) do Observatório Nacional (ON) a partir de um conjunto de 7 padrões atômicos de feixe de césio e 1 padrão atômico de maser de hidrogênio. O Maser de hidrogênio é atualmente o equipamento de mais alta precisão de geração de tempo da América do Sul, não adiantando ou atrasando mais que um segundo a cada 10 milhões de anos. [2] Computadores conectados à internet podem manter-se sincronizados com a HLB e com a hora UTC via programa específico [3] disponibilizado pelo DSHO ou via protocolo NTP direcionado aos servidores 200.20.186.75 porta 123 UDP e 200.20.186.94 porta 123 UDP (ON) ou ainda aos servidores a.ntp.br, b.ntp.br ou c.ntp.br ligados ao projeto NTP.br [4][5], a serem especificados em local próprio à configuração dos servidores NTP nosistema operacional utilizado.
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O Tempo e a Biologia
A natureza é notoriamente caracterizada por uma série de fenômenos cíclicos onde para muitos a hora certa é tudo: um ursoprecisa saber o momento certo de hibernar; uma árvore o instante certo de abrir seus botões ou caducar suas folhas. Para um sapo, o momento correto de lançar sua língua pode representar a diferença entre um belo almoço ou uma interminável espera por uma nova oportunidade, agora para o jantar. Um simples rebater de bola em um jogo de tênis requer uma considerável percepção de tempo a fim de que tudo se proceda de forma corretamente sincronizada.
Em vista da inerente necessidade de sincronismo entre os fenômenos biológicos não apenas com os fenômenos presentes no meio como também entre si - necessário ao bom funcionamento somático dos organismos vivos - não é em nada surpreendente que, embora não se consiga geralmente identificar um "órgão do tempo" nos seres vivos desenvolvidos, aevolução os tenha dotado - inclusive o homem - com mecanismos biológicos que os permitam cronometrar e registrar o tempo. No homem os cientistas já identificaram vários destes mecanismos, entre eles o cronômetro psicoativo ou relógio de intervalo, que nos permite literalmente cronometrar a passagem de segundos, minutos e até horas; o relógio circadiano, que sincroniza os processos somáticos, levando-os a um máximo e a um mínimo em ciclos de 24 horas e mesmo um relógio sazonal, o qual, segundo estudos, relaciona-se em muito com o relógio circadiano.
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Percepção do Tempo: o Relógio de Intervalo
Todo bom - ou mau? - motorista já parou em um sinal de trânsito e, calculando o tempo em que este já encontrava-se vermelho, engrenou a primeira marcha e arrancou o carrosegundos antes deste tornar-se verde. A todos que, ainda mortos de sono, já se viram obrigados a levantar na hora certa de manhã cedo, certamente a habitual soneca após aquela olhada no relógio ainda com os olhos cerrados, nos minutos que este ainda lhe confere, torna-se cada vez mais inquietante à medida que a hora decisiva se aproxima. E quanto ao jogador de vôlei que, vendo o jogador do time adversário alçar voo para cortar, aguarda o exato momento para pular e bloquear o ataque. O controle do tempo que conseguimos estabelecer neste ou em diversos outros eventos semelhantes nos é possível graças a uma série de processos que tomam parte em nosso cérebro de forma a literalmente constituírem-se em um relógio de intervalo, relativamente preciso (ao menos em situações emocionais normais). Se assim não o fosse, a cada simples atravessada de rua fora da faixa, em meio ao trânsito, ter-se-ia um desastre iminente.
Os processos psicossomáticos que levam ao relógio de intervalo começam, segundo os estudos de Stephen Rao, Warem Meck e Gibbon Ref. 9 , em uma região do cérebroconhecida por gânglios basais, há muito sabidamente associada ao de movimento. Em particular, uma área dos gânglios basais conhecida por corpo estriado hospeda uma rede muito intrincada de neurônios com formas espinhosa - contendo cada qual milhares de "espinhos" que recebem diretamente informações de diversas partes vizinhas. "Esta é uma das poucas partes do cérebro onde se vê milhares de neurônios convergirem todos para um único neurônio", diz Warren Meck, da Duke University.
