Nascido no Ceará, Antônio Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, não possuía emprego fixo. Viajava pelo nordeste onde acabou ganhando fama de milagreiro. Foi acusado de assassinato na Bahia, mas voltou para lá ao ser julgado inocente. Ligou-se a campanha de reformas e renovação espiritual da Igreja, mas logo foi proibido pela mesma de fazer pregações devido a sua crescente popularidade.
Em 1893 foi preso por não pagar impostos. Depois de libertado se dirigiu para Canudos, onde fundou uma comunidade cujos princípios eram propriedade comum das terras e divisão dos bens adquiridos. Antônio Conselheiro se transformou numa lenda que se espalhou por todo o país. A população do povoado chegou a 25/30 mil habitantes que recuperaram a região, criando rebanhos e plantando para o próprio consumo. O governo não tolerou essa iniciativa de independência e logo mandou tropas para controlar os "fanáticos". Foram necessárias umas três expedições para massacrar o povoado, apesar dos canhões e metralhadoras. Antônio Conselheiro foi assassinado e posteriormente decaptado, tendo sua cabeça sido enviada para estudos científicos. Sobre a Revolta de Canudos, Euclides da Cunha escreveu Os Sertões, livro que consagrou o autor.
Antônio Vicente Mendes Maciel (Vila do Campo Maior, 13 de março de 1830 — Canudos, 22 de setembro de 1897), mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro, foi um líder social brasileiro.
Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897.
A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.
Infância e vida no Ceará
1830 – Nasce Antônio Vicente Mendes Maciel, no dia 13 de março de 1830, na Vila de Quixeramobim, interior do Ceará, então um pequeno povoado perdido em meio à caatinga do sertão central da paupérrima província do "Ceará Grande". Desde o início da vida, seus pais queriam que Antônio seguisse a carreira sacerdotal, pois entrar para o clero era naquela época uma das poucas brechas que os pobres teriam para ascender socialmente. Com a morte de sua mãe, em 1834, a meta de transformar Antônio Vicente em padre tem seu fim. Seu pai casa-se novamente; há registros de que a madrasta espancava e maltratava o menino severamente
1855 – Morre o pai de Antônio, e ele é obrigado a abandonar os estudos e assumir o comércio da família aos 25 anos de idade; malogram de vez quaisquer sonhos sacerdotais. Estes negócios não vão nada bem (mais tarde Antônio será processado devido a não quitação de suas dívidas)
1857 – Antônio casa-se com Brasilina Laurentina de Lima, jovem filha de um tio seu. No ano seguinte, o jovem casal muda-se para Sobral, onde Antônio Vicente passa a viver como professor do primário, dando aulas para os filhos dos comerciantes e fazendeiros da região, e mais tarde como advogado prático, defendendo os pobres e desvalidos em troca de pequena remuneração. Passa a mudar-se constantemente, em busca de melhores mercados para seus ofícios; primeiro vai para Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte), depois Santa Quitéria e finalmente Ipu, então um pequeno povoado localizado bem na divisa entre os sertões pecuaristas e a fértil Serra da Ibiapaba.
1861 - Flagra a sua mulher em traição conjugal com um sargento de polícia em sua residência na Vila do Ipu Grande. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona o Ipu e vai procurar abrigo nos sertões do Cariri, já naquela época um pólo de atração para penitentes e flagelados, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do nordeste.
A Revista Ilustrada, de Angelo Agostini, veículo de propaganda republicana durante o Império, retratava Conselheiro de forma caricatural, com séqüito de bufões armados com velhos bacamartes, tentando "barrar" a República.
Exemplo de como a imprensa da época reagiu ao messianismo.
Peregrinações
- 1874
- No Sergipe, o
jornal O Rabudo traz a primeira menção pública de Antônio Maciel como
penitente conhecido nos sertões: Há seis meses que por todo o centro
desta Província e da Província da Bahia, chegado (diz ele) do Ceará,
infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antonio dos Mares.
