Quando, em 1970, Charles Willis Manson apareceu, no início de um
julgamento, com um “x” na testa, feito à faca por ele mesmo, ele explicou ao
grande número de jornalistas presentes que estava se “xizando” do mundo, que
estava “saindo fora”. Na verdade, naquele dia ele só estava oficializando isto. Charles
Manson, desde criança, já
vivia fora deste mundo de regras e leis.
Charles Manson
começou a ficar famoso no final do ano anterior, quando foi descoberto o
envolvimento de sua “Família” em brutais assassinatos, acontecidos poucos meses
antes.A Manson Family era
formada por Charles Manson e um grupo de seguidores seus. Viviam, à época, em
um rancho, nos Estados Unidos. Sobreviviam especialmente de atividades
criminosas, como furtos. Naquele tempo era comum a existência de comunidades
parecidas a esta. Lembremos que foi o ano do Festival de Woodstock.O Festival de Woodstock foi o auge do movimento “paz e amor”: sexo
livre, lama (duas tempestades durante o evento), drogas (LSD e maconha,
principalmente)… E, claro, muito rock and roll. Cerca de 500 mil pessoas viram
performances hoje históricas de Santana, The Who, Jimi Hendrix, Janis Joplin,
entre muitos outros artistas.Um ano antes, o mundo havia sido sacudido pelas revoluções
não-armadas, comandadas pelos jovens e por trabalhadores, ocorridas em vários
países. O chamado “Maio de 68″, em Paris, foi o ponto mais alto desta história.
Pedia-se mais liberdade, menos leis, menos regras. “É proibido proibir” foi um
dos slogansdo
movimento.
Por tudo isto, a comunidade de Manson não chamava tanto a atenção. De fato, o seu envolvimento com as mortes foi descoberto um pouco por acaso. Em uma batida policial ao rancho, vários integrantes foram presos, por acusações de crimes mais leves. Mas, dentro da cadeia, uma das “garotas de Manson”, Susan Atkins, acabou por falar a uma colega de cela que ela mesma havia matado a atriz Sharon Tate, que estava grávida de oito meses quando morreu. Assustada com os detalhes que ouviu, esta colega de cela fez chegar às autoridades toda a história. E o novelo começou a ser desenrolado…
Infância
e adolescência de Charles Manson
Charles Manson
nasceu em 1943. Foi gerado por uma gravidez não desejada de uma garota de 16
anos, que havia saído de casa um ano antes, bebia muito e era promíscua, apesar
de (ou por causa de?) uma criação religiosa bastante rígida.
Seu pai
verdadeiro, Charles nunca conheceu. Herdou o sobrenome “Manson” de um homem com
quem a mãe se juntou, relacionamento que durou pouco tempo.
Às vezes sua
mãe sumia por dias, e o pequeno Charles Manson ficava aos cuidados da avó. A
mãe acabou sendo presa, com um irmão, por roubo armado a um posto de gasolina,
e Charles foi parar nas mãos de tios, também bastante conservadores.
O tio reprimia
Charles, dizia que ele era afeminado – e, para “consertá-lo”, enviou-o vestido
de menina no primeiro dia de aula.
Quando a mãe
foi solta, continuou com sua vida anterior: casos amorosos fugazes, pulando de
casa em casa, de cama em cama – supostamente, envolvia-se também com mulheres.
Charles Manson conta que sua mãe chegou a vendê-lo em um bar, em troca de
apenas uma caneca de cerveja, e teve de ser resgatado por um parente.
Ainda criança,
Charles Manson começou a furtar, continuamente. Foi mandado para um
reformatório, mas ao sair continuou com os delitos. Por volta dos 12, procurou
a mãe, que o rejeitou mais uma vez. Outras vezes preso, foi parar em outras
instituições. Muitas vezes fugia. Chegou a passar por avaliações psiquiátricas
– numa destas, postulou-se que por trás de suas mentiras e frieza estava um
garoto extremamente sensível que não havia recebido amor suficiente. Avaliou-se
o seu QI, e era acima da média.
Poucos dias
antes de ser ouvido para receber uma condicional, em uma destas detenções,
Charles Manson sodomizou um garoto, apontando uma faca contra o pescoço do
rapaz. Tinha já 17 anos. Charles relata que, nestas instituições penais pelas
quais passou, já tinha sido vítima anteriormente de abusos sexuais – sendo que
em uma ocasião um guarda incitou os outros garotos a violentá-lo, enquanto
permaneceu masturbando-se, ao lado da cena.