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A teoria prevê que outro conjunto de células nervosas presentes no córtex cerebral, continuamente ativando-se e desativando-se de forma independente das vizinhas e de forma independente de estímulos externos a um ritmos de 10 a 40 hertz, funcione como um oscilador diretamente conectado ao corpo estriado, que pode monitorar estas inúmeras vibrações. Sabe-se que um estímulo externo, contudo, pode "reiniciar" todos as células do oscilador simultaneamente através de um bloqueio elétrico das mesmas, e ao retomarem as suas vibrações espontâneas e independentes, estas irão produzir um padrão característico, que pode ser reproduzido após cada reinício estimulado. A ocorrência do evento que marca o término do intervalo fazem com que outra parte do corpo estriado, asubstância nigra, envie um pulso de dopamina ao corpo espinhoso, dizendo-o para identificar o padrão de ativações nervosas que recebem do córtex cerebral naquele instante. Uma vez identificado este padrão, uma nova ocorrência do fenômeno associado induz novamente não apenas o "reinício" das células no córtex como também um novo pulso de dopamina enviado às células estriadas, que são assim avisadas a monitorar o córtex à procura do padrão esperado -
anteriormente registrado. Quanto o padrão é encontrado, o corpo estriado comunica-se com outra parte do cérebro, o tálamo, que por sua vez comunica-se com a parte do córtex responsável pelas funções superiores, como a memória e a tomada de decisões, literalmente informando: o intervalo de tempo acabou. "Portanto, o mecanismo de marcação dos intervalos percorre um circuito, do córtex para o corpo estriado, deste para o tálamo e depois voltando ao córtex."
Os estudos ainda se encontram em andamento. Sendo este o mecanismo efetivamente responsável pela nossa percepção de intervalos de tempo, é de esperar-se que os níveis de dopamina sejam fundamentais ao bom funcionamento do relógio de intervalo, e drogas ou doenças que afetem estes níveis devem afetar significativamente a percepção de tempo. Estudos indicam que os portadores do mal de Parkinson em tratamento liberam bem menos dopamina para o corpo estriado, e estes geralmente subestimam de forma considerável e repetida os intervalos de tempo em eventos periódicos que lhe são apresentados. Seus relógios de intervalo literalmente se atrasam. A maconha produz os mesmos efeitos, fazendo o tempo passar "mais devagar" na percepção de seus usuários; já a cocaína e as metanfetaminas aumentam a quantidade de dopamina, e para os usuários destas drogas os seus relógios de intervalo se adiantam.
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O relógio de intervalo tem entretanto uma característica muito peculiar se comparado a um cronômetro convencional que lhe confere imprecisão muito maior que o último: seu funcionamento é consideravelmente influenciado pelo "estado de espírito" da pessoa no momento, sendo por tal também denominado relógio psicoativo. A adrenalina e outros hormônios presentes em grandes quantidades quando estamos submetidos a situações de estresse também afetam consideravelmente o funcionamento do relógio - de forma a acelerá-lo - resultando naquela comum impressão de que um segundo parece durar uma hora quando estamos expostos a situações desagradáveis. Situações extremas opostas, como as conseguidas em estados de meditação e concentração profundos, podem até inibir completamente o cronômetro: o tempo literalmente para pessoas em tais "estados de espírito".
A vantagem do cronômetro psicoativo é que você pode usá-lo à vontade, ligando e desligando-o, de forma consciente ou inconsciente, sem nunca ter que trocar as pilhas.
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O Relógio Circadiano
O relógio circadiano é o relógio biologicamente estabelecido pelos processos que ocorrem em nosso corpo com os períodos próximos a 24 horas, sincronizados por estímulos ambientais aos períodos iluminados (diurnos) e de escuridão (noturnos) que se sucedem diariamente. Atrela-se desde à nossa vontade de dormir ou acordar até ao funcionamento completo de órgãos e sistemas, como osistema digestivo e a bexiga; cujos funcionamentos são normalmente suprimidos durante a noite.
