biografia Carl Gustav Jung
Carl
Gustav Jung nasceu a 26 de julho de 1875, em Kresswil, Basiléia, na
Suíça, no seio de uma família voltada para a religião. Seu pai e vários
outros parentes eram pastores luteranos, o que explica, em parte, desde
a mais tenra idade, o interesse do jovem Carl por filosofia e questões
espirituais e o pelo papel da religião no processo de maturação
psíquica das pessoas, povos e civilizações. Criança bastante sensível e
introspectiva, desde cedo o futuro colega de Freud demonstrou uma
inteligência e uma sagacidade intelectuais notáves, o que, mesmo assim,
não lhe poupou alguns dissabores, como um lar algumas vezes um pouco
desestruturado e a inveja dos colegas e a solidão.
Ao
entrar para a universidade, Jung havia decidido estudar Medicina, na
tentativa de manter um compromisso entre seus interesses por ciências
naturais e humanas. Ele queria, de alguma forma, vivenciar na prática
os ideais que adotava usando os meios dados pela ciência. Por essa
época, também, passou a se interessar mais intensamente pelos fenômenos
psíquicos e investigou várias mensagens hipoteticamente recebidas por
uma médium local (na verdade, uma prima sua), o que acabou sendo o
material de sua tese de graduação, "Psicologia e Patologia dos Assim
Chamados Fênomenos Psíquicos". Em 1900, Jung tornou-se interno na
Clínica Psiquiátrica Bugholzli, em Zurique, onde estudou com Pierre
Janet, em 1902, e onde, em 1904, montou um laboratório experimental em
que criou seu célebre teste de associação de palavras para o
diagnóstico psiquiátrico. Neste, uma pessoa é convidada a responder a
uma lista padronizada de palavras-estímulo; qualquer demora irregular
no tempo médio de resposta ou excitação entre o estímulo e a resposta é
muito provavelmente um indicador de tensão emocional relacionada, de
alguma forma, com o sentido da palavra-estímulo. Mas tarde este teste
foi aperfeiçoado e adaptado por inúmeros psiquiatras e psicólogos, para
envolver, além de palavras, imagens, sons, objetos e desenhos. É este o
princípio básico usado no detector de mentiras, utilizado pela polícia
científica. Estes estudos lhe granjearam alguma reputação, o que o
levou, em 1905, aos trinta anos, a assumir a cátedra de professor de
psiquiatria na Universidade de Zurique. Neste ínterim, Jung entra em
contato com as obras de Sigmund Freud (1856-1939), e, mesmo conhecendo
as fortes críticas que a então incipiente Psicanálise sofria por parte
dos meio médicos e acadêmicos na ocasião, ele fez questão de defender
as descobertas do mestre vienense, convencido que estava da importância
e do avanço dos trabalhos de Freud. Estava tão enstusiasmado com as
novas perspectivas abertas pela psicanálise, que decidiu conhecer Freud
pessoalmente. O primeiro encontro entre eles transformou-se numa
conversa que durou treze horas ininterruptas. A comunhão de idéias e
objetivos era tamanha, que eles passaram a se corresponder
semanalmente, e Freud chegou a declarar Jung seu mais próximo
colaborador e herdeiro lógico, e isso é algo que tem de ser bem
frisado, a mútua admiração entre estes dois homens, frequentemente
esquecida tanto por freudianos como por junguianos. Porém, tamanha
identidade de pensamentos e amizade não conseguia esconder algumas
diferenças fundamentais, e nem os confrontos entre os fortes gênios de
um e de outro. Jung jamais conseguiu aceitar a insistência de Freud de
que as causas dos conflitos psíquicos sempre envolveriam algum trauma
de natureza sexual, e Freud não admitia o interesse de Jung pelos
fenômenos espirituais como fontes válidas de estudo em si. O rompimento
entre eles foi inevitável, ainda que Jung o tenha, de certa forma,
precipitado. Ele iria acontecer mais cedo ou mais tarde. O rompimento
foi doloroso para ambos. O rompimento turbulento do trabalho mútuo e da
amizade acabou por abrir uma profunda mágoa mútua, nunca inteiramente
assimilada pelos dois principais gênios da Psicologia do século XX e
que ainda, infelizmente, divide partidários de ambos os teóricos.