Charles Manson
foi então mandado para uma instituição mais segura. Não adiantou muito: lá,
abusou de outros homens.
A vida
na prisão
Já em outra
prisão, aparentemente mudou de comportamento, subitamente: dedicou-se mais a
aprender (finalmente foi alfabetizado) e estava mais colaborativo. Aos 19 pôde
sair. No ano seguinte, casou e teve um filho, Manson Jr.. Enquanto isto,
trabalhava em serviços de baixa especialização, pelos quais recebia pouco.
Então, para
completar sua renda, roubava carros…
Foi parar
novamente na prisão. Nisto, sua esposa o largou. Três anos depois, ele saiu da
cadeia. Virou “cafetão”, explorando prostitutas. E, claro, ainda era ladrão.
Ano seguinte, pego novamente, mas escapou com a ajuda de uma mulher que mentiu
estar grávida dele. Mas após dar um golpe financeiro em uma mulher e drogar e
estuprar a colega de quarto desta, foi preso. Estava com 26 anos e foi
condenado a vários anos de prisão.
Descreve-se
que, nesta época, Charles tinha grande necessidade de chamar a atenção para si
mesmo. Era manipulador. Falava de filosofias pouco conhecidas na época, como o
Budismo e a Cientologia.
Outra obsessão
era o quarteto de Liverpool, “The Beatles”. Charles Manson tinha um violão e
acreditava que, tendo oportunidade, seria mais famoso que os Beatles. Passava
boa parte do tempo na prisão escrevendo músicas.
Aos 32, podendo
finalmente ser libertado, quis recusar. Tinha passado mais da metade da sua
vida em instituições e disse que não saberia viver lá fora. Estávamos em 1966.
Família
Manson
Charles Manson
foi obrigado a sair da prisão. Na rua, teve contato com hippies e começou a
arregimentar seguidores. Muitos eram meninas bem jovens e emocionalmente
perturbadas. Além disso, Manson usava de drogas como o LSD para influenciá-las.
Nascia a “Família Manson”.
O já “guru”
Charles Manson pregava o abandono das prisões mentais engendradas pelo
capitalismo. Consta que a Família acabou por se aproximar das “ciências
ocultas”, como a “Ordem Circe do Cachorro Sanguinário” (!).
O grupo acabou
conhecendo Dennis Wilson, da banda Beach Boys, muito famosa à época. Tentaram
explorá-lo, mas ele logo se livrou de Manson.
Em 68, a
Família Manson foi parar no rancho onde se estabeleceriam em definitivo, o
“Rancho Spahn”. Eles sobreviviam não só de roubar, mas também de outras
atitudes pouco convencionais, como procurar comida em restos de restaurantes.
Charles Manson ainda tentava gravar um filme ou um disco. Um produtor, chamado
Melcher, recusou o que na cabeça de Manson seria um fato consumado: a gravação
e lançamento de seu disco.
Helter
Skelter
Em suas
teorizações, Charles dizia acreditar que em breve aconteceria uma grande guerra
racial, onde os negros venceriam, mas ficariam desnorteados, porque eram
incapazes de dominar. Neste ano, os Beatles lançaram o que ficou conhecido como
“Álbum Branco”, onde uma música chamada “Helter-skelter” dizia “Olhe lá fora a
‘helter-skelter’, ela está chegando rapidamente”. Então, tudo ficou claro na
cabeça de Manson…
A guerra, pensava Manson, deveria começar com o acontecimento de
crimes que deixassem os brancos realmente enfurecidos contra os negros. Charles
e sua Família escapariam escondendo-se no deserto. Charles havia entendido, ao
ler um livro religioso, que no deserto havia uma entrada para uma cidade de
ouro. Após o fim da guerra racial, a Família Manson retornaria e assumiria o
comando da situação. Charles era o “quinto anjo”. Os outros quatro? John, Paul,
George e Ringo: os Beatles…
Como os negros
não iniciaram a guerra na data que Charles achou que começariam, ele percebeu
que teria que ensinar a eles o que fazer…
Sharon
Tate
Madrugada de 9
de agosto de 69. Hollywood. A bela atriz Sharon Tate está grávida de 8 meses.
Seu marido é o diretor de cinema Roman Polanski, que já era conhecido e está em
viagem na Europa. Na casa do casal, Sharon Tate recebe três amigos – uma
residência isolada da cidade, e com vizinhos distantes.
Os quatro são
assassinados esta noite, por integrantes da Família Manson (Charles não
participou, só ordenou)– aliás, os cinco: o garoto na barriga de Sharon Tate
também morreu. Também foi assassinada outra pessoa que não estava com eles na
casa, estava por perto apenas procurando pelo caseiro.
