O KAVERNISTA EDY STAR


                                                  Edy Star
Edy Star (nascido Edivaldo Souza em Juazeiro, Bahia, em 1938) é um cantor, ator, dançarino, produtor teatral e artista plástico brasileiro.Começou sua carreira artística em Salvador no início da década de 1960 e ganhou notoriedade por suas apresentações em boates no Rio de Janeiro e São Paulo, pela participação no disco Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (CBS-1971), juntamente com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Míriam Batucada, e por estrelar em 1975 a primeira montagem brasileira da peça Rocky Horror Show, produzida por Guilherme Araújo. Gravou um disco - Sweet Edy (Som Livre-1974) - só com músicas compostas especialmente para ele por nomes da MPB como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros.

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 É tido como o primeiro artista glitter (ou glam) do Brasil. Foi também o primeiro a assumir sua homossexualidade em público no meio artístico.
Morou quase 20 anos em Madri, na Espanha, onde trabalhou como mestre-de-cerimônias de um cabaré e também cantou, dançou e expôs seus trabalhos artísticos. Voltou a morar no Brasil em 2011.Nascido às margens do Rio São Francisco, em Juazeiro (BA), Edy Star vem de uma família de classe média de Salvador. O pai era escriturário, fotógrafo amador e atuava como juiz de futebol nas horas vagas. Sua mãe, dona-de-casa. Os dois se conheceram quando o pai de Edy foi apitar num jogo em Juazeiro. O relacionamento dos dois não era muito bem visto pela família do pai, mas ele acabou se casando e fixando residência em Juazeiro. Edy nasceu em 1938 e um ano depois a família se mudou para Salvador.


Com seu irmão e irmã, Edy teve uma infância agradável na capital baiana, vivendo numa ampla casa com quintal repleto de bananeiras, coqueiros e mangueiras. Sempre leu muito desde pequeno, de gibis a revistas como O Tico Tico, Edição Maravilhosa, Vida Infantil, etc, a publicações como Revista da Semana, O Cruzeiro e Revista Globo.Aos 17 anos, já tinha lido quase toda a literatura clássica juvenil, de Alexandre Dumas a Érico Veríssimo, de Monteiro Lobato a Charles Dickens, de Edgar Alan Poe a Jorge Amado. Sempre gostou muito de desenhar e assim aprimorou seu traço que anos mais tarde foram a base para sua carreira paralela como pintor.


Outra paixão de Edy é a música. Em sua casa, ouvia principalmente as rádios Nacional (do Rio de Janeiro) e Mayrink Veiga, além dos programas locais da Rádio Sociedade da Bahia - principalmente a Hora da Criança, que ia ao ar todos os domingos às 9 horas da manhã. Seu pai costumava levá-lo aos estúdios do programa, que era comandado pelo professor e jornalista Adroaldo Ribeiro Costa. Quando chegava em casa, improvisava microfone e palco no quintal, e cantava com seus dois irmãos.


A primeira experiência de Edy com o palco aconteceu quando ele tinha 13 anos (1951). Seu pai o observava nas sessões improvisadas de cantoria e o inscreveu no programa A Hora da Criança. Durante os ensaios, realizados no Passeio Público de Salvador, teve também aulas de teatro. Montavam operetas baseadas na obra de Monteiro Lobato e a primeira peça de Edy foi 'Narizinho', em que encarnou o Major Agarra-e-num-larga-mais, um sapo guardião do palácio das Águas Claras. Ganhou nessa época o apelido de 'sapo'.

Discografia  
1970 - Compacto (Matilda/Aqui é quente, bicho!)

1971 - Sociedade da Grã Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez (com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada)

1973 - Sweet Edy (Disco de Carreia solo)

1975 - Compacto (Baioque)

1975 - Trilha Sonora da Novela "Corrida do Ouro" (Música: A bem da verdade - de Zé Rodrix)

1979 - Zaza Big Circus (Produzido por Zé Rodrix)

2011 - Carrossel de Baco (Participação na Faixa 2)

2012 - 100 anos de Gonzagão (Canta 3 músicas no disco)

