Fidêncio, o Gaúcho (personagen)


Fidêncio, o Gaúcho é um personagem fictício do gênero Western, criado pelo artista brasileiro Júlio Shimamoto

pedido de Mauricio de Sousa. Suas histórias foram publicadas pela primeira vez como tira no período de 1963-1965, no suplemento infantil Folhinha de São Paulo (do jornal Folha de São Paulo) . Em 1985 as histórias forma republicadas pela Editora Noblet, na revista Carabina Slim . 0 As histórias se passam ao final da Guerra do Paraguai (1864-1870), quando o ex-soldado gaucho Fidêncio passa a viver novas aventuras. O autor Shimamoto, que se inspirou no seriado do Zorro, oscilou entre uma trama de cangaço ou de gaúcho . Escolheu a segunda, pois, além de conhecer o Rio Grande do Sul, na época, segundo ele, o gênero nordestino já estava saturado na época .

Atualmente o personagem tem sido publicado pela Editora idependente Júpiter II (Ex-SM Editora) .

O herói da história é Fidêncio, que havia servido na Guerra do Paraguai. Gaúcho "bravo e arrogante, mas buenaço", Fidêncio jurara, após a guerra, que continuaria a combater o mal e as injustiças onde quer que as encontrasse. Até aí, é possível entender que Shimamoto construiu um faroeste, similar ao dos quadrinhos italianos (tipo Tex e Ken Parker) ambientado no Rio Grande do Sul. Pois, em suas andanças pela província do Rio Grande de São Pedro, Fidêncio combate bandidos, estancieiros inescrupulosos, índios hostis e contrabandistas - Shimamoto retrata o Rio grande do Sul como uma terra onde a bandidagem corria solta, não raro fazendo vítimas, e onde gente honesta precisa lutar para sobreviver num clima tão hostil. Fidêncio é o típico herói de faroeste: valente, bom de briga, bebe pouco e tudo faz para ajudar um amigo necessitado - e não descansa enquanto tudo não estiver bem no fim. E com direito, é claro, a um ajudante mirim.
O garoto Zoca entrou na vida de Fidêncio na segunda aventura da série. O garoto teve seus pais mortos por bandidos enquanto a família se dirigia a Cruz Alta. Fidêncio trata dos ferimentos que o garoto sofreu, e decide, após perseguir os bandidos que mataram os pais do garoto, levá-lo à casa do tio, em Cruz Alta. Zoca acaba se prestando como um companheiro de aventuras ao estilo do Robin, do Batman: o guri é teimoso, destemido e não raro se mete em encrencas. Ora Fidêncio trata de salvar sua vida, ora Zoca salva a vida do gauchão.

Algumas das tramas criadas por Shimamoto são verdadeiras aulas de história. Numa delas, Fidêncio ouve de um velho (que o aprisionara em uma aldeia) a história dos eventos que antecederam a anexação da Província Cisplatina (atual Uruguai), em 1816. Este episódio da história brasileira não costuma ser retratado nos livros escolares - quando fazemos referência à Província Cisplatina, preferimos falar da Guerra da Cisplatina, ocorrida de 1825 a 1828, que resultou na independência da província, que passou a se chamar Uruguai. Pois Shimamoto conta a história das guerras empreendidas pelo governo brasileiro - então ainda sob o reinado de D. João VI, antes da independência do Brasil - para anexar essa província, que fazia parte do domínio espanhol da região do Rio da Prata, ao território brasileiro.
Quanto aos índios, são retratadas as raças que habitavam a região do RS. Fidêncio acaba interferindo numa verdadeira guerra entre tribos para ajudar uma mãe índia e seu filho, que foram raptados por um rival do cacique. Quando falei em "índios hostis", não quis dizer, portanto, os índios de faroeste, aqueles que são massacrados pelos caubóis no final.
Um clássico das HQ brasileiras rrealmente imperdível!
A republicação da Júpiter II traz, como atrações adicionais, capas novas, desenhadas pelo próprio Shimamoto, que vocês podem ver aqui (com cores de Adauto Silva) - por sinal, consta que Shimamoto não pediu direitos autorais para republicar a obra - e ilustrações tipo pin-up do personagem, feitas por colaboradores: Márcio Rogério Silva, Paulo José, Edu Manzano, Adauto Silva e Laudo Ferreira Jr. Mas talvez um problema seja a diagramação das páginas, que precisou "deformar" o formato original de publicação. Os quadrinhos tiveram de ser rearranjados nas páginas para caber no formatinho. Aqui e ali, no meio das páginas, é possível encontrar as mensagens de "continua", onde param as páginas originais publicadas no formato do jornal.
O traço de Shimamoto é conhecido pela grande quantidade de detalhes que aparecem em seus quadrinhos - para percebê-los, é preciso apurar os olhos, principalmente os que estão acostumados a passar os olhos pelas páginas. E não estranhem, também, o Fidêncio ser retratado com traços próximos aos dos nipo-brasileiros; afinal, Shimamoto é descendente de japoneses, e notabilizou-se com histórias de temática oriental.
E há também algumas tramas que não ficaram resolvidas, como é o caso da trama apresentada no segundo número da série - quem era o bandido que queria se livrar de Fidêncio, e que raptou uma dançarina que foi pivô de um crime que Fidêncio estava resolvendo? Talvez essa trama não tenha sido resolvida por causa da interrupção da série, em 1965.

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