Aterior
mesmo ao período em que estavam juntos, Jung começou a desenvolver uma
sistema teórico que chamou, originalmente, de "Psicologia dos
Complexos", mais tarde chamando-a de "Psicologia Analítica", como
resultado direto de seu contato prático com seus pacientes. O conceito
de inconsciente já está bem sedimentado na sólida base psiquiátrica de
Jung antes de seu contato pessoal com Freud, mas foi com Freud, real
formulador do conceito em termos clínicos, que Jung pôde se basear para
aprofundar seus próprios estudos. O contato entre os dois homens foi
extremamente rico para ambos, durante o período de parceria entre eles.
Aliás, foi Jung quem cunhou o termo e a noção básica de "complexo", que
foi adotado por Freud. Por complexo, Jung entendia os vários "grupos de
conteúdos psíquicos que, desvinculando-se da consciência, passam para o
inconsciente, onde continuam, numa existência relativamente autônoma, a
influir osbre a conduta" (G. Zunini). E, embora possa ser
frequentemente negativa, essa influência também pode assumir
caracterísiticas positivas, quando se torna o estímulo para novas
possibilidades criativas. Jung
já havia usado a noção de complexo desde 1904, na diagnose das
associações de palavras. A variância no tempo de reação entre palavras
demonstrou que as atitudes do sujeito diante de certas
palavras-estímulo, quer respondendo de forma exitante, quer de forma
apressada, era diferente do tempo de reação de outras palvras que
pareciam ter estimulação neutra. As reações não convencionais poderiam
indicar (e indicavam de fato) a presença de complexos, dos quais o
sujeito não tinha consciência. Utilizando-se
desta técnica e do estudo dos sonhos e de desenhos, Jung passou a se
dedicar profundamente aos meios pelos quais se expressa o inconsciente.
Os sonhos pessoais de seus pacientes o intrigavam na medida em que os
temas de certos sonhos individuais eram muito semelhantes aos grandes
temas culturais ou mitológicos universais, ainda mais quando o sujeito
nada conhecia de mitos ou mitologias. O mesmo ocorria no caso dos
desenhos que seus pacientes faziam, geralmente muito parecidos com os
símbolos adotados por várias culturas e tradições religiosas do mundo
inteiro. Estas similaridades levaram Jung à sua mais importante
descoberta: o "inconsciente coletivo". Assim, Jung descobrira que além
do consciente e inconsciente pessoais, já estudados por Freud, exitiria
uma zona ou faixa psíquica onde estariam as figuras, símbolos e
conteúdos arquetípicos de caráter universal, frequentemente expressos
em temas mitológicos. Por exemplo, o mito bíbilico de Adão e Eva
comendo do fruto da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e, por isso,
sendo expulosos do Paraíso, e o mito grego de Prometeu roubando o fogo
do conhecimento dos deuses e dando-o aos homens, pagando com a vida
pelo sua presunção são bem parecidos com o moderno mito de
Frankenstein, elaborado pela escritora Mary Schelley após um pesadelo,
e que toca fundo na mente e nas emoções das pessoas de forma quase
"instintiva", como se uma parte de nossas mentes "entendesse" o real
significado da história: o homem sempre paga um alto preço pela ousadia
de querer ser Deus. Enquanto
o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente de material reprimido
e de complexos, o inconsciente coletivo é composto fundamentalmente de
uma tendência para sensibilizar-se com certas imagens, ou melhor,
símbolos que constelam sentimentos profundos de apelo universal, os
arquétipos: da mesma forma que animais e homens parecem possuir
atitudes inatas, chamadas de instintos, também é provável que em nosso
psiquismo exista um material psíquico com alguma analogia com os
instintos. Talvez, as imagens arquetípicas sejam algo como que
figurações dos próprios insitintos, num nível mais sofisticado,
psíquico. Assim, não é mais arriscado admitir a hipótese do
inconsciente coletivo, comum a toda a humanidade, do que admitir a
existência instintos comuns a todos os seres vivos.