Carreira 
Começou a atuar profissionalmente no teatro em 1963, em Salvador, depois de sair da companhia de teatro infantil Hora da Criança e trabalhar como ator amador durante alguns anos em circos na Bahia. Entrou para a Companhia Baiana de Comédias (CBC), percorrendo o interior baiano e alguns outros estados nordestinos.
Foi indicado, em Recife, como um dos melhores atores itinerantes da região e acabou contratado em 1967 pela Prodarte para participar do musical Memórias de 2 Cantadores, atuando junto com Teca Calazans, Naná Vasconcellos e Geraldo Azevedo. A peça ganhou diversos prêmios no Festival de Teatro de Pernambuco (1968): Melhor Musical, Melhor Figurino e Melhor Conjunto.
Nessa época se aventurou na recém criada indústria de televisão, trabalhando como produtor artístico na TV Jornal do Commercio (Recife) e na TV Itapuã (Salvador), entre 1968 e 1971.

Encontro com Raul e a sociedade kavernista  
Paralelamente iniciou sua carreira como cantor nas rádios Sociedade da Bahia e Cultura da Bahia, onde conheceu Raul Seixas. No início, a relação de ambos não era das melhores. Raul era a atração principal da emissora (com seu grupo Os Panteras) e ficou enciumado ao ver o sucesso que Edy fez com sua versão histriônica de um sucesso da época, La Bamba. A presença de palco de Edy conquistou muitos fãs entre os ouvintes e público (os shows eram ao vivo no estúdio da rádio), mas entre eles não estava Raul. No entanto, aos poucos, os dois foram vendo que tinham mais afinidades do que diferenças e a amizade logo se firmou.
Quando Raul foi contratado, em 1970, como produtor musical pela gravadora Columbia (CBS Discos), no Rio de Janeiro, levou Edy com ele. O primeiro trabalho da recém formada parceria foi a gravação de um compacto de Edy (que ainda não havia adotado 'Star' como sobrenome): no lado A, 'Aqui é quente, bicho', composição de Raul especialmente feita para Edy. No lado B, 'Matilda', produzida por Raul.


Em 1971, Raul, Edy, Sérgio Sampaio e Míriam Batucada se juntaram para gravar o disco Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10. O disco, inspirado no Sgt Pepper's dos Beatles e no compositor e instrumentistas americano Frank Zappa, foi lançado em setembro e completamente ignorado por público e crítica. Há muitas lendas em torno do disco e uma delas diz que Raul, Sérgio, Edy e Míriam gravaram as músicas às escondidas, à noite, sem que ninguém na CBS soubesse, e que por esse motivo Raul Seixas, então um bem-sucedido
 produtor da gravadora, teria sido demitido. “Isso é uma bobagem”, afirmou em entrevista para a revista Outra Coisa (edição de agosto de 2007). “O diretor-presidente entrou de férias e coincidiu. Ele não sabia mas o pessoal todo do estúdio de gravação estava lá, foi um trabalho profissional, não foi feito nas coxas. Infelizmente o disco não teve apoio, divulgação, nada. E também não vendeu, não chamou a atenção nem do público nem da crítica e encalhou nas lojas. Mas isso não foi privilégio nosso. O Araçá Azul, do Caetano, que é uma maravilha, também foi execrado quando foi lançado”, lembra. “E Raul não foi demitido. Tanto que no ano seguinte, em 1972, ele produziu o compacto Diabo no Corpo, de Míriam Batucada. Saiu tempos depois, numa boa, com um bom contrato em outra gravadora (RCA Victor).”

Edy vira Star 
Depois da experiência kavernista, Edy passou a cantar em cabarés e boates da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, no período entre 1972 e 1973, adotando o sobrenome 'Star'. O local era ponto habitual de artistas, jornalistas e intelectuais da época, e o show de Edy chamou a atenção da turma d'O Pasquim, que o elevou a condição de pop-star. Passou então a atuar em boates da zona sul carioca (como a badalada Number One) e em teatros de revista, além de temporadas em São Paulo (boate Up's). Foi contratado pela gravadora Som Livre, onde gravou em 1974 o disco Sweet Edy, com composições feitas especialmente para ele por nomes consagrados da música popular brasileira, entre os quais Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Foi contratado também pela Rede Globo de Televisão e participou de programas musicais na extinta Rede Tupi (1973-1976).Como artista plástico, tem no currículo mais de 30 exposições nos Estados Unidos e Europa, 16 das quais individuais e quatro Bienais. Seu penúltimo catálogo de obras tem prefácio escrito pelo escritor Jorge Amado. Suas obras estão em museus e coleções particulares brasileiras. Como artista plástico, Edy é verbete no Dicionário de Artes Plásticas do Brasil, de Roberto Pontual.Como cantor de Rock Glam, é verbete da enciclopédia ABZ do Rock Brasileiro, de Marcelo Dolabela (1987).