Tiros, golpes
com objetos, enforcamentos e muitas facadas. Na parede, escreveram “PIG”
(porco), com o sangue das vítimas.
Sharon e seus
amigos morreram, podemos dizer, “por azar”. Dias antes, Charles Manson havia
ido a casa à procura daquele produtor musical, Melcher, mas ele havia se
mudado. Foi então que viu Tate lá e pensou que seria uma ótima vítima.
Na noite
seguinte a este crime, o rico casal LaBianca foi assassinado quase da mesma
maneira. Charles entrou na casa, dominou o casal, amarrou-os e saiu, chamando
os outros membros para terminarem o serviço. Segundo afirmou Charles “Tex”
Watson, um dos criminosos, Charles havia ordenado: “Matem estas pessoas da
maneira mais cruel possível!”.
Na parede, com
sangue, escreveram “WAR” (guerra). Na geladeira, “HEALTER SKELTER”
(involuntariamente, a expressão foi escrita erroneamente).
A guerra iria
começar…
O cartão de
crédito roubado da senhora LaBianca foi deixado em um estabelecimento comercial
– era para ser achado por um negro, que seria então preso e acusado dos
assassinatos (o tal cartão nunca foi usado…).
Alguns dias
antes destes crimes, em 31 de julho, em outra jurisdição, o professor de música
Gary Hinman também havia sido morto de modo semelhante (inclusive com
inscrições na parede). A polícia local prendeu um homem, que já havia passado
pelo acampamento de Charles Manson. Mas o Departamento de Polícia responsável
pelos casos mais recentes não quis ver a ligação entre os crimes, e preferiu
achar que a morte de Tate e seus amigos estava relacionada com problemas
relacionados a drogas.
Várias pessoas
foram interrogadas, e o próprio Polanski foi submetido ao polígrafo (“detector
de mentiras”). A mídia aproveitou-se do caso, e dizia que o casal se
entorpecia, que eram satanistas, que faziam orgias.
Roman Polanki
chegou a oferecer 25 mil dólares de recompensa por informações sobre os
assassinos. O pai de Sharon, por sua vez, deixou a barba e cabelo crescerem e
se infiltrou entre hippies e drogados para tentar obter informações. Sem
resultados efetivos, as ações dos dois.
Poucos dias
depois dos homicídios, um garoto achou uma arma. Era a utilizada nestes crimes.
Somente em
outubro investigadores chegaram ao Rancho Spahn, cenário de realização de
filmes de faroeste, nos anos 20. O local ainda parecia uma cidade do Velho
Oeste. Lá morava toda a Família Manson, que chegou a ter até 50 pessoas. Mas os
agentes estavam atrás deles por outros motivos – haviam queimado um
equipamento, em uma estrada, por obstruir o caminho dos bugues na planejada
fuga para o deserto.
Uma das pessoas
a ser presa nesta batida policial foi Susan Atkins, por suspeita de
envolvimento no primeiro assassinato, de Melcher. Em novembro ela falou à
colega de cela que tinha participado da morte de Sharon Tate. Susan tinha um
comportamento incomum na cadeia: cantava, dançava, ria sozinha. Dizia que seu
amante, Manson, era Jesus Cristo. Parecia pouco preocupada com qualquer coisa.
A
confissão de Susan Atkins
Susan afirmou à
colega de cela que foi ela mesmo quem matou Tate, enquanto esta implorava por
sua vida. Susan teria esbravejado contra Tate: “Olha, cadela, eu não me importo
com você. Eu não me importo se você vai ter um filho. É melhor você estar
preparada. Você vai morrer e eu não sinto nada por isto…”.
Susan Atkins
disse ainda, à colega, que provou do sangue de Tate: “Uau, que viagem! Provar a
morte, e ainda dar vida.”. Falou também que queria tirar o bebê de Tate de sua
barriga, mas não havia tempo. E que quis arrancar os olhos das vítimas e
jogá-los contra as paredes, mas não teve oportunidade. Disse ainda que o plano
seria matar, posteriormente, outras celebridades, como Frank Sinatra e
Elizabeth Taylor.
A polícia levou
algum tempo para querer ouvir a colega de cela de Susan. Outros depoimentos,
então, começaram a dar sentido à história de Susan. O irmão de um ex-morador do
rancho falou de outra morte, ocorrida em 17 de julho daquele ano, de um
freqüentador do rancho que iria denunciar ao dono deste o que lá ocorria:
depósito de carros roubados, uso de drogas, sexo grupal. Seu corpo teria sido
desmembrado. Posteriormente, vários outros crimes supostamente cometidos por
diversos membros da Família vieram à tona.