Assim,
em resumo, o inconsciente coletivo é uma faixa intrapsíquica e
interpsíquica, repleto de material representativo de motivos de forte
carga afetiva comum a toda a humanidade, como, por exemplo, a
associação do femino com características maternas e, ao mesmo tempo, em
seu lado escuro, crueis, ou a forte sensação intuitiva universal da
existência de uma transcendência metaforicamente denominada Deus. A mãe
boa, por exemplo, é um aspecto do arquétipo do feminino na psique, que
pode ter a figura de uma deusa ou de uma fada, da mãe má, ou que pode
possuir os traços de uma bruxa; a figura masculina poderá ter uma
representação num sábio, que geralmente é representado por um ermitão,
etc. As figuras em si, mais ou menos semelhantes em várias culturas,
são os arquétipos, que nada mais são que "corpos" que dão forma aos
conteúdos que representam: o arquétipo da mãe boa, ou da boa fada,
representam a mesma coisa: o lado feminino positivo da natureza humana,
acolhedor e carinhoso. Este mundo inconsciente, onde imperam os
arquétipos, que nada mais são que recepientes de conteúdos ainda mais
profundos e universais, é pleno de esquemas de reações psíquicas quase
"instinitvas", de reações psíquicas comuns a toda a humanidade, como,
por exemplo, num sonho de perseguição: todas as pessoas que sonham ou
já sonharam sendo perseguidas geralmente descrevem cenas e ações muito
semelhanes entre si, senão na forma, ao menos no conteúdo. A angústia
de quem é perseguido é sentida concomitantemente ao prazer que sabemos
ter o perseguidor no enredo onírico, ou a sua raiva, ou o seu desejo.
Estes esquemas de reações "instintivas" (uso esta palavra por analogia,
não por equivalência) também se encontram nos mitos de todos os povos e
nas tradições religiosas. Por exemplo, no mito de Osires, na história
de Krishna e na vida de Buda encontramos similiradades fascinates.
Sabemos que mitos encobrem frequentemente a vida de grandes homens,
como se pudessem nos dizer algo mais sobre a mensagem que eles nos
trouxeram, e quanto mais carismáticos são esses homens, mais a
imaginação do povo os encobrem em mitos, e mais esses mitos têm em
comum. Estes padrões arquetípicos expressos quer a nível pessoal que a
nível mitológico relacionam-se com caracterísiticas e profundos anseios
da natureza humana, como o nascimento, a morte, as imagens parterna e
materna, e a relação entre os dois sexos. Outra temática famosa com
respeito a Jung é a sua teoria dos "tipos psicológicos". Foi com base
na análise da controvérsia entre as personalidades de Freud e um outro
seu discípulo famoso, e também dissidente, Alfred Adler, que Jung
consegue delinear a tipologia do "introvertido" e do "extrovertido".
