Leptospirose A leptospirose, também chamada de Mal de Adolf Weil ou, na sua forma mais grave, Síndrome de Weil. É uma doença bacteriana que afeta seres humanos e animais e que pode ser fatal. Foi classificada em 1907, graças a um exame post mortem realizado com uma amostra de rim infectado - mas vale lembrar que a doença já havia sido identificada em 1886, pelo patologista alemão Adolf Weil (em sua "homenagem", a doença recebeu o nome de "Mal de Weil"). |
Pode ser classificada em: Forma anictérica (sem amarelamento da pele) ou com poucos sintomas. É a forma mais benigna e presente em 90% dos doentes. Forma ictérica (pele amarelada) ou Doença de Weil. Forma mais grave que acomete 10% dos doentes, podendo levar à morte. É uma zoonose causada por uma bactéria do tipo Leptospira que, eliminada principalmente na urina de roedores, permanece em coleções de água a espera da pessoa que nela adentre. Assim, as pessoas podem contaminar-se não apenas ao entrar em áreas urbanas alagadas pela chuva, como também em coleções de águas rurais de lagoas, represas e riachos. A bactéria invade por pequenas lesões de pele ou pelas mucosas em contato com a água (oral, nasal e ocular). |
Diagnóstico O diagnóstico da doença não é fácil, dada a variedade de sintomas, comuns em outros quadros clínicos. O diagnóstico final é confirmado por meio de testes sorológicos como o Ensaio Detector de Anticorpos de Enzimas (ELISA, no acrônimo em inglês) e o PCR (sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase = Polymerase Chain Reaction). |
Sintomas Como ocorre em várias outras doenças infecciosas, o quadro clínico da leptospirose varia muito de indivíduo para indivíduo. O paciente pode apresentar desde quase nenhum sintoma, o que é o mais comum, até um quadro grave com risco de vida.O período de incubação pode variar de 2 a 45 dias. A média é 10 dias de intervalo entre a contaminação e o início dos sintomas da leptospirose.Mais de 75% dos pacientes apresentam febre alta com calafrios, dor de cabeça e dor muscular principalmente nos membros inferiores e panturrilha que, às vezes, atrapalha inclusive a locomoção do paciente tamanha a intensidade da dor. 50% apresentam náuseas, vômitos e diarréia. Um achado típico da leptospirose é a hiperemia conjuntival (olhos acentuadamente avermelhados). |
Outros
sintomas possíveis incluem tosse, faringite, dor articular, dor
abdominal, sinais de meningite, manchas pelo corpo e aumento dos
linfonodos, baço e fígado.Como os sintomas da
leptospirose são semelhantes às de várias outras
doenças febris, o dado mais importante para o seu
diagnóstico é a exposição recente a
situações de risco como enchentes ou contato com
água de poços, fossas, bueiros e esgoto. A maioria dos pacientes melhora em uma semana. Algumas vezes a evolução da doença é bifásica, com alguma melhora por 10 a 15 dias seguido de nova piora dos sintomas. |
A maioria
dos casos de leptospirose apresenta evolução benigna,
porém, em cerca de 10% a evolução é mais
grave, complicando com insuficiência renal aguda , hemorragias,
insuficiência hepática e insuficiência
respiratória.Os pacientes que complicam costumam apresentar
sinais de icterícia (pele amarelada) após o terceiro dia
de doença. Um sinal muito característico da forma grave
é a icterícia bilirrubínica (icterícia mais
vaso dilatação, uma mistura de pele amarelada e vermelha,
muitas vezes de especto alaranjado) O diagnóstico do final é normalmente feito através da sorologia sanguínea. Conhecida também como doença do rato. |
Causadores da doença A doença é transmitida pela água e urina dos animais, principalmente ratos. Em caso de enchente pode ser mais perigoso, já que as pessoas passam pela água suja sem proteção, correndo mais risco de pegar a doença, por restos de urina seca pode ser transmitida pelo ar. Se não for tratada corretamente a situação pode se agravar e pode levar a morte, apesar de ser raro. Complicações Complicações incluem falência renal, meningite, falência hepática e deficiência respiratória, o que caracteriza a forma mais grave da doença, conhecida como doença de Weil ou síndrome de Weil. Em casos raros ocorre a morte pela falta de ar. |
Fisiopatologia A Leptospira penetra ativamente por mucosas ou lesões na pele. Principais órgãos alvos são rim, fígado, cérebro e pulmões. A síndrome da angústia respiratória do adulto (SARA) é a principal causa de morte em pacientes com leptospirose grave. A liberação de componentes bacterianos como LPS e fração glicolipoprotéica causam ativação da resposta imune com agravamento do quadro clínico do paciente. O LPS da Leptospira difere das demais bactérias Gram(-) ativando TLR2 ao invés do TLR4 em humanos. A fração glicolipoprotéica (GLP) é capaz de inibir a Na+/KATPase contribuindo para o agravamento da doença, como insuficiência renal, hepatite e SARA. Além destes componentes bacterianos a bactéria apresenta moléculas de superfície celular (OMPs) como a lipoproteína LIPL32, também reconhecida pelo TLR2, encontra-se aumentada durante o curso da infecção . Na leptospirose também foi descrito um aumento nos ácidos graxos não esterificados (NEFA) no plasma concomitante com diminuição do nível de albumina. Esta relação: aumento dos NEFA com diminuição da albumina está diretamente relacionada à gravidade da disfunção hepática e renal . |
Tratamento A leptospirose é tratada com antibióticos, como a doxiciclina ou a penicilina e principalmente com estreptomicina ou dihidroestreptomicina que elimina a bactéria dos rins e, conseqüentemente, a transmissão desta doença. Em animais a recomendação por lei é de que, uma vez confirmado o diagnóstico, o animal seja internado em uma clínica veterinária e sejam tomados os cuidados sanitários. |