A VERDADE(LEITURA)


A verdade
Capítulo 2, item 1

       “... Pilados, então, lhe disse: Sois, pois, rei? Jesus lhe replicou: Vós o dissestes; eu sou rei; eu não nasci nem vim a este mundo senão para testemunhar a verdade; qualquer que pertença à verdade escuta minha voz.”
(Capítulo 2, item 1.)

       Não vemos a verdade, conforme afirmou Jesus Cristo, porque nossa mente trabalha sem estar ligada aos nossos sentidos e emoções mais profundos.
       As ilusões nos impedem que realmente tenhamos os olhos de ver, e porque não buscamos a verdade projetamos nos outros o que não podemos aceitar como nosso. Tentamos nos livrar de nossos próprios sentimentos atribuindo-os a outras pessoas. Adão disse a Deus: “Eu não pequei, a culpa foi da mulher que me tentou”. Eva se desculpa perante o Criador: “Toda a discórdia ocorrida cabe à maldita serpente”. Assim somos todos nós. Quando desconhece­mos os traços de nossa personalidade, condenamos fortemente e responsabilizamos os outros por aquilo que não podemos admitir em nós próprios.
       Nossa visão sobre as coisas pode enganar-nos, pode estar disforme sob determinados pontos de vista, pois em realidade ela se forjou entre nossas convicções mais profundas, sobre aquilo que nós convencionamos chamar de certo e errado, isto é, verdadeiro ou falso.
       Na infância. por exemplo, se fomos repreendidos duramen­te por demonstrarmos raiva, se fomos colocados em situações vexatórias por aparentarmos medo, ou se fomos ridicularizados por manifestarmos afeto e carinho, acabamos aprendendo a reprimir essas emoções por serem consideradas feias, erradas e pecaminosas por adultos insensíveis e recriminadores.
Porém, não damos conta de que, ao adotarmos essa postura repressora, tornamo-nos criaturas inseguras e fracas e, a partir daí, começamos a não confiar mais em nós mesmos.
Se a nossa verdade não é admitida honestamente, como podemos nos aproximar da Verdade Maior?

Sentir medo ou raiva, quando houver necessidades autên­ticas, seja para transpor algum obstáculo, seja para vencer barreiras naturais, é perfeitamente compreensível, porque a energia da raiva é um importante “fator de defesa”, e o medo é um prudente mediador em “situações perigosas”.
Para que possamos encontrar a Verdade, à qual se referia Jesus, é preciso aceitar a nossa verdade, exercitando o “sentir” quanto às nossas emoções, e adeqüá-las corretamente na vida. A sugestão feliz é o equilibrio e a integração de nossas energias ínti­mas, e nunca a repressão e o entorpecimento, nem tampouco a entrega incondicional simplesmente.
O que é a Verdade? Disse o Mestre: “Vim ao mundo para dar testemunho da Verdade; todo aquele que é da Verdade ouve a minha voz”.
Cremos no que vemos, mas muitas vezes os órgãos dos sentidos nos enganam. Vejamos alguns exemplos:
A Terra parece parada; o arco-íris nada mais é do que raios de sol atravessando gotículas d’água; e certas estrelas que vislumbramos nos céus já não existem, contudo, devido às distâncias enormes a serem percorridas, as suas luzes continuam aportando na atmosfera de nosso planeta, dando-nos a falsa impressão de vida real.
Cremos no que nos disseram, e, embora não sejam situações vivenciadas ou experimentadas por nós, aceitamos como “ver­dades absolutas”, quando de fato eram “conceitos relativos”.
Maneiras erradas de se ver a sexualidade, a religião, o casa­mento, as raças e as profissões distanciam-nos cada vez mais da realidade das situações e das criaturas com as quais convivemos.
Em vista disso, procuremos sintonizar-nos com os olhos es­pirituais, porqüanto nossa percepção intuitiva é mais ampla e preci­sa que a visão física. E abramos as comportas de nossa alma, para que captemos as inspirações divinas que deliberam a vida em toda parte.
Somente assim estaremos mais perto de conhecer a Verdade à qual se referia o Mestre Jesus.

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