Freud seria o "extrovertido", Adler, o "introvertido". Para o
extrovertido, os acontecimentos externos são da máxima importância, ao
nível consciente; em compesação, ao nível insconsciente, a atividade
psíquica do extrovertido concentra-se no seu próprio eu. De modo
inverso, para o introvertido o que conta é a resposta subjetiva aos
acontecimentos externos, ao passo que, a nível insconsciente, o
introvertido é compelido para o mundo externo. Embora não exista um
tipo puro, Jung reconhece a extrema utilidade descritiva da distinção
entre "introvertido" e "extrovertido". Aliás, ele reconhecia que todos
temos ambas as características, e somente a predominância relativa de
um deles é que determina o tipo na pessoa. Seu mais famoso livro, Tipos
Psicológicos é de 1921. Já nesse período, Jung dedica maior atenção ao
estudo da magia, da alquimia,das diversas religiões e das culturas
ocidentais pré-cristãs e orientais (Psicologia da Religião Oriental e
Ocidental, 1940; Psicologia e Alquimia, 1944; O eu e o inconsciente,
1945). Analisando o seu trabalho, Jung disse: "Não sou levado por
excessivo otimismo nem sou tão amante dos ideais elevados, mas me
interesso simplesmente pelo destino do ser humano como indivíduo -
aquela unidade infinitesimal da qual depende o mundo e na qual, se
estamos lendo corretamente o signficado da mensagem cristã, também Deus
busca seu fim". Ficou célebre a controvertida resposta que Jung deu, em
1959, a um entrevistador da BBC que lhe perguntou: "O senhor acredita
em Deus?" A resposta foi: "Não tenho necessidade de crer em Deus. Eu o
conheço".
Eis
o que Freud afirmou do sistema de Jung: "Aquilo de que os suíços tinham
tanto orgulho nada mais era do que uma modificação da teoria
psicanalítica, obtida rejeitando o fator da sexualidade. Confesso que,
desde o início, entendi esse 'progresso' como adequação excessiva às
exigências da atualidade". Ou seja, para Freud, a teoria de Jung é uma
corruptela de sua própria teoria, simplificada diante das exigências
moralistas da época. Não há nada mais falso. Sabemos que foi Freud
quem, algumas vezes, utilizou-se de alguns conceitos de Jung, embora de
forma mascarada, como podemos ver em sua interpretação do caso do
"Homem dos Lobos", notadamente no conceito de atavismo na lembrança do
coito. Já por seu turno, Jung nunca quis negar a importância da
sexualidade na vida psíquica, "embora Freud sustente obstinadamente que
eu a negue". Ele apenas "procurava estabelecer limites para a
desenfreada terminologia sobre o sexo, que vicia todas as discussões
sobre o psiquismo humano, e situar então a sexualidade em seu lugar
mais adequado. O senso comum voltará sempre ao fato de que a
sexualidade humana é apenas uma pulsão ligada aos instintos
biofisiológicos e é apenas uma das funções psicofisiológicas, embora,
sem dúvida, muitíssimo importante e de grande alcance". Carl Gustav
Jung morreu a 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa, à beira do
lago de Zurique,em Küsnacht após uma longa vida produtiva, que marcou -
e tudo leva a crer que ainda marcará mais - a antropologia, a
sociologia e a psicologia.
Freud e Jung: Estudos Críticos A
fecunda e tumultuada amizade entre Freud e Jung, nas palavras de Paul
Roazen, é um dos marcos da história do pensamento e da cultura
ocidental. O rompimento dessa amizade entre os dois maiores
cientistas e sábios do século impediu a continuação de uma parceria
que poderia ter contribuído para um desenvolvimento ainda maior da
ciência da psique e para o alargamento dos horizontes de conhecimento
da interioridade do homem. Muito já se disse e se escreveu sobre o
assunto. Mas não há conclusão que se imponha de modo a silenciar a
polêmica que se arrasta e prossegue entre os discípulos menos avisados
de cada um dos mestres. Relacionamos a seguir textos que iluminam a
questão, embora alguns dos seus aspectos permaneçam obscuros e