O relógio circadiano é mais semelhante a um relógio do que a um cronômetropropriamente dito, pois tem seu funcionamento independente de estímulos externos diretos. Seu funcionamento é determinado pelo próprio corpo, e mesmo em espécimes mantidos em ambientes sob iluminação constante ou na ausência de iluminação, sua imprecisão geralmente não passa de 1%. Também não há uma região específica responsável pela "contagem do tempo". Cada órgão, cada parte do corpo tem geralmente a capacidade de se autossincronizar em ciclos periódicos de 24 horas, embora a troca de informações entre estes possa via de regra ocorrer, de forma a manter todo o organismo em compasso uníssono. Sabe-se hoje que o relógio circadiano encontrado disperso em cada órgão ou sistema tem relação direta com a herança genética, encontrando-se seus mecanismos de funcionamento codificados noDNA dos seres vivos à sua mercê, e não apenas em uma região específica (os NSQs - abaixo), como de início sugerido. "Esses relógios genéticos expressam-se em todo o corpo, em todos os tecidos", diz Joseph Takahashi, da Northwestern University.
Embora seu funcionamento não dependa de estímulos externos diretos, o relógio circadiano mantém-se sincronizado com os estímulos ambientais externos percebidos pelos nossos sentidos, com destaque significativo para a visão (iluminação), mediante mecanismos específicos. Há muito os cientistas sabem que dois conjuntos de células localizadas atrás das têmporas e conhecidas por núcleos supraquiasmáticos (NSQs) controlam as variações periódicas da pressão e temperatura do corpo, o estado de alerta ou sonolência, e mesmo de sono mediante o controle da glândula pineal, responsável pela secreção de melatonina, o hormônio do sono. Os NSQs recebem informação de células especiais localizadas nos olhos, sensíveis à iluminação média (e não imediata) do ambiente, entre outras. A importância dos NSQs no controle do relógio circadiano é significativa, chegando os cientistas a localizarem ali o relógio circadiano nos primórdios dos estudos sobre este mecanismo de sincronismo corporal.
Embora o relógio circadiano mantenha-se sincronizado com os estímulos periódicos externos como iluminação, horário de alimentação, temperatura ambiente e outros, esta sincronia está longe de ser imediata. Ao fazermos uma viagem de avião entre duas cidades com longitudes e fusos horários muito diferentes, por exemplo, as sensações de cansaço, confusão e desorientação irão acompanhar-nos por dias ou mesmo semanas até que todos os relógios de todos os órgãos sincronizem-se novamente, cada qual ao seu ritmo, com os novos estímulos externos.Ref. 9 Ref. 10
Estudos sugerem que o relógio sazonal, responsável pelos fenômenos com períodos anuais, também sejam em grande parte controlados pelos mesmos mecanismos associados ao relógio circadiano; em particular sua sincronia é realizada via estímulos das NSQs, entre outros.Ref. 9 Ref. 10
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O Tempo na cultura humana
Em um contexto cultural e social, ao contrário do que se encontra em um meio acadêmico científico - onde o uso de expressões denotativas é quase sempre um requisito essencial - o tempo apresenta variadas conotações, as quais podem variar muito de cultura para cultura, ou mesmo dentro de contextos sociais diferentes dentro de uma mesma cultura.
O tempo e a Religião
As primeiras formas de a humanidade estabelecer conhecimento acerca do universo foram certamente fundadas em crenças e superstições, das quais muitas, embora em princípio com naturezas bem rudimentares, acabaram por evoluir em um corpo mais complexo e sistematizado de dogmas, dogmas estes que, embora bem diversificados, fundamentam a totalidade das religiões atuais. Sendo de se esperar que a evolução das sociedades humanas encontrem-se intimamente influenciadas pelas suas respectivas formas de conceber o universo, estas certamente influenciaram e influenciam até hoje as definições acerca da natureza estabelecidas em cunho social: a influência religiosa no conceito de tempo é visível ao estudar-se os calendários modernos, definidos não apenas em função de eventos periódicos naturais, como a translação da Terra - que dá origem ao conceito de ano - como também em função de eventos religiosos específicos à cada cultura. A contagem de tempo no mundo ocidental, fortemente influenciada pelasreligiões cristãs, dá-se a partir da data de nascimento de seu principal mártir, Jesus Cristo, sendo a contagem de tempo dividida entre "antes de Cristo" (a.C.) e "depois de Cristo" (d.C.). Atualmente, à data de edição deste artigo, encontramo-nos no "ano de 2011 da era de Nosso Senhor Jesus Cristo". O calendário utilizado em grande parte do mundo e em todos os países ocidentais atualmente também tem origem religiosa, sendo promulgado pelo Papa Gregório XIII em 1582 e por tal conhecido como calendário gregoriano. Para povos do oriente, entretanto, a contagem de tempo faz-se de forma bem diversificada desta. A exemplo, no calendário judaico, o ano corrente corresponde ao ano de 5771, sendo o marco para a contagem de tempo o momento da criação da Terra por Deus. Mesmo em um estado laico como o Brasil, uma simples inspeção em uma folhinha revela o que às vistas menos descuidadas pode parecer uma contradição: uma série de feriados com origem religiosa oficialmente estabelecidos.
