Bezerra da Silva José Bezerra da Silva (Recife, 23 de fevereiro de 1927 — Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 2005) foi um cantor, compositor e violonista, percussionista e interprete brasileiro dos gêneros musical Coco e Partido Alto, sub-gêneros do Samba. Considerado o embaixador dos morros e favelas, cantou sobre os problemas sociais encontrados dentro das comunidades, se apresentando no limite da marginalidade e da indústria musical, também é considerado um dos principais expoentes do samba do estilo partido alto. Em 2003 gravou o CD intitulado 'Caminho de Luz', de gênero gospel, uma vez que se converteu ao evangelho no ano de 2001 na Igreja Universal do Reino de Deus. |
Biografia Nordestino, desde a infância foi ligado à música e sempre "sentiu" que apresentava o dom de tocar, causando atritos com a família. O pai, da Marinha mercante, saiu de casa quando Bezerra era pequeno, indo morar no Rio de Janeiro. Com isso, depois de ingressar e ser expulso da Marinha mercante, descobriu o paradeiro do pai e foi atrás dele. Causando mais atritos com o pai, foi morar sozinho, no Morro do Cantagalo, trabalhando como pintor na construção civil. |
Juntamente, era instrumentista de percussão e logo entrou em um bloco carnavalesco, onde um dos componentes o levou para a Rádio Clube do Brasil, em 1950. Durante sete anos viveu como morador de rua em Copacabana, quando tentou suicídio e foi salvo por um Santo da Umbanda. A partir daí passou a atuar como compositor, instrumentista e cantor, gravando o primeiro compacto em 1969 e o primeiro LP seis anos depois. |
Inicialmente gravou músicas sem sucesso. Mas a partir da série Partido Alto Nota 10 começou a encontrar o público. O repertório dos discos passou a ser abastecido por autores anônimos (alguns usando codinomes para preservar a clandestinidade) e Bezerra. Antes do Hip Hop brasileiro, ele passou a mostrar a sua realidade em músicas como: "Malandragem Dá um Tempo", "Sequestraram Minha Sogra", "Defunto Caguete", "Bicho Feroz", "Overdose de Cocada", "Malandro Não Vacila", "Meu Pirão Primeiro", "Lugar Macabro", "Piranha", "Pai Véio 171", "Candidato Caô Caô". |
Em 1995 gravou pela gravadora carioca CID "Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró: Os Três Malandros In Concert", uma paródia ao show dos três tenores, Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras. O sambista virou livro em 1998, com "Bezerra da Silva - Produto do Morro", de Letícia Vianna. Em 2001 tornou-se evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus e em 2003 gravou o CD Caminho de Luz com músicas gospel. |
Em 2005, perto da morte, mas ainda demostrando plena atividade, participou de composições com Planet Hemp, O Rappa, Velhas Virgens e outros nomes de prestígio da Música Popular Brasileira. Morreu em 2005, aos 77 anos de idade, perto de completar 78, eternizando-se no mundo do samba. |
Morte Bezerra morreu na manhã de segunda-feira, dia 17 de janeiro de 2005 aos 77 anos, depois de sofrer uma parada cardíaca, a poucos dias de completar 78 anos. De acordo com o último boletim médico, a causa do óbito foi falência múltipla dos órgãos. O corpo de Bezerra foi velado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. O sepultamento foi em uma terça-feira, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju. |
Bezerra estava internado desde o dia 28 de outubro, no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital dos Servidores do Estado, Rio de Janeiro, com embolia pulmonar e pneumonia. O curioso desta data é que Bezerra se auto-intitulava "bom malandro", por isso quando morresse, queria que não fosse numa sexta-feira ou feriado, para não atrapalhar a praia dos amigos. |
E morreu numa segunda-feira - ou seja, depois do fim-de-semana e no dia 17 de janeiro, o primeiro mês do ano. Se foi o rei do SAMBA deixando todos abalados pela sua morte. Um fato curioso lembrado pelo sambista e amigo Dicró foi que a morte de Bezerra da Silva se deu no dia 17/1, uma verdadeira sátira ao 171 tão aclamado em suas músicas. |
Temas de músicas Os principais temas de suas músicas foram a vida do povo e os problemas da sociedade e das favelas, como a exploração e a opressão sofridas pelos trabalhadores, a malandragem e ladrões à margem da lei, a questão do uso de drogas como a maconha e a condenação à caguetagem, ou delação. Esta última temática se refere a uma das principais estratégias de sobrevivência da "malandragem" em comunidades militarizadas pelo Estado e sob constante vigilância policial, onde a "malandragem" exerce influência e medo para que os moradores destas localidades não os delatem aos órgãos do Estado. São numerosos os sambas de Bezerra da Silva que "condenam" de forma apológica os "dedo-duros". |
Reflexos de uma sociedade que habita um estado incapaz de garantir a segurança da população, que apela para a falsa segurança oferecida por traficantes e marginais, mas que na maioria das vezes é necessária, pois os indivíduos de fora deste grupo social os tem como inimigos. Concluindo-se assim, que não são os moradores do morro que fomentam a guerra, apenas defendem-se como podem. |
Discografia O Rei Do Côco - vol 1 (1975) O Rei Do Côco (1976) Partido Alto Nota 10 Bezerra e Genaro (1977) Partido Alto Nota 10 Vol.2 - Bezerra e Seus Convidados (1979) Partido Alto Nota 10 Vol.3 - Bezerra e Rey Jordão (1980) Partido Muito Alto (1980) Samba Partido e Outras Comidas (1981) Bezerra e um Punhado de Bambas (1982) Produto do Morro (1983) É Esse Aí Que É o Homem (1984) Malandro Rife (1985) Alô Malandragem, Maloca o Flagrante (1986) Justiça Social (1987) Violência Gera Violência (1988) Se Não Fosse o Samba (1989) Eu não sou Santo (1990) Partideiro da Pesada (1991) Presidente Caô Caô (1992) Cocada Boa (1993) |
Bezerra, Moreira e Dicró - Os 3 Malandros In Concert (1995) Contra O VERDADEIRO Canalha (Bambas Do Samba) (1995) Meu Samba É Duro na Queda (1996) Eu Tô de Pé (1998) Provando e Comprovando sua Versatilidade (1998) Bezerra da Silva: Ao Vivo (1999) Malandro é Malandro e Mané é Mané (2000) A Gíria é Cultura do Povo (2002) Caminho de Luz (2003) GOSPEL Pega Eu (2003) Meu Bom Juiz (2003) O Partido Alto do Samba (2004) Série Maxximum - Bezerra da Silva (2005) O Samba Malandro de Bezerra da Silva (2005) Caminho de Luz (2005) (Gospel) Nosso Sentimento de TYKERES (2012) |