possivelmente nunca venham a ser completamente elucidados. Talvez
porque sejam manifestações cujas origens estão fincadas nas mais
abissais regiões do inconsciente dos protagonistas. De qualquer
sorte, talvez seja necessário àqueles que se propõem seguir as
orientações teóricas de Freud ou de Jung ou, ainda, de Freud e Jung -
mergulhar na história dessa turbulenta amizade e extrair as suas
próprias conclusões. É possível que esse mergulho termine por ser um
encontro pessoal de cada um com a sua própria verdade. Um confronto
rico e saudável com o seu inconsciente. Então, quem sabe, talvez
tenhamos aprendido a lição maior desses mestres segundo a qual pessoa
alguma pode acompanhar ou orientar uma jornada que ela mesmo não a
tenha feito. O confrontar-se com o inconsciente e o defrontar-se com
a própria sombra parece ser o exemplo maior de coragem pessoal e
honestidade intelectual que Freud e Jung legaram às gerações de
estudiosos da alma humana que os sucederam. Esse entendimento poderá ser útil à compreensão aprofundada das teorias do Dr. Sigmund Freud e do Dr.Carl Gustav Jung. E, parafraseando o bardo inglês, o resto é silêncio! AMIGOS ÍNTIMOS, RIVAIS PERIGOSOS - A turbulenta convivência de Freud e Jung Duane Schultz Rio de Janeiro: Rocco, 1991 - 274 p. O
autor, psicólogo e pesquisador da história da psicologia e da
psicanálise, apresenta um relato claro e objetivo da turbulenta
convivência entre Freud e Jung. CORRESPONDÊNCIA COMPLETA DE SIGMUND FREUD E CARL G. JUNG William McGuire (org.) Rio de Janeiro: Imago, 1993 - 651 p. Contém a correspondência de Freud e de Jung no período de 1906 a 1914. FREUD E JUNG - Anos de amizade, anos de perda Linda Donn Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991 - 358 p. Percorrendo
a trajetória da amizade de Freud e Jung, desde o início até o
tempestuoso conflito que levou ao seu rompimento, a autora mostra o
trabalho que os dois cientistas realizaram para dar forma e substância
à psicanálise e, por fim, focaliza o lastimável conflito que impediu a
continuação da amizade e da colaboração científica entre os dois
maiores estudiosos da mente humana de todos os tempos.
FREUD E A PSICANÁLISE Carl Gustav Jung Petrópolis: Vozes - Volume IV das Obras Completas Reúne
os principais escritos de Jung sobre Freud e sobre a psicanálise,
destacando principalmente as mudanças do seu ponto de vista sobre a
ciência freudiana. Contém uma análise detalhada sobre as suas idéias
fundamentais e as suas diferenças em relação a Freud. FREUD E SEUS DISCÍPULOS - Capítulo VI - p. 259-335 Paul Roazen São Paulo: Cultrix, 1978 - 669 p. Completo
estudo de Freud, contemplando suas idéias, personalidade e as relações
com os seus discípulos. No captítulo VI, o autor trata da relação
Freud-Jung e da sua importância para psicanálise. FREUD - Uma vida para o nosso tempo - Capítulo 5 - p. 191-231 Peter Gay São Paulo: Companhia das Letras,1989 - 719 p. Considerada uma das mais bem documentadas biografias de Freud, Peter Gay dedica praticamente todo o seu capítulo 5, que trata da Política Psicanalítica, à análise da amizade Freud e Jung. No começo, Jung era o "Principe Herdeiro" , depois transformado no "Inimigo". UM MÉTODO MUITO PERIGOSO - Freud, Jung e Sabina Spielrein - A história ignorada dos primeiros anos da psicanálise John Kerr Rio de Janeiro: Imago, 1997 - 643 p. Nesse
livro, John Kerr apresenta um estudo dos primórdios da história da
psicanálise, principalmente sobre o papel que Jung desempenhou nessa
etapa do surgimento da ciência freudiana. O autor reexamina a polêmica
relação Freud-Jung-Sabina Spielrein e seu impacto na estruturação das
idéias de Jung e a importância desse tríplice relacionamento para o
movimento psicanalítico. VIDA E OBRA DE SIGMUND FREUD - 3 VOLUMES Ernest Jones Rio de Janeiro: Imago, 1989 Tradicional
biografia de Freud, escrita por um dos seus contemporâneos e discípulo.
