Ulysses Guimarães
Ulysses
Silveira Guimarães (Itirapina, 6 de outubro de 1916
— Angra dos Reis, 12 de outubro de 1992) foi um político e
advogado brasileiro que teve grande papel na oposição
à ditadura militar e na luta pela redemocratização
do Brasil. Morreu em um acidente aéreo de helicóptero no
litoral ao largo de Angra dos Reis, sul do estado do Rio de Janeiro
Biografia
Infância e juventude
Nasceu
na vila de Itaqueri da Serra, hoje distrito do município de
Itirapina, que na época era parte do município de Rio
Claro, no interior paulista.
Teve
uma vida acadêmica ativa, participando do Centro Acadêmico
XI de Agosto e exercendo a vice-presidência da União
Nacional de Estudantes (UNE). Bacharelou-se em Ciências
Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo (USP).
Vida profissional
Foi
professor durante vários anos na Faculdade de Direito da
Universidade Mackenzie, onde veio a se tornar professor titular de
Direito Internacional Público. Lecionou ainda Direito Municipal
na Faculdade de Direito de Itu, e Direito Constitucional na Faculdade
de Direito de Bauru.
Exerceu profissionalmente a advocacia, especializando-se em Direito Tributário.
No
Santos Futebol Clube, Ulysses Guimarães se associou em 10 de
janeiro de 1941. Em 1942, foi nomeado diretor-presidente da subsede em
São Paulo do clube, cargo que voltou a ocupar em 1945.
Em
1944, foi eleito vice-presidente do clube na gestão do doutor
Antônio Ezequiel Feliciano da Silva. Por anos defendeu os
interesses do clube na Câmara dos Deputados e em Brasília
ao lado de outros santistas ilustres como Mário Covas e Aloizio
Mercadante.
Foi
eleito deputado estadual, por São Paulo, à Constituinte
de 1947, na legenda do Partido Social Democrático (PSD). A
partir deste momento, não deixaria mais a política,
elegendo-se deputado federal pelo Estado, por onze mandatos
consecutivos, de 1951 a 1995 (não tendo terminado o
último mandato). O primeiro discurso político ocorreu na
década de 1940, à sombra de uma centenária
figueira (até hoje frondosa e exuberante) no Distrito de
Itaqueri da Serra, município de Itirapina, Estado de São
Paulo, sua verdadeira terra natal, já que na época do
nascimento todas as pessoas lá nascidas eram registradas em Rio
Claro, que era então a sede do município. Ainda hoje, ao
chegarmos em Itaqueri da Serra, deparamo-nos com diversos parentes e
inesquecíveis histórias do Dr. Ulysses, como era
carinhosamente chamado.
Assumiu
a pasta do Ministério da Indústria e Comércio no
gabinete Tancredo Neves, durante a curta experiência
parlamentarista brasileira (1961-1962).
Apoiou,
inicialmente, o movimento militar que, em 1964, depôs o
presidente João Goulart, mas logo passou à
oposição. Com a instauração do
bipartidarismo (1965), filiou-se ao Movimento Democrático
Brasileiro (MDB), do qual seria vice-presidente e, depois, presidente.
Foi presidente do Parlamento Latino-Americano, de 1967 a 1970.
Luta pela abertura política
Em
1973, lançou sua anticandidatura simbólica à
Presidência da República como forma de repúdio ao
regime militar, tendo como vice o jornalista e ex-governador de
Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho.
Em
29 de novembro de 1976, no Plenário Tiradentes da Assembleia
Legislativa de São Paulo, fundou a O.P.B. - Ordem dos
Parlamentares do Brasil, uma Associação de Classe, sem
vínculos partidários, religiosos ou sociais, da qual
é Patrono.
À
frente do partido, participou de todas as campanhas pelo retorno do
país à democracia, inclusive a luta pela anistia ampla,
geral e irrestrita. Com o fim do bipartidarismo (1979), o MDB
converteu-se em Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB), do qual seria presidente nacional.
Junto
com Tancredo Neves, Orestes Quércia e Franco Montoro, Ulysses
liderou novas campanhas pela redemocratização, como a das
eleições diretas, popularmente conhecidas pelo slogan:
Diretas Já.
Ulysses
Guimarães quase foi o candidato a presidente da República
em 1985 pelo PMDB, quando as eleições foram realizadas no
colégio eleitoral. As articulações
políticas da época acabram levando à
eleição de uma chapa "mista", com Tancredo Neves como
candidato a presidente pelo PMDB e o candidato a vice José
Sarney, ex-PDS/Frente Liberal.
Exerceu
a presidência da Câmara dos Deputados em três
períodos (1956-1957, 1985-1986 e 1987-1988); presidindo a
Assembleia Nacional Constituinte, em 1987-1988. A nova
Constituição, na qual Ulysses teve papel fundamental, foi
promulgada em 5 de Outubro de 1988, tendo sido por ele chamada de
Constituição Cidadã, pelos avanços sociais
que incorporou no texto.
No
ano de 1986, esteve pela última vez em Itaqueri da Serra,
inaugurando o asfaltamento da rodovia vicinal que leva seu nome,
ligando as cidades de Itirapina a São Pedro, prestigiando
pessoalmente aquela conquista, um objetivo do então prefeito de
Itirapina, João Gobbo e da então vereadora Maria
Ângela de Oliveira Leite.
Em
1º de Fevereiro de 1987, tomou posse como presidente da Assembleia
Nacional Constituinte, responsável por estabelecer nova
Constituição democrática para o Brasil após
21 anos sob regime militar.
Como
presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses era o substituto do
Presidente Sarney e assumiu várias vezes a presidência,
sendo o primeiro paulista a fazê-lo desde que Ranieri Mazzilli
assumira a presidência em 1964.
Devido
à sua grande popularidade, candidatou-se à
Presidência da República, na sigla do PMDB, nas
eleições de 1989.
Morte
Morreu
em acidente aéreo de helicóptero, ao largo de Angra dos
Reis, no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1992, junto à
esposa D. Mora, o ex-senador Severo Gomes, a esposa deste e o piloto. O
corpo de Ulysses foi o único que nunca foi encontrado.
Publicações
Vida Exemplar de Prudente de Morais, 1940
Navegar é preciso, Viver não é preciso, 1973
Socialização do Direito, 1978
Esperança e Mudança, 1982
Tentativa, 1983
Diretas Já, 1984
PT Saudações, 1988
Da Fé fiz Companheira, 1989
Ou Mudamos ou seremos Mudados, 1991
Parlamentarismo – Além de ser mais forte, substitui um regime fraco,fevereiro de 1992.
Em
22 de junho de 1992 apresentou a pl 2938 que posteriormente foi
sancionada como a lei 8.906/1994, criando assim o Estatuto e Codigo de
Ética e Disciplina da OAB, o que gerou o Exame de Ordem como
obrigatório para os quadros da advocacia