Frank-n-Furter de Rocky Horror Show  
Em 1975, foi convidado pelo produtor Guilherme Araújo (falecido em março de 2007) para fazer o papel de Frank-n-Furter, o cientista transsexual de Rocky Horror Show, na primeira montagem brasileira da peça de Richard O'Brien - realizada no Teatro da Praia, em Ipanema. Jorge Mautner traduziu o texto e foram convidados a participar nomes do rock nacional da época, como Wanderléia, Raul Seixas, Zé Rodrix e outros. Apenas Zé Rodrix vingou no elenco. Edy inicialmente recusou o papel por discordar da tradução sem adaptação para o Brasil das referências a filmes B de terror americanos e também por não gostar da indicação de Rubens Corrêa para a direção da peça. O papel principal ficou com Eduardo Conde. Faziam parte do elenco: Vera Setta, Betina Viana, Wolf Maia, Nildo Parente e Lucélia Santos.Vinte dias depois da estreia, Conde ficou doente e Guilherme Araújo retomou o contato com Edy para que ele assumisse o papel, com a missão de fazer o público rir - o que não vinha acontecendo. Uma semana depois, Edy assume o personagem de Frank Father e promove muitas improvisações, o que provocou reações contrárias de parte do elenco. Mas o público gostou da mudança e todos aderiram ao clima de chanchada.


Tomou gosto pela produção teatral e na década de 1980 passou a escrever e dirigir peças, como a comédia A Gargalhada do Peru, atuando ao lado de Leda Lúcia e Jorge Lafond em teatros do Rio de Janeiro e norte do país (1986-1988). Uma releitura sua do clássico O Belo Indiferente, de Jean Cocteau o levou em 1992 ao Festival de Teatro en Primavera de Madri, Espanha. Lá foi convidado com seu grupo a participar das comemorações dos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992). Decidiu então fixar residência na Espanha, primeiramente na cidade catalã e, depois, em Madri. Em 1995, ganhou os prêmios de Melhor Ator de Teatro Alternativo e de Grupo Revelação, com a peça Un Payaso Perdido en Madrid.
É contratado desde 1992 da 'casa de fiestas' (cabaré) Chelsea, em Madri, como diretor de shows.


Elke, Silvinho e Edy Star.

Foi convidado pela Secretaria de Cultura da Cidade de Sâo Paulo, para apresentar-se na Virada Cultural de Sâo Paulo, em maio de 2009, e por sua performance refazendo todo o disco "Sociedade da Grâ-Ordem Kavernista - Apresenta Sessâo das 10", foi considerado o Melhor Show do Palco 20 Anos sem Raul.. Vide:
Em outubro esteve em Santos - SP, com o show `Carrossel de Baco convida Edy Star*´, e esse espetáculo foi indicado ao Premio Plínio Marcos como Melhor Show Musical do Ano.Vídeos de seus espetáculos podem ser acessados no YouTube, bastando buscar `Edy Star´.

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Curiosidades  
O apelido de Bofélia foi dado por Raul Seixas durante o convívio de ambos nos programas de rádio em Salvador. Bofe é uma gíria do mundo gay que significa 'homem hetero'. Para Raul, Edy era a bicha mais macho que ele já conhecera.
Em 1975, para ajudar a promover o Baile dos Artistas no Teatro Vila Velha (Salvador), se candidatou a Rainha do Carnaval. Ficou em segundo lugar, perdendo apenas para a modelo Marina Montini, então musa do pintor Di Cavalcanti.
Edy já teve uma respeitável coleção de LPs e CDs - quase 5 mil - mas sem ter onde guardá-los, principalmente depois que foi morar em Madri, se desfez de boa parte deles, vendendo lotes de 50 a 100 discos por R$ 50 cada.
O blog (link abaixo) que Edy Star mantém desde 2006, é uma versão preliminar de sua biografia, com dados sobre sua vida pessoal, carreira artística e casos curiosos que viveu ao longo de cinco décadas. O título provisório da futura biografia é: "Me Atirei no Pau do Gato".

Raulzito, em 1988, um ano antes da morte do amigo
EDY COM RAUL

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