No segundo volume da trilogia, Capítulo 5, Ernest Jones trata das
dissenções sofridas pelo movimento psicanalítico, dentre as quais
inclui o rompimento com Jung ( p. 146-160). VIENA DE FREUD E OUTROS ENSAIOS Bruno Bettelheim Rio de Janeiro: Campus, 1991 - 273 p. Ensaios
sobre Freud e a psicanálise. Na primeira parte, no ensaio Uma
assimetria secreta, o autor comenta o Diário de uma secreta simetria,
que apresenta a correspondência entre Sabina Spielrein, Freud e Jung
organizada pelo psicólogo junguiano Aldo Carotenuto.
Volume .. Título .. I ESTUDOS PSIQUIÁTRICOS Esse volume reúne os primeiros escritos psiquiátricos de Jung sobre os chamados fenômenos ocultos: -SOBRE A PSICOLOGIA E PATOLOGIA DOS FENÔMENOS CHAMADOS OCULTOS - (1902) -ERROS HISTÉRICOS DA LEITURA-(1904) -CRIPTOMNÉSIA - (1905) -DISTIMIA MANÍACA-(1903) Outros trabalho incluídos: -UM CASO DE ESTUPOR HISTÉRICO EM PESSOA CONDENADA À PRISÃO - (1902) -SOBRE A SIMULAÇÃO DE DISTÚRBIO MENTAL - (1903) -PARECER MÉDICO SOBRE UM CASO DE SIMULAÇÃO DE INSANIDADE MENTAL - (1904) -UM TERCEIRO PARECER CONCLUSIVO SOBRE DOIS PARECERES PSIQUIÁTRICOS CONTRADITÓRIOS (1906) -SOBRE O DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO DE FATOS Os
estudos que se contém nesse volume expressam a polêmica de Jung com o
modelo psiquiátrico vigente e a tendência de seus estudos e pesquisas. .. II ESTUDOS EXPERIMENTAIS Contém
as contribuições de Jung aos "Estudos diagnósticos de associações",
cujas principais experiências foram realizadas, sob a sua direção, na
clínica psiquiátrica da Universidade de Zurique, a partir de 1902 e
publicados entre 1904 e 1910. Outros estudos incluídos referem-se aos
trabalhos de "Pesquisas Psicofísicas" (1907-1908). .. III PSICOGÊNESE DAS DOENÇAS MENTAIS Os
artigos integrantes desse volume pertencem à fase das primeiras
publicações de Jung e, na sua maioria, abordam temas psiquiátricos, de
modo particular a esquizofrenia. .. IV FREUD E A PSICANÁLISE Reúne
os principais escritos de Jung sobre Freud e sobre a psicanálise,
destacando as mudanças do seu ponto de vista sobre a ciência freudiana.
Contém uma análise detalhada sobre as idéias fundamentais de Jung e as
suas diferenças em relação às de Freud. .. V SÍMBOLOS DA TRANSFORMAÇÃ0-Análise dos primórdios de uma esquizofrenia Versão
completa e definitiva de uma das mais importantes e avançadas obras de
Jung, publicada em 1952. O texto original, denominado, Símbolos e
transformações da libido data de 1911-12. A elaboração da versão
definitiva se estendeu por quase 40 anos. Esse escrito, em que Jung
abandona a terminologia da psicanálise e da psiquiatria da época,
assinala o ponto de sua ruptura com Freud. .. VI TIPOS PSICOLÓGICOS Publicado
em 1921, contém a teoria junguiana sobre as diferenças entre as pessoas
e suas relações com o mundo. Nele, o autor faz incursões pelo campo da
arte, da filosofia, da mitologia, da religião e do simbolismo para
fundamentar as suas idéias. É um dos textos mais conhecidos e
divulgados de Jung. A sua elaboração, nas palavras do autor, demorou
quase vinte anos para ser concluída. .. VII ESTUDOS SOBRE PSICOLOGIA ANALÍTICA Reúne dois estudos publicados independemente: - Psicologia do Inconsciente - Vol VII/1 Nesse
tomo, Jung discute as concepções de Freud e de Adler sobre o
inconsciente, ao mesmo tempo em que apresenta uma introdução à
psicologia do inconsciente, fundamentada nos arquétipos do sonho. O
texto, publicado inicialmente em 1912, foi modificado ampla e
sucessivamente ao longo dos anos, inclusive quanto ao título. - Eu e o Inconsciente - Vol VII/2 Publicado
em 1928, resulta de uma conferência proferida em 1916, subordinada ao
tema "A Estrutura do inconsciente". O trabalho original está incluído
no apêndice desse tomo. O texto é uma introdução aos conceitos
fundamentais da Psicologia Analítica.