Os textos e fontes religiosas também se aventuram na tentativa de definir o que é tempo Nota 9 .
Em culturas antigas como a Inca, a Maia e a Hopi e outras tribos nativas americanas, bem como culturas geograficamente distantes desta como a babilônica, grega, Zhindu, budista e jainista há o conceito de roda do tempo, onde o tempo estabelece-se como uma grandeza cíclica e mensurável, consistindo de eras repetidas que se sucedem para todo ser do universo entre o nascimento e a morte. A língua grega atual fornece dois vocábulos diferentes: Chronos e Kairos. A primeira refere-se ao tempo numérico, ao tempo cronológico. A segunda, literalmente o momento certo ou oportuno, refere-se a um conceito metafísico ou divino de tempo. Em teologia, kairos é um conceito qualitativo, em oposto ao conceito quantitativo anterior .
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O conceito judaico-cristão estabelece o conceito de tempo com base na Bíblia: O tempo é linear, comum começo, sendo estabelecido mediante um ato de criação de Deus. O fé cristã também estabelece que haverá um tempo final e, portanto, que o tempo terá fim. Deus é contudo eterno, não havendo criador para o mesmo. No livro de Eclesiastes, pertencente ao velho testamentoe tradicionalmente atribuído a Salomão (970-928 a.C.), o tempo - como a palavra hebraica עדן, זמן `iddan(tempo) zĕman(estação) é frequentemente traduzida - é tradicionalmente tratado como um meio para a passagem de eventos predestinados. Outra palavra, زمان" זמן" zman, é associada ao ajuste de tempo, ao momento certo para cada evento ocorrer, e é usada no árabe moderno e na língua hebraica como o equivalente ao vocábulo ocidental tempo. Assim, há um tempo nomeado (zman) para cada coisa, e há um tempo distinto ('êth) para cada evento ocorrendo nos céus (vide Eclesiastes 3:18).
A noção de presente, passado e futuro, inerentes ao conceito de tempo, também aparece sob enfoque religioso, sendo explorada como analogia ao conceito de trindade presente nas religiões católicas, entre outras. Assim como o presente, o passado e o futuro são "diferentes representações de três aspectos distintos da natureza do tempo", não constituindo cada qual um tempo diferente, os integrantes da santíssima trindade, Pai, Filho e Espirito Santo, "não são três coisas ou entidades separadas", três deidades distintas, "mas três pessoas distintas da natureza da divindade". Tal analogia estende-se também para a altura, largura e profundidade ao considerar-se a noção de espaço, ou os estados sólido, líquido ou gasoso ao considerar-se a matéria
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O tempo e a Ficção Científica
Certamente, se você não é ainda um menino, você já assistiu o filme "De volta para o futuro", dirigido por Robert Zemeckis, e estrelado por Michael J. Fox, no papel de Marty McFly, e por Christopher Lloyd, no papel do Dr. Emmett Brown. Recorrente na ficção científica, contudo conforme nesta descrita ainda uma utopia na realidadeNota 11 , aviagem no tempo desperta a curiosidade e a atenção mesmo daqueles completamente leigos ao assunto, não pela ideia de se viajar no tempo em si, mas principalmente pelosparadoxos que inerentemente esta traz consigo, sendo estes notoriamente explorados não só em filmes específicos, a saber o citado, como também em outros filmes de notório enredo, a citar-se o Efeito borboleta. A mistura entre a possibilidade de viagem no tempo e as consequências de outra teoria científica, a teoria do caos, faz do mesmo um filme que não pode deixar de ser visto por pessoas interessadas no assunto. A possibilidade de um viajante voltar ao passado e deste matar seu avô antes de sua concepção leva a questionamentos que, mais do que a viagem no tempo - algo de certa forma já concebível pela ciência moderna, a exemplo o paradoxo dos gêmeos, que traz à tona uma "viagem ao futuro" - cativa aficionados pelo assunto mundo afora. Os conceitos de causalidade e tempo são indissociáveis da natureza humana (e das teorias científicas também, pelo menos até hoje), e mesmo no âmbito da ficção, estes, juntamente com as possibilidades lógicas ou especulativas de solução para o paradoxo da quebra da causalidade inerente à viagem no tempo, constituem o núcleo frequentemente explorado nas obras associadas. O Efeito Borboleta apresenta uma das possíveis soluções a este impasse. Discuti-las aqui não se encontra no escopo deste artigo, mesmo porque é contra a boa postura revelar-se "o culpado" para alguém que se encontra ainda na fila do cinema.