Em novembro, um
promotor pegou o caso. Ele queria incriminar Charles Manson, mas pelas
informações que tinha, Manson efetivamente não tinha matado ninguém, não com
suas próprias mãos.
Algumas provas
materiais dos crimes surgiam, enquanto Susan, por pressão de Charles, recuava
no seu falatório.
Charles
defendeu a si mesmo na audiência preliminar. Era bem articulado. Segundo o
promotor, ele “parecia considerar todos os aspectos escondidos de uma questão”
e “suas expressões faciais eram como as de um camaleão”. Manson dirigia-se à
Família, à corte, à platéia. Via uma mulher bonita e sorria ou piscava para
ela. Elas pareciam ficar mais lisonjeadas que ofendidas. “Ele tinha uma
estranha energia…”, comentou o promotor.
O
julgamento de Charles Manson
O julgamento
começou no meio de 1970. Foi quando Charles com o “x” na testa e disse à corte
que ela não tinha jurisdição sobre ele porque tinha “xizado” a si mesmo do
mundo. Vários outros membros da Família também fizeram o “x”. Atitudes como
esta faziam aumentar o espanto e a curiosidade do público.
Manson fez chegar
até membros da Família ameaças de morte. De fato, uma moça chegou a ser quase
morta. Quando evidências eram apresentadas, Charles tentava manipular, desviar
a atenção para si mesmo. Chegou a dizer ao juiz que alguém deveria cortar a
cabeça deste.
A fala da
acusação durou 22 semanas! Durante a defesa, Manson teve conflitos com seu
próprio advogado, que acabou “desaparecendo”. Havia sido assassinado e depois
um membro da Família confessou o crime.
Em janeiro de
71, finalmente, o júri iria tomar suas decisões. A segurança foi reforçada,
porque um membro da Família havia roubado granadas e feito ameaças.
Manson, Susan e
mais dois membros da Família foram considerados culpados. Posteriormente, mais
um recebeu o mesmo veredito.
Linda Kasabian,
outra integrante da Família, ganhou imunidade no julgamento ao aceitar
colaborar na acusação.
Quando da
deliberação da pena, que ocorreu apenas em março, Manson e suas garotas
apareceram de cabeças raspadas. Todos os quatro receberam pena de morte. Foi o
maior, o mais caro e o mais midiático julgamento nos EUA até então.
Manson escapa da pena de morte
Contudo, ainda
em 1972 a pena de morte foi abolida no estado da Califórnia… As penas foram
transformadas em prisão perpétua, com possibilidade de condicional.
Na época, Charles
virou uma espécie de celebridade, com muita gente o defendendo. Virou, depois,
objeto de filmes, livros, músicas e até ópera.
Segundo o
promotor do caso, Bugliosi, “hoje, quase todo grupo minoritário e rejeitado da
América, dos satanistas aos neonazistas, encampou Manson e os venenos de sua
virulenta filosofia. Ele se tornou o ícone espiritual deles.”.
Em 1971, seis
membros da Família tentaram roubar 140 armas de uma loja, e foram presos. O
objetivo era tentar resgatar Manson.
O
destino da Família Manson
Manson, hoje
com mais de 70 anos, ainda é o prisioneiro que mais recebe cartas nos EUA.
Neste período preso, já recebeu algumas punições dentro da prisão
(especialmente a “solitária”), inclusive por tramar o assassinato de um
presidente dos EUA (Gerald Ford), tentado por uma de suas garotas (Linette
Fromme, que pegou prisão perpétua). Já foi penalizado também por vender drogas
lá dentro. Muitas vezes teve problemas com outros internos, e já foi,
supostamente, envenenado, espancado e até mesmo tentaram colocar fogo nele.
Também relata ter sofrido abuso sexual. Em 1974, foi diagnosticada uma psicose
aguda.
Seu “x” na
testa foi transformado em uma suástica nazista. Em uma entrevista mais recente,
Charles Manson disse: “Eu não sinto culpa. Eu não fiz nada que deva me
envergonhar.”. Sua condicional foi negada inúmeras vezes. Nem sempre ele
comparece à audiência – uma vez, mandou apenas um cartão do jogo Banco
Imobiliário: aquele que diz “Saída livre da prisão”…
Já Leslie Van
Houten, uma das condenadas, teve comportamento exemplar nas três décadas em que
passou presa e, segundo a última avaliação psiquiátrica, não representa mais
perigo à sociedade. Ela afirma: “Meu coração dói e parece não haver meios de
expressar a dor que eu causei. Eu não sei mais o que dizer.”. Segundo sua
advogada, deveria também ser levado em conta que ela usava drogas à época e
que, de certa maneira, também era uma vítima de Charles Manson. Contudo, ainda
está presa.
