Adriano O Monstro de Passo Fundo serial killer




O Monstro de Passo Fundo
Entre os meses de março de 2003 a janeiro de 2004, surgiram na cidade de Passo Fundo, RS, boatos de que um assassino serial estaria agindo pela cidade. Mês a mês, em casos até então tratados como isolados, outro e mais outro menino era morto e violentado em algum ponto da periferia da cidade. A cada novo crime, aquilo que parecia boato ganhava contornos de realidade. Novos relatos chegavam de outras cidades da região, espalhando temor na população. Dez meses se passaram, com um total de 14 meninos assassinados ou desaparecidos na região. A polícia insistia que não havia ligação entre os casos. O medo transformou-se em revolta no fatídico 6 de janeiro de 2004, quando um paranaense de nome Adriano da Silva foi preso, assumindo a autoria de 12 homicídios, seis na cidade e outros seis em Soledade, Lagoa Vermelha e Sananduva (mais tarde, mudou o depoimento e assumiu oito crimes). Terminava ali a saga de sangue e dor espalhados pelo Monstro de Passo Fundo, um psicopata doentio e terrível, que escolhia suas vítimas, sempre meninos com idade entre 8 e 13 anos, entre a população pobre das periferias das cidades por onde andou.



As várias versões do Monstro

Na primeira versão apresentada, Adriano confessava o assassinato de 12, dos 14 meninos encontrados mortos na região norte do estado do Rio grande do Sul naquela época. O depoimento provocou alvoroço nas autoridades policiais da cidade, já que o criminoso confessava crimes até então atribuídos a outras pessoas. “A polícia de toda a região está sendo surpreendida, pois Adriano assumiu a autoria de crimes considerados esclarecidos, com inquéritos policiais encerrados e com pessoas já indiciadas”, dizia o jornal “O NACIONAL”, de Passo Fundo, em uma de suas edições. Prova disto é que a prisão de Adriano trouxe a Passo Fundo o delegado João Paulo Martins, então chefe do Departamento Estadual de Investigações Criminais. Foi ele quem concedeu a primeira entrevista coletiva, quando contou detalhes do depoimento do maníaco. Adriano disse à polícia que era procurado desde 2001, quando teria escapado de uma cadeia no Paraná, onde cumpria pena de 27 anos pela morte de um taxista. Desde então, circulou pelo interior gaúcho sob nomes falsos e vivendo de bicos.
Com frieza e sem demonstrar, em nenhum momento, arrependimento, confessou os crimes. Ele dizia apenas que o autor dos crimes não era ele, mas outro homem que estava dentro de seu corpo. Disse que teria cometido o primeiro da série de crimes contra meninos em agosto de 2002. A vítima escolhida foi Éderson Leite, 12 anos, que vendia rifas na cidade de Lagoa Vermelha. Depois, passou por Soledade, onde matou o menino Douglas de Oliveira Hass, 10 anos, cujo corpo foi escondido sob a churrasqueira de uma casa abandonada e encontrado apenas após a confissão do assassino. Outras três crianças foram mortas naquela cidade na época, mas os crimes foram atribuídos a traficantes.
Com o cerco apertando contra ele em Soledade, Adriano mudou-se para Passo Fundo, onde teria chegado no início de 2003, quando passou a frequentar locais como o Parque da Gare, onde se alimentava e dormia com moradores de rua. Mais tarde, alugou uma casa no bairro Santa Marta, região em que aconteceram quatro, dos seis crimes cometidos pelo maníaco na cidade.

As falhas de investigação policial são responsáveis por alguns assassinatos do Monstro                              




Adriano da Silva, matou várias crianças sem ser importunado. A polícia, na verdade, nunca descobriu o assassino. Ele só foi preso porque o avô de uma das crianças, policial militar aposentado, investigou por conta própria, localizou o matador e o levou à delegacia local.  Mesmo assim a polícia da cidade gaúcha foi preconceituosa. É o mínimo que se pode dizer de cada um dos integrantes da força policial de Passo Fundo. Ao serem confrontados com o então suspeito, liberaram-no. Detalhe: o criminoso estava sem documentos. A família, revoltada com o tratamento dispensado ao caso, começou a reclamar. Os policiais, então, passaram a espalhar pela cidade que o avô do menino desaparecido era 'louco e tomava Gardenal', além de outras bobagens. 
Incompetente. Nada qualifica melhor o delegado Márcio Zachello, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul. A Revista ÉPOCA abordou este assunto, na edição número 292, apontando que o principal suspeito era Adriano da Silva - até porque ele havia sumido da cidade depois de ter sido liberado na delegacia, momento a partir do qual os crimes cessaram. O delegado minimizou a suspeita e justificou o comportamento do monstro à editora Eliane Brum, autora da reportagem: 'Ele só não apareceu porque ficou com medo ao ser ameaçado pela família do menino'.
Arrogante. A pecha cai muito bem ao secretário de Segurança do Paraná, Luiz Fernando Ferreira Delazari. 

Adriano da Silva era foragido da prisão de União da Vitória, PR, condenado a 27 anos de detenção por matar um taxista a facadas, mas seus dados não estavam no Infoseg, o cadastro nacional que lista 7,5 milhões de criminosos, pois a Secretaria de Segurança resolvera, por conta própria, limpar seu banco de dados. A justificativa: para o governo paranaense era que o sistema nacional apresentavaa problemas e o melhor seria deixar seus dados à parte. Se o Infoseg é pior do que o sistema paranaense, não se sabe. Mas fica muito claro que, por conta dessa atitude, uma investigação foi atrasada e um assassino ficou solto por muito mais tempo que deveria.
Omisso. Assim se pode tachar o comportamento do diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, no caso. Assassinatos em série não devem ser deixados na mão de policiais do interior, sem recursos humanos ou de perícia, cometendo uma trapalhada atrás da outra. A necessidade de ter a PF envolvida a fundo nessas situações fica ainda mais evidente quando se lembra que a polícia de Passo Fundo prendeu um representante comercial e apontou sete adolescentes como responsáveis por dois dos assassinatos.
O maníaco contou aos delegados que só atacava meninos de origem humilde, geralmente encontrados nas ruas, e empregava a mesma técnica para matá-los: atraía os adolescentes até locais desertos com a promessa de que ganhariam dinheiro em troca de pequenos serviços.
Chegando ao local escolhido, geralmente os nocauteava com golpes de muay thai, uma das paixões do assassino serial. Com as vítimas inconscientes, Adriano as estrangulava com pedaços de corda.
Em pelo menos três, dos doze casos atribuídos a ele, manteve relações sexuais com o cadáver da vítima. A mente criminosa e perversa o traía, já que com isso Adriano estava deixando no corpo dos meninos a prova que a polícia precisava para prendê-lo, o próprio DNA. 
Em certo depoimento, quando perguntado por um delegado sobre porque agir com tamanha brutalidade, Adriano teria respondido que sentia “uma vontade íntima, um vício de matar”.
Fonte: Jornal O NACIONAL e Revista ÉPOC

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