VIII A DINÂMICA DO INCONSCIENTEOs
textos desse volume expõem os conhecimentos fundamentais e as hipóteses
de trabalho de Jung, o que permite conhecer a sua posição
epistemológica. Destacam-se os seguintes trabalhos: a energia psíquica;
a função transcendente;,a teoria dos complexos; o significado da
constituição e da herança para a psicologia; determinantes psicológicas
do comportamento humano; instinto e inconsciente; a natureza do
psíquico; psicologia do sonho; os fundamentos psicológicos da crença
nos espíritos; o real e o supra-real; as etapas da vida humana; a alma
e a morte; sincronicidade. .. IX - 1 OS ARQUÉTIPOS E O INCONSCIENTE COLETIVOEncontra-se em fase de tradução para o português. .. IX - 2 AION - Estudos sobre o simbolismo do Si-mesmoO segundo tomo do volume IX das obras completas de C.G.Jung contém uma extensa monografia sobre o arquétipo do Si-mesmo. .. X PSICOLOGIA EM TRANSIÇÃOReúne
estudos sobre a relação do indivíduo com a sociedade, tendo como ponto
de partida o escrito Sobre o Inconsciente(1918), em que Jung expõe a
teoria de que o conflito na Europa, naquela época, tinha a sua origem
no inconsciente coletivo, influenciando grupos e nações. A partir desse
trabalho, o autor escreveu ensaios que retomam e aprofundam os temas
abordados. O volume inclui, ainda, o texto Um mito moderno: Sobre
coisas vistas no céu(1958). Nesse trabalho, Jung considera o mito como
uma compensação pela unilateralidade de nossa era tecnológica, cuja
tendência preponderante é cientificista. .. XI PSICOLOGIA DA RELIGIÃO OCIDENTAL E ORIENTALContém
os principais estudos de Jung sobre o fenômeno religioso e a sua
importância para o desenvolvimento psicológico do homem. Os ensaios
contidos neste volume abordam a religiosidade oriental e ocidental, por
meio dos quais o autor mostra que subjacentes a todas as religiões
estão conteúdos arquetípicos, representações primordiais da alma humana. ..
XII PSICOLOGIA E ALQUIMIA Reúne
os principais estudos de Jung sobre a alquimia, em que faz relação
entre os processos alquímicos e o desenvolvimento da personalidade. .. XIII ESTUDOS ALQUÍMICOS Encontra-se em fase de tradução para o português. .. XIV MYSTERIUM CONIUNCTIONIS Publicada
em dois volumes (XIV/1 e XIV/2), essa obra contempla os estudos
avançados de Jung no campo da alquimia, em que ele mostra que a
alquimia antecipa parte da problemática do homem moderno. O subtítulo
do volume "Pesquisas sobre a separação e a composição dos opostos
psíquicos na Alquimia" indica a idéia central do trabalho: a unificação
ou superação dos opostos. .. XV O ESPÍRITO NA ARTE E NA CIÊNCIA Nesse volume estão publicados os ensaios de Jung sobre: -Paracelso (1929) -Sigmund Freud, um fenômeno histórico-cultural (1932) -Sigmund Freud (1939) -Richard Wilhelm (1930) -Relação da psicologia analítica com a obra de arte poética (1922) -Psicologia e poesia (1930) -Ulisses, um monólogo ( 1932) - Refere-se à obra de James Joyce. -Picasso (1932) .. XVI A PRÁTICA DA PSICOTERAPIA Contém
trabalhos sobre questões relativas à prática da psicoterapia. Na
primeira parte trata, o autor trata dos problemas gerais:princípios
básicos da prática da psicoterapia; o que é psicoterapia; alguns
aspectos da psicoterapia moderna; os objetivos da psicoterapia; os
problemas da psicoterapia moderna; psicoterapia e visão do mundo;
medicina e psicoterapia; psicoterapia e atualidade; questões básicas da
psicoterapia. E na segunda, aborda os temas específicos:o valor
terapêutico da ab-reação; aplicação prática da análise dos sonhos; a
psicologia da transferência. .. XVII O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE Esse
volume reúne os trabalhos de Jung sobre psicologia infantil, cuja parte
mais importante é constituída por três preleções sobre "Psicologia
Analítica e Educação" Foram incluídos também os ensaios "O casamento
como relacionamento psíquico" texto que tem sido amplamente estudado e
debatido nas questões de terapia de casais. Outro estudo
incluído:"Sobre a Formação da Personalidade". .. XVIII ESCRITOS DIVERSOS XVII/1 -Fundamentos de Psicologia Analítica Reúne
as cinco conferências proferidas por Jung, na Clínica Tavistock, em
Londres. em 1935. Nessas textos, Jung faz um introdução ampla aos
princípios fundamentais de sua psicologia. Dentre os ouvintes dessas
conferências encontravam-se médicos, psiquiatras, psicanalistas
freudianos, etc. É interesssante registrar que o psicanalista Wilfred
R.Bion esteve presente, pelo menos, às duas primeiras exposições.No
texto estão registradas as intervenções que fez. Os demais textos que
compõem este volume estão em fase de tradução para o português.
OUTRAS OBRAS DE C.G.JUNG PUBLICADAS EM PORTUGUÊS
HOMEM E SEUS SÍMBOLOS (O) Editor:Carl G.Jung e, após a sua morte, Marie-Louise von Franz Edição especial brasileira Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 317 p. Nesse
livro, Jung acentua que o homem só se realiza através do conhecimento e
da aceitação do inconsciente - conhecimento que ele adquire por
intermédio dos sonhos e seus símbolos. Trata-se do único trabalho de
Jung destinado a explicar ao público leigo a sua maior contribuição ao
conhecimento da mente humana: a sua teoria a respeito da importância do
simbolismo. Particularmente, o simbolismo dos sonhos. HOMEM À DESCOBERTA DA SUA ALMA (O) Porto: Livraria Tavares Martins, 1975. Livro
publicado originariamente em francês-"L'HOMME À LA DÉCOUVERTE DE SON
ÂME". No prefácio que escreveu, em setembro de 1943, Roland Cohen
declara que a obra destinava-se a apresentar ao público francês o
essencial da psicologia de Carl Gustav Jung, reunindo os trabalhos que
expunham as bases de sua obra: LIVRO I - EXPOSIÇÃO I - O problema fundamental da psicologia contemporânea II- A psicologia e os tempos presentes LIVRO II - OS COMPLEXOS III-Introdução à psicologia analítica - Primeira parte: Psicologia geral IV-Introdução à psicologia analítica - Segunda parte: Os complexos V- Considerações gerais sobre a teoria dos complexos
LIVRO III - OS SONHOS VI-A psicologia do sonho VII-A utilização prática dos sonhos VIII-Introdução à psicologia analítica - Terceita parte: Os sonhos MEMÓRIAS, SONHOS E REFLEXÕES Compilação e prefácio de Aniela Jaffé Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1989. 361 p. Testemunho
que Jung dá de si mesmo. No prólogo ele afirma "A minha vida é a
história de um inconsciente que se realizou". A leitura desse livro é
imprescindível para uma compreensão adequada da personalidade do
criador da psicologia analítica.
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