Patricia “Kate”
Krenwinkel também continua presa.
Charles “Tex”
Watson converteu-se ao cristianismo e escreveu vários livros, na prisão. Virou
uma espécie de pastor. Além disso, casou-se e teve quatro filhos – tudo isto,
preso! Sua família mora perto da cadeia. Também teve a condicional negada
várias vezes.
Susan Atkins
(ou “Sadie”, como era chamada por Manson) esteve casada por duas vezes, na
prisão. A condicional foi negada várias vezes. “Eu não tenho que pedir
desculpas somente às vítimas e suas famílias, eu tenho também que me desculpar
com a sociedade. Eu pequei contra Deus e tudo que este país preserva.”, disse
certa vez. Susan morreu recentemente, de câncer.
Nestas
audiências da condicional dos envolvidos, geralmente a irmã de Sharon Tate
comparecia e pedia pela manutenção das penas.
Linda Kasabian
passou mais um tempo presa, depois, por outros crimes, e hoje não se sabe onde
está.
Outros membros
não condenados à época também foram parar na cadeia por diversos motivos,
incluindo homicídios. Suspeita-se que Manson pode estar envolvido em algumas
destas outras mortes, mesmo estando preso, visto que ainda continuou a ter uma
boa quantidade de seguidores.
O filho de
Manson matou-se, em 1993.
A
filosofia de Charles Manson
É interessante a discrepância entre o comportamento, hoje, de
Charles e do restante da Família. Nenhum dos outros nega que tenha participado
dos fatos, e todos falam em arrependimento. Manson, ao contrário, nega qualquer
participação nos eventos. Não seria, portanto, um serial killer,
já que nunca matou ninguém…
Em uma
entrevista concedida a um programa de TV em 1981 (de conteúdo semelhante a
todas as outras concedidas antes ou depois desta data, por sinal), ele fala
bastante:
* sobre a
liderança que exercia: “Não sou a droga de líder de ninguém e não sou seguidor
de ninguém. Eu disse: ‘Façam o que vocês quiserem.’”;
* sobre o
“Helter Skelter”: “Era apenas uma música que algumas pessoas cantavam!”;
* sobre a dor
que causou: “Eu costumava ter que me deitar e tinha minha bunda invadida até eu
não poder andar. Me fale sobre o que é dor… A dor não é ruim, é boa. Ela ensina
coisas a você…”;
* sobre sua
personalidade: “Eu nunca pensei que fosse normal. Nunca tentei ser normal. Eu
não sei nada sobre o que é ser normal. Passei a minha vida inteira na cadeia,
cara.
* sobre o
egocentrismo: “Eu não gosto de receber atenção. A maioria das pessoas inseguras
precisa de atenção. Eu não.”;
* sobre os
crimes: “Eu não violei a lei. O juiz sabia disso. Mas as pessoas não queriam
ouvir isso. O juiz lavou as mãos. (…) Só porque você foi condenado em um
julgamento, isto não quer dizer que você é culpado de alguma coisa.” – neste
momento da entrevista, Charles Manson fica irritado com o entrevistador, por
ele acreditar em tudo o que leu, e diz que ele parece um “advogadozinho”;
* sobre o assassinato
do professor de música: “Eu apenas cortei a orelha dele.” – e afirma que teve
motivos para isso, mas os explica de maneira bem vaga;
* sobre seu
envolvimento no caso LaBianca: “Nada é ‘sim’ ou ‘não’.” Aqui Charles enrola
bastante e não responde, começa a falar até sobre a preservação de baleias…;
* sobre o plano
de matar outros artistas: “Se eu quisesse feri-los então eu deveria
simplesmente não assistir a seus shows.”;
* sobre sua
vida atual: “A prisão está na sua mente, cara, como você bem sabe. Se me
perguntam ‘Você está preso?’, eu digo ‘Não, eu simplesmente estou aqui.’”.
Após a
entrevista, o repórter falou da impressão que teve de Charles: “Eu acho que ele
tem tanto medo de nós quanto nós temos dele…”.
MEMBROS DA FAMILIA MANSON