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A relação entre tempo e ficção científica não se encontra restrita a abordagens específicas sobre a natureza do ou mesmo viagens no tempo. As invenções, equipamentos e fenômenos geralmente presentes em obras que envolvem algum tipo de ficção científica - a grande maioria inconcebíveis em um tempo atual - tornam-se bem mais "aceitáveis" e "compreensíveis" - para não dizer "reais" - ao posicionar-se o desenrolar dos fatos associado em uma era distante da atual, geralmente no futuro. Viagens intergalácticas são hoje mera especulação, contudo em um futuro não muito distante estas se tornam perfeitamente aceitáveis em vista de uma possível evolução da ciência e tecnologia atuais. Graças aos atratores de massa, ainda não inventados atualmente, a USS Enterprise pode acelerar a velocidades supraluminais em fração de segundos, e viajar pela galáxia em velocidades de dobra, trazendo consigo toda a saga do comandante James T. Kirk e demais personagens vividas na série Star Trek, Jornada nas Estrelas. Já no filme Em Algum Lugar do Passado (1980), é abordada uma questão interessante em relação à percepção de tempo e a viagens pelo tempo: a hipnose. Ao se hospedar em um antigo hotel, o jovem dramaturgo Richard Collier (Christopher Reeve) se apaixona pela bonita e misteriosa mulher de um retrato tirado em 1912, a atriz Elise McKenna (Jane Seymour). Com a ajuda da hipnose, Richard finalmente consegue voltar no tempo para viver esse amor racionalmente e empiricamente impossível.
Embora a mídia audiovisual encontre-se atualmente mais difundida e tenha sido aqui explorada como exemplos, os mesmos pontos aqui relevantes estendem-se por sobre os demais meios de comunicação das obras, encontram-se igualmente presentes nas mídias escritas - na literatura - a exemplo. Ressalva-se que um bom filme tem geralmente por referência para a sua produção um bom livro. A título de ilustração cita-se o livro "A Máquina do Tempo (The Time Machine)", do escritorbritânico H. G. Wells, ao qual atribui-se o título de primeira obra de ficção científica a propor o conceito da viagem controlada e seletiva no tempo, e do qual derivaram-se dois filmes homônimos.
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O tempo e a Filosofia
A noção de tempo acompanha o ser humano desde os primórdios de sua evolução, desde que o homem começou a filosofar sobre a natureza. A abordagem filosófica envolve desde a natureza real ou não do tempo até as implicações filosóficas associadas à sua irreversibilidade, e devido à extensão do assunto, este tema resulta por si só em um artigo. O autor é remetido à leitura específica do mesmo.
O tempo em contexto social
Pode-se afirmar a existência de um tempo social urbano, de caráter disciplinador e que se configura explicitamente a partir da segunda metade do século XIX. Trata-se de um período onde a industrialização e o advento de novas técnicas, paralelamente ao crescimento das cidades produzem uma nova sociedade urbana . Nesse sentido surgem os relógios urbanos alocados em pontos estratégicos das cidades, como por exemplo, em estações ferroviárias e de barcos, bem como os apitos das fábricas demarcando os turnos de trabalho. Esses novos instrumentos visuais e sonoros surgem na paisagem urbana e são voltados para disciplinarização do corpo trabalhador em um novo ordenamento social, caracterizada por grandes contingentes humanos e pela vida citadina.
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