O que, a vista dos aparentes e mentirosos milagres que dizem ter ele
feito, tem dado lugar a que o povo o trate por S. Antônio dos Mares.
Esse misterioso personagem, trajando uma enorme camisa azul que lhe
serve de hábito a forma do de sacerdote, pessimamente suja, cabelos mui
espessos e sebosos entre os quais se vê claramente uma espantosa
multidão de bichos (piolhos). Distingue-se pelo ar misterioso, olhos
baços, tez desbotada e de pés nus; o que tudo concorre para o tornar a
figura mais degradante do mundo. (O Rabudo, 22 de Novembro de 1874)
1876
-
Já famoso como "homem santo" e peregrino, Antônio Conselheiro é preso
nos sertões da Bahia, pois corre o boato de que ele teria matado mãe e
esposa. É levado para o Ceará, onde se conclui que não há nenhum
indício contra a sua pessoa: sua mãe havia morrido quando ele tinha
seis anos. Antônio Conselheiro é posto em liberdade e retorna à Bahia.
1877
-
O Nordeste do Brasil passa por uma das mais calamitosas secas de sua
história; levas de flagelados perambulam famintos pelas estradas em
busca de socorro governamental ou de ajuda divina; bandos armados de
criminosos e flagelados promovem justiça social "com as próprias mãos"
assaltando fazendas e pequenos lugarejos, pois pela ética dos
desesperados "roubar para matar a fome não é crime". Cresce a
notoriedade da figura de Antônio Conselheiro entre os sertanejos
pobres; para eles, Antônio Conselheiro, ou o "Bom Jesus", como também
passa a ser chamado, seria uma figura santa, um profeta enviado por
"Deus" para socorrê-los.
1888
– Fim da escravidão; muitos
ex-escravos, libertos e expulsos das fazendas onde trabalhavam sem ter
então nenhum meio de subsistência, partem em busca de Conselheiro
Arraial de Canudos- No Sergipe, o jornal O Rabudo traz a primeira menção pública de Antônio Maciel como penitente conhecido nos sertões: Há seis meses que por todo o centro desta Província e da Província da Bahia, chegado (diz ele) do Ceará, infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antonio dos Mares. O que, a vista dos aparentes e mentirosos milagres que dizem ter ele feito, tem dado lugar a que o povo o trate por S. Antônio dos Mares. Esse misterioso personagem, trajando uma enorme camisa azul que lhe serve de hábito a forma do de sacerdote, pessimamente suja, cabelos mui espessos e sebosos entre os quais se vê claramente uma espantosa multidão de bichos (piolhos). Distingue-se pelo ar misterioso, olhos baços, tez desbotada e de pés nus; o que tudo concorre para o tornar a figura mais degradante do mundo. (O Rabudo, 22 de Novembro de 1874)
1876
- Já famoso como "homem santo" e peregrino, Antônio Conselheiro é preso nos sertões da Bahia, pois corre o boato de que ele teria matado mãe e esposa. É levado para o Ceará, onde se conclui que não há nenhum indício contra a sua pessoa: sua mãe havia morrido quando ele tinha seis anos. Antônio Conselheiro é posto em liberdade e retorna à Bahia.
1877
- O Nordeste do Brasil passa por uma das mais calamitosas secas de sua história; levas de flagelados perambulam famintos pelas estradas em busca de socorro governamental ou de ajuda divina; bandos armados de criminosos e flagelados promovem justiça social "com as próprias mãos" assaltando fazendas e pequenos lugarejos, pois pela ética dos desesperados "roubar para matar a fome não é crime". Cresce a notoriedade da figura de Antônio Conselheiro entre os sertanejos pobres; para eles, Antônio Conselheiro, ou o "Bom Jesus", como também passa a ser chamado, seria uma figura santa, um profeta enviado por "Deus" para socorrê-los.
1888
– Fim da escravidão; muitos ex-escravos, libertos e expulsos das fazendas onde trabalhavam sem ter então nenhum meio de subsistência, partem em